Criptomoedas como proteção contra inflação: uma possibilidade real!

Imagem de nota de dolar se desintegrando atrás e uma moeda de cripto na frente.

Ao longo dos anos, as moedas nacionais enfrentaram momentos nos quais a inflação corroeu o poder de compra das famílias. 

Aqui no Brasil, tivemos episódios marcantes de hiperinflação em toda a década de 80 e início de 90, na qual os preços subiam diariamente e o salário recebido no começo do mês desvalorizava numa velocidade alucinante no decorrer das semanas seguintes. 

Com o Plano Real, em 1994, a inflação caiu bastante e começamos a ter um movimento dos preços considerado normal.

Mas e se a inflação voltar a esses patamares? É possível se proteger desse aumento desenfreado dos preços? A resposta vai te surpreender e um spoiler: uma das alternativas de proteção passa por ter criptomoedas na carteira. 

Como isso impacta o seu dinheiro?

Se formos até um dicionário e olharmos a definição de inflação vamos encontrar algo na linha de que é o aumento generalizado de preços em uma economia em um determinado intervalo de tempo. 

Isto é, o quanto o preço de tudo em nossas vidas, comida, alimentos, combustíveis, serviços e etc…, subiram em um determinado período (mês ou ano). Até aí o aumento de preços é um fator natural da economia e pode ser até um indicador positivo de consumo, emprego, etc.

Mas há pontos de alerta.

A inflação pode ser muito perigosa

O principal impacto da inflação nas nossas vidas é que ela afeta o nosso poder de compra, uma vez que nossos salários e demais rendas nem sempre se ajustam junto com a inflação. 

Vamos ver um exemplo prático disso. Imagine que você ganha R$1.000,00 por mês e gasta todo mês R$300,00 com alimentação. Em termos proporcionais, 30% do seu salário é gasto com comida. Ao final de um ano, a inflação registrada foi de 10%, e você continua ganhando os mesmos R$1.000,00, porém a comida subiu 10% indo para R$33,00. Agora seu gasto com comida é de 33% da sua renda e não mais 30%. Isso apenas na comida, se todo o resto subiu igualmente 10%? 

Logo seu poder de compra caiu para o equivalente a um salário de R$900,00 há 1 ano atrás. 

A inflação pode corroer o seu patrimônio 

O mesmo processo descrito de inflação impactando salários também acontece igualmente com a sua conta corrente. Afinal, se você tem dinheiro parado no banco o mesmo processo irá lhe acometer, ou seja, se um determinado ano a inflação subir 10% e a sua conta corrente não rende nada, você perdeu 10% do poder de compra do seu dinheiro ganho com muito esforço.

Outro fator muito importante é o fato de que a economia moderna é baseada em moedas que não possuem lastro e nem mesmo um controle rígido da sua quantidade na economia. Isto é, a moeda que circula não tem correspondente em ouro, prata ou qualquer outra coisa fisicamente finita em nosso planeta. O controle da quantidade de moeda fica a cargo dos bancos centrais. Esse tipo de moeda é denominada moeda fiduciária. 

O único fator que mantém seu valor é a confiança dos usuários e o fato de existir um governo por trás garantindo que ela é válida. 

E quando a quantidade de algo sobe muito, o valor cai! No final, a tal da inflação é o momento no qual a moeda perde valor em relação aos produtos e serviços que costumamos comprar, ou seja, o seu dinheiro perdendo valor ao longo do tempo. 

A inflação quando acelera é difícil parar 

Voltando ao mundo real, a inflação tem sido um processo bastante disseminado e estamos passando por um dos momentos de maior inflação da história econômica recente. O processo é bastante espalhado por todos os setores da economia e não existe um preço sequer que não esteja subindo.

Um processo que os economistas possuem uma denominação: alta difusão. Se a grande maioria dos preços de uma economia sobem rapidamente, isso afeta a relação com os demais preços. Por exemplo, se o combustível sobe muito o custo de um taxista também sobe na mesma proporção, logo o preço da corrida subirá, desencadeando um processo em que um preço afeta o outro. Combustível é um bem e corrida de táxi é um serviço; note a transmissão da inflação acontecendo entre, inclusive, setores diferentes da economia. 

Agora pegue o processo acima e expanda para toda a economia: gera-se uma verdadeira reação em cadeia de causa e efeito de um preço afetando outro. E um dos principais preços de uma economia também é afetado, o salário – este que é um custo nas empresas e, se elas tiverem condições disso, farão o repasse desse aumento de custos para seus consumidores, gerando mais alta de preços e com isso correndo o poder de compra. 

É igual o nosso exemplo da alimentação, só que com todos os bens da economia!

Como se proteger da inflação

Você sagaz leitor já deve ter chegado nesse ponto do texto se perguntando como você pode proteger o seu poder de compra disso tudo, não é mesmo? A forma mais usual é trocar dinheiro por ativos que rendem de forma igual ou acima da inflação. 

Antes da invenção das criptos existiam basicamente dois caminhos: (1) Ativos financeiros que rendem acima da inflação, como títulos do governo brasileiro que pagam inflação mais uma taxa de juros pré-definida e (2) commodities físicas como o ouro que normalmente acompanham a inflação. 

Ambas as formas têm riscos associados, a primeira é que um título do governo nada mais é que um empréstimo e existe o risco de crédito, isto é, que o governo não lhe pague aquilo que lhe deve e você fique sem nada. 

No segundo caso, pode ser que nem todos prefiram se proteger da inflação no ouro e com isso a demanda pelo metal não suba não mexendo no preço, e no fim das contas você não consiga se proteger da inflação, ou que até mesmo o preço caia abaixo daquilo que você pagou por riscos de mercado.

Usando criptomoedas para se proteger da inflação

Existe uma classe de criptos que tem ganhado muita proeminência que são as stablecoins, criptomoedas desenvolvidas para terem uma volatilidade bem menor que o Bitcoin e assim poderem ser usadas como meios de transação (pagar pagar uma pizza por exemplo) e reserva de valor segura (você pode poupar nessas moedas semobservar grandes variações de valor). 

Mas antes vamos a uma definição melhor de stablecoins: 

“Stablecoins são um tipo de criptomoeda cujo valor de mercado está atrelado ao valor de um determinado ativo. As stablecoins populares incluem Tether (USDT), que são lastreadas em uma base de 1:1 com o dólar americano. Isso significa que um USDT é o mesmo que um dólar. Se você quer investir no universo de criptomoedas mas tem medo da grande volatilidade, esse pode ser um excelente caminho”.

Stablecoins como um escudo contra a inflação

Como falamos anteriormente, as moedas fiduciárias do mundo são propensas à inflação, pois não são apoiadas por um bem físico ou commodity. Como a moeda fiduciária pode ser emitida por governos e bancos centrais, seu valor diminui lentamente ao longo do tempo à medida que mais dinheiro entra em circulação.

Por que então as stablecoins serviriam como proteção contra a inflação? É importante reconhecer que nem todas as moedas fiduciárias têm a mesma estabilidade de preços. Moedas fiduciárias “mais fortes” como o dólar americano ou o euro são geralmente mais desejáveis ​​devido às suas taxas de inflação relativamente baixas do que o real, por exemplo. 

Para simplificar, países com economias estáveis ​​ou em crescimento geralmente têm moedas fiduciárias mais resistentes à inflação. Mas como estamos vendo, nem mesmo essas fortalezas econômicas estão 100% livres de inflação, embora a taxa de aumento de preços seja menor do que vemos no Brasil, por exemplo.

O controle na emissão de moeda como refúgio

É aí que entram as stablecoins. Em muitas regiões do mundo, qualquer pessoa com conexão à Internet pode facilmente comprar stablecoins para proteger sua riqueza. Uma vez que o estoque das mesmas não é aumentado de forma desproporcional, assim o valor delas em relação a outras moedas deverá se manter estável ao longo do tempo.

As stablecoins podem ser a resposta para aqueles que desejam manter o poder de compra do seu dinheiro enquanto ainda têm a capacidade de realizar transações diariamente. Como seus preços são estáveis, eles podem ser usados ​​como um meio de troca confiável. Stablecoins também podem substituir o modo convencional de pagamentos internacionais que é atormentado por intermediários, taxas de transação, tarifas e etc. 

Essa mobilidade global do dinheiro via stablecoins pode ser a solução para habitantes de países onde a inflação torna o uso do dinheiro local uma tarefa hercúlea, pois a cada dia que se passa o dinheiro vai perdendo dinheiro, como na Argentina e Turquia por exemplo. 

Dólar na economia argentina?

No caso da Argentina, que é nosso vizinho, é latente o problema de inflação que faz com que eles procurem usar outras moedas que não sejam o peso argentino. A preferência para poupar é o dólar. Se a poupança for feita em pesos o dinheiro derrete em valor muito rápido. 

Segundo dados da OCDE, apenas no mês de março de 2022 a taxa de inflação foi de 6,72%! Ou seja, se você tivesse poupado 100 pesos, terminaria o mês com um poder de compra de 93,28 pesos. Imagina isso ao longo de um ano! 

Se os pesos fossem stablecoins o cenário seria muito diferente. Como todos os habitantes desses países sabem que suas moedas não tem muito valor, existe uma procura muito grande por dólares, logo os governos impedem ou limitam o acesso ao dólar, colocando controle de capitais. Como existem esses controles de capitais, a população acaba recorrendo ao mercado de câmbio paralelo onde se paga taxas muito piores que aquelas oficiais. 

Assim ,esses controles prejudicam ainda mais aqueles que simplesmente querem se proteger da inflação. 

Um universo de possibilidades

O uso de criptomoedas pode ser a solução para acessar uma moeda estável, que pode ser usada no dia a dia e ainda sim reter seu poder de compra e sem os controles do governo. 

A proteção contra a inflação é apenas mais uma das possibilidades abertas pelo universo das criptos, e que aqui na Bitso você encontra as principais stablecoins para também se proteger da inflação. Mas lembre-se, todo investimento tem risco e você precisa estar sempre atento a eles.

Vale ressaltar que muitas vezes o Bitcoin e outras altcoins são lembradas como proteção contra a inflação, por terem limites de emissão de novas unidades. Contudo, é preciso bastante cautela nessa análise, uma vez que a alta volatilidade de preços pode resultar numa ausência de proteção contra inflação, caso a cotação caia muito em determinado período, o que já aconteceu várias vezes ao longo da história recente.

Seja por meio de stablecoins ou de outras criptomoedas, é super importante considerá-las como uma forma possível de se proteger da inflação, mas conhecer também os riscos associados, beleza? O que não dá é para ver o seu dinheiro perdendo valor ao longo do tempo e ficar esperando sentado!

O Time Bitso é formado por especialistas em criptomoedas, garantindo informações seguras e precisas sobre o mundo cripto.