Quando o assunto criptomoedas surge em qualquer lugar, seja ele numa conversa com amigos, num anúncio de tv ou no noticiário tradicional, a primeira coisa que vem à sua cabeça é Bitcoin, não é? O Bitcoin foi a primeira grande criptomoeda e praticamente se tornou uma palavra sinônimo para o mundo das criptos. Para usar uma expressão popular, caiu na boca do povo. Para muitas pessoas – que obviamente não acompanham o blog da Bitso – investir em criptomoedas é investir em Bitcoins.
O Bitcoin é a principal e maior cripto hoje no mundo, tanto em volume transacionado, quanto é comprado e vendidos nas principais exchanges do mundo e em valor de mercado (preço vezes a quantidade total dos Bitcoins). Atualmente (em novembro/22) o preço de US$20.690 multiplicado pela quantidade atual de 19.200,912, o valor de mercado está ao redor dos US$397 bilhões. Apenas para se colocar em perspectiva com outras criptomoedas, a segunda colocada em valor de mercado é a Ether, que vale menos que a metade, 192 bilhões de dólares. A terceira colocada, a Tether tem praticamente 1/10 do valor de mercado do bitcoin, valendo em seu agregado US$83 bilhões.
O Bitcoin foi proposto em um whitepaper, uma espécie de artigo científico, em 2008 por um desenvolvedor de software chamado Satoshi Nakamoto, o que provavelmente é um pseudônimo para esconder sua real identidade. É uma moeda descentralizada, totalmente independente, digital/virtual, também conhecida como criptomoeda. Nenhuma instituição controla a rede Bitcoin e não está vinculada a um país, pois as transações podem ser realizadas usando a criptografia como camada de segurança sem a necessidade de uma autoridade emissora central, como um banco central por exemplo nas moedas tradicionais.
Antes de irmos para a resposta da pergunta do texto do porquê o Bitcoin ser tão caro, precisamos fazer a seguinte pergunta: Por que alguma coisa é cara? O que leva o preço de algo ser maior mesmo em relação aos pares daquele objeto?
A primeira coisa é entender como o preço de alguma coisa é formado, e para isso os economistas desenvolveram duas leis, a lei da oferta e da demanda, e o encontro de ambas essas leis dá o preço e a quantidade que equilibra oferta e demanda. Caso exista excesso ou escassez em um dos lados, seja da oferta ou da demanda, o preço será impactado. Ficou confuso? A leitura a seguir vai te esclarecer tudo!
As leis básicas da economia
Vamos começar falando do lado da demanda. Essa lei diz que o preço de determinado bem crescerá de forma proporcional ou não a quantidade demandada daquele bem. Ou seja, quanto mais gente quiser comprar algo, mais caro ele será. A lei da oferta diz que quanto maior for o preço mais os produtores daquela “coisa” irão ofertar.
É exatamente nessa interseção da quantidade produzida pela quantidade demandada e levando em consideração o custo de produção, que o preço de alguma coisa é determinado. Ambas as leis são coisas naturais e que estamos acostumados a ver em nossas vidas cotidianas.
E são exatamente variações tanto na demanda quanto na oferta que fazem que ocorram grandes variações de preço em alguma coisa. Um exemplo recente é o preço de petróleo, pois no curto prazo a oferta é fixa, não é possível aumentar muito a quantidade de petróleo produzida no mundo do dia pra noite, logo se a demanda volta a crescer pela diminuição da severidade da pandemia e sanções são aplicadas ao maior exportador de petróleo do mundo, a Rússia, logo o preço do petróleo vai subir e muito, pois houve um aumento de demanda e uma diminuição da oferta.
Agora que estamos equipados mentalmente com um dos modelos mais simples da teoria econômica vamos retornar ao mundo das criptos e aplicar a teoria à prática.
Por que o Bitcoin é tão mais caro que outras criptomoedas?
Como vimos, a questão da oscilação do preço reside na oferta e na demanda.
Primeiro vamos falar da oferta do Bitcoin, que como falamos mais cedo é fixa em 21 milhões de Bitcoins. Isto é, só poderão ser minerados 21 milhões de bitcoins ao longo de toda a vida da moeda, isto é, a oferta de Bitcoin é fixa no longo prazo.
Hoje existem em torno de 19 milhões de Bitcoins já minerados. Vamos entender um pouco melhor essa dinâmica da oferta de Bitcoins. Satoshi projetou a criptomoeda essencialmente como ouro digital e limitou a oferta máxima de Bitcoin para imitar a quantidade finita de ouro físico.
Vamos ver o lado da oferta…
Não vamos entrar muito nos pormenores técnicos do funcionamento do Bitcoin, se você teve a curiosidade e clicou no link do white paper do Satoshi, viu que as coisas podem complicar um pouco…
O número máximo de bitcoins que podem ser emitidos – minerados – é 21 milhões. Novos bitcoins são adicionados à oferta de Bitcoin aproximadamente a cada 10 minutos, que é o tempo médio que leva para criar um novo bloco na Blockchain. Por design, o número de bitcoins cunhados por bloco é reduzido em 50% a cada 210.000 blocos, ou cerca de uma vez a cada quatro anos. Hoje existem 19 milhões em circulação, cerca de 90% de todos os Bitcoins já foram minerados, portanto.
A cada 4 anos, em média, o número de novos bitcoins gerados cai pela metade! O famoso halving. Com o número de novos bitcoins emitidos por bloco diminuindo pela metade aproximadamente a cada quatro anos, o último bitcoin não deve ser gerado antes de 2140. Até lá a oferta continuará crescendo, mas em quantidade cada vez menor. O halving mais recente aconteceu em 2020 e, para ilustrar o processo, antes desse halving houveram 5.250.000 Bitcoins para serem minerados e após o mesmo o número caiu pela metade para 2.625.000.
No próximo Halving a oferta total de novas moedas cairá para 1,312,500 milhões de Bitcoins. A oferta tem um limite ainda não alcançado, mas a oferta marginal, ou seja, a quantidade de novos Bitcoins que a serem minerados, vai diminuindo.
Embora um máximo de 21 milhões de bitcoins possam ser minerados, é provável que o número de bitcoins em circulação permaneça substancialmente abaixo desse número. Os detentores de Bitcoin podem perder o acesso aos seus bitcoins, como perder as chaves privadas de suas carteiras Bitcoin ou falecer sem compartilhar os dados de acessos das suas carteiras.
Um estudo de junho de 2020 da empresa forense de criptomoedas Chainalysis estima que até 20% do Bitcoin já emitido pode estar permanentemente perdido, sendo então outro fator limitante para a oferta da moeda.
Agora vamos ver a demanda…
Infelizmente, a demanda do Bitcoin não é tão simples de se discutir quanto a oferta. Mas podemos voltar novamente à teoria econômica para pegarmos mais alguns insights. Mas precisamente no começo do século XX, onde os economistas da época desenvolveram a teoria da demanda por moeda.
A primeira coisa a ser entendida é que uma moeda ou metal precioso como o ouro, possui algumas funções, são elas:
- Reserva de valor: Você pode poupar seu capital usando a moeda;
- Transações: É possível pagar por bens e serviços a usando;
- Unidade de conta: Você utiliza a moeda para pensar no valor relativo de diversos bens;
- Especulação: Você pode especular achando que o valor de uma moeda pode subir em relação a outra.
Mas o que faz as pessoas demandarem moeda? O principal fator é a taxa de juros, que nada mais é que o preço do dinheiro. No caso do Brasil, se você quiser ter 100 reais em dinheiro vivo e não no banco rendendo, você deixa de ganhar a taxa Selic, a nossa taxa básica de juros. Logo, o seu custo de ter o dinheiro é a taxa de juros. Você pode preferir não gastar esse capital e deixar ele rendendo juros. Obviamente que outras demandas por moeda acontecem como por transações (paga fazer pagamentos) e demais questões cotidianas.
Existe sim um grande esforço pela adoção do Bitcoin como moeda corrente, ou seja, que ela seja usada rotineiramente para pagar por transações cotidianas, como comprar um pão, por exemplo. Contudo, o principal uso do Bitcoin tem sido para reserva de valor e especulação e partir desses dois pilares vamos conseguir responder a pergunta do título desse texto.
Como o valor do Bitcoin subiu tanto após o seu lançamento?
Agora é a hora de somarmos todos os conceitos que vimos acima, e analisar o que aconteceu com a explosão do preço do Bitcoin.
Sabemos que o preço do Bitcoin ficou praticamente zerado em relação ao que é hoje e começou a subir de forma mais pronunciada em 2016, e rompeu a marca de US$10.000 dólares por Bitcoin em 2017. Foi nessa época que o interesse pelo universo das criptos começou a ganhar mais força e um assunto que antes era apenas de conhecimento de alguns poucos especialistas caiu na grande mídia e diversas pessoas se interessaram.
Por ser a primeira cripto, é natural que o Bitcoin fosse a primeira a ser adotada de forma massiva, ou seja, a demanda foi a maior.
Mas o grande movimento aconteceu apenas no segundo semestre de 2020, levando a moeda para o patamar de US$60.000 e fazendo com que o valor de mercado do Bitcoin ultrapassasse US$1 trilhão de dólares, uma marca histórica e impressionante.
O que explica essa explosão no preço em 2020?
Uma razão para a grande apreciação é que houve um grande influxo de investidores institucionais que especulam, como fundos de pensão, endowments e fundos de investimento. Este não foi o caso durante o último mercado em alta em 2017, no qual o preço do bitcoin subiu cerca de 20 vezes para quase US$ 20.000, apenas para voltar aos US$ 3.000 um ano depois.
Em 2017, o ecossistema de criptomoedas foi dominado por investidores de varejo, muitos dos quais foram atraídos pela escassez do bitcoin e pelo fato de estar fora do sistema financeiro global. O mercado em alta de 2017 teve todos os sinais de uma bolha financeira clássica e investidores que estavam comprando “medo de perder” (FOMO – Fear of missing out).
Grandes nomes como o investidor bilionário Paul Tudor Jones e a gigante de seguros MassMutual investiram pesadamente em Bitcoin, ao mesmo tempo que até ex-pessimistas como JP Morgan agora dizem que o bitcoin pode ter um futuro brilhante.
Tudo isso ajuda a aumentar a confiança na criptomoeda e indica que ela está se tornando mais popular, aumentando a sua demanda, enquanto a oferta é limitada no curto, no médio e no longo prazo.
Outra explicação interessante: O Bitcoin como proteção contra a inflação…
Outro fenômeno interessante na demanda por Bitcoin é o fato de alguns investidores estarem usando a Cripto como uma forma de se protegerem contra a inflação. É o uso do Bitcoin como reserva de valor.
Além de todo esse entusiasmo geral, os impactos sociais e econômicos trazidos pelo COVID-19 levou a enormes pacotes de estímulo de governos de todo o mundo e muitos bancos centrais imprimindo mais dinheiro. Isso pode aumentar a inflação, o que, por sua vez, reduz o poder de compra das pessoas. De fato, o Federal Reserve dos EUA no ano passado sinalizou que seria um pouco mais tolerante com o aumento dos preços quando relaxou sua meta de inflação de 2%.
O mecanismo onde os investidores acreditam nessa proteção proporcionada pelo Bitcoin é bastante simples: diante dessa ameaça inflacionária, investimentos como Bitcoin estão sendo considerados uma reserva de valor. O número máximo de bitcoins que existirá é fixado em 21 milhões (a menos que o protocolo mude), e já existem cerca de 19 milhões de unidades em circulação. Como falamos anteriormente, a mineração de novas moedas também está diminuindo porque a recompensa que os mineradores de bitcoin recebem pela verificação de transações na blockchain diminui pela metade a cada 4 anos.
Como esse valor é calculado?
O valor do Bitcoin é dado pelo valor do último negócio que ocorreu em uma determinada exchange, por exemplo se existiu um vendedor e um comprador ambos no preço de US$38.000, logo o preço do Bitcoin será esse.
O perfeito equilíbrio entre oferta e demanda, num mercado onde o preço é determinado livremente pelos compradores e vendedores de acordo com as flutuações da oferta e da demanda. Lembre-se que essa cotação muda a toda hora, minuto e segundo. A oscilação das criptomoedas é muito grande, e com o Bitcoin não seria diferente.
Qual a expectativa de crescimento desta cripto?
Fazer previsões sobre para onde o preço de um ativo financeiro vai estar no futuro é tão ingrato quanto tentar adivinhar se irá chover daqui 2 anos às 15:00 numa determinada cidade, impossível.
Porém, usando as ferramentas teóricas que discutimos aqui hoje é possível construir algumas hipóteses:
- A oferta por Bitcoin é fixa;
- A mineração de novas moedas só irá diminuir.
- A demanda por Bitcoin pode continuar a crescer com mais adoção por parte de investidores institucionais que ainda não entraram;
- A adoção de tecnologias baseadas em blockchain e em Bitcoin para pagamentos só irá aumentar nos próximos anos, aumentando também a demanda pela criptomoeda.
Estamos diante de um cenário de mais demanda com uma oferta fixa, e já vimos que quem acomoda essa disparidade é o preço ,e normalmente para cima.
Mas, é importante ficar atento a fatores de mercado como o risco de uma correção forte nos ativos financeiros globais que gerem prejuízos aos investidores e os mesmos precisem reduzir suas posições em Bitcoins para arcar com os prejuízos de outros ativos, levando assim o preço para baixo. De olho nisso, combinado?
Agora que você já sabe um pouco mais sobre o preço do Bitcoin, que tal conhecer a Bitso? Você pode criar sua conta na Bitso agora mesmo, falar com nosso suporte pela Central de Ajuda e, claro, baixar o app e conferir como funciona!
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