O que é mercado financeiro? E quais tipos de investimentos posso fazer nele?

O que é mercado financeiro e como investir?

Muitas vezes tratado como se fosse uma entidade monstruosa que tem vida e vontade própria, o mercado financeiro é, na verdade, um ambiente onde as pessoas fazem algum tipo de negociação envolvendo dinheiro. As possibilidades de negociações são bastante diversas, costumando envolver os chamados produtos financeiros, a exemplo de ações, títulos públicos e criptoativos.

Dentro desse ambiente de negociações existe um grande número de agentes, que são responsáveis pela operação e regulação desse mercado. Além disso, importante já saber que o próprio mercado financeiro possui camadas, podendo ser subdividido em segmentos diferentes principalmente no tempo de duração das operações financeiras.

Mas vamos com calma, dando um passo de cada vez. Com este artigo você vai viajar conosco por conceitos do mercado financeiro!

Mercado financeiro, um lugar para dar match?

Para realmente entender um conceito novo de maneira fácil e sem complicação, nada melhor do que uma boa comparação. No caso do mercado financeiro, isso não é diferente, sendo possível comparar o seu funcionamento com o do aplicativo Tinder.

Tinder é um popular aplicativo de relacionamento que funciona da seguinte forma: a pessoa tem acesso ao perfil de diferentes pessoas com base em seus interesses. A partir disso, quando alguém se interessa por algum perfil, é possível curti-lo. No momento em que essa curtida é correspondida, com duas pessoas se curtindo mutuamente, ocorre o famoso “dar match”.

No mercado financeiro, que também pode ser chamado de mercado financeiro e de capitais, a lógica é parecida com a do Tinder: as negociações são baseadas em interesses que precisam ser correspondidos de alguma forma. Para que uma negociação possa ser fechada, é necessário haver uma correspondência, mesmo que indiretamente, entre o(s) interesse(s) do(s) agente(s). 

Mas, diferente do Tinder, o “dar match” no mercado financeiro acontece em razão exclusiva do dinheiro e basicamente entre dois tipos de agentes: os deficitários e os superavitários. Por favor, não se assuste com esses termos, porque o significado é simples.

  • Deficitários são os que querem conseguir recursos;
  • Enquanto que os superavitários são aqueles que estão dispostos a emprestar recursos.

Desse encontro entre deficitários e superavitários, intermediado pelo mercado financeiro, é que acontece o match!

Entendendo o funcionamento do mercado financeiro

Para entender como funciona o mercado financeiro podemos continuar falando dos agentes que querem emprestar recursos (superavitários) e os querem pegar recursos emprestados (deficitários).

Basicamente temos que o agente superavitário procura alguma instituição financeira, um banco por exemplo, para saber a melhor forma de aplicar o seu dinheiro para que ele tenha rendimento.

Na instituição escolhida, ele recebe uma orientação sobre qual seria a melhor aplicação (algo que depende do momento do mercado, do perfil do agente e do próprio banco), como ações ou Bitcoin, por exemplo.

Por outro lado, o agente deficitário procura a mesma instituição para pedir um empréstimo. Sobre esse empréstimo será cobrada uma taxa de juros, o “preço do dinheiro”, que será maior do que a remuneração da aplicação realizada pelo agente superavitário. A diferença entre os dois é o chamado spread.

Todo esse processo possui o envolvimento de uma série de instituições e órgãos, que vão desde as instituições intermediárias até as autoridades monetárias e as autoridades de apoio, tudo para poder garantir a realização e a segurança das operações.

Quais são as instituições do mercado financeiro?

As operações no mercado financeiro são realizadas através e devido a determinadas instituições e órgãos que constituem o SFN (Sistema Financeiro Nacional). Dentre essas instituições, inicialmente podemos destacar as intermediárias, responsáveis por promover as negociações no mercado financeiro.

Bancos comerciais, bancos de desenvolvimento, bancos de investimentos, bolsas de valores, corretoras de valores, distribuidoras de títulos e fundos de investimentos são alguns exemplos de instituições intermediárias que existem no Brasil.

Falando das autoridades monetárias, estas são o CMN (Conselho Monetário Nacional) e o BACEN (Banco Central do Brasil)

CMN é o conselho de política econômica do Brasil, que define as diretrizes (regras de funcionamento) da política monetária, de crédito e de câmbio do país. Atualmente, a presidência da CMN é exercida pelo Ministro da Fazenda.

Sobre o BACEN, este é o órgão que executa, põe em prática as regras que regulam o SFN. São inúmeras as suas funções, destacando-se a gestão do SFN, a execução da política monetária nacional (o que envolve direcionar para onde a Selic vai) e a garantia da estabilidade dos preços. Além disso, o BACEN é considerado como o banco dos bancos.

Agora, em relação às chamadas autoridades de apoio, por vezes confundidas e chamadas de autoridades monetárias, existe a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), o BB (Banco do Brasil) e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

A CVM, órgão responsável pelas regras gerais para o bom funcionamento do sistema, é voltada ao mercado de ações e debêntures (títulos de dívidas). Já o BB, que até 1986 tinha funções de autoridade monetária, atualmente é um banco comercial, mas que é responsável pela Câmara de Confederação. Sobre o BNDES, trata-se de uma instituição de financiamento de longo prazo e investimento.

Todas essas instituições funcionam para estabelecer regras e executar operações que buscam deixar o sistema todo mais seguro e vigiado para todos, buscando evitar por exemplo que grandes problemas de origem privada – como um endividamento danoso aos clientes dos bancos – ocorram ou tenham efeitos muito amplos.

Os 4 diferentes segmentos do mercado financeiro

De maneira a simplificar o entendimento, o mercado financeiro pode ser dividido em diferentes segmentos:

  1. mercado monetário;
  2. mercado de crédito;
  3. mercado de capitais;
  4. mercado cambial.

Na prática, esses segmentos não são tão bem definidos, o que pode gerar algumas confusões na hora da classificação, já que as operações financeiras não são feitas isoladamente, pois possuindo inúmeras interações. Mesmo assim, importantes autores sobre o tema, como Alexandre Assaf Neto, consideram que essa divisão em segmentos oferece uma boa referência para o estudo do mercado financeiro.

Como já apresentado anteriormente, uma boa forma de diferenciar os segmentos do mercado financeiro se encontra no tempo de duração das operações de cada mercado. Isso pode ser melhor observado abaixo, por meio da apresentação do período de tempo envolvido e da atuação de cada um desses mercados.

1. Mercado Monetário

Envolve operações de curto e curtíssimo prazo, atuando no controle dos meios de pagamentos, ativos de alta liquidez, da economia.

2. Mercado de Crédito

Envolve operações de financiamento de curto e médio prazos, atuando em ativos permanentes e em capital de giro das empresas, formado basicamente por bancos comerciais e sociedades financeiras. 

3. Mercado de Capitais

Envolve operações de médio e longo prazos, e também de prazo não determinado, atuando em títulos representativos do capital das empresas (como ações) e em operações de crédito sem intermediação financeira (como comercial papers e debêntures)

4. Mercado Cambial

Envolve operações à vista e a curto prazo, atuando nas operações de conversão  (trocas) de moedas, sendo regulado pelo BACEN.

Criptomoedas no mercado financeiro

As criptomoedas, nome dado para moedas digitais descentralizadas, foram responsáveis por uma enorme revolução no mercado financeiro. Inicialmente com baixa aceitação e compreensão sobre o seu funcionamento, as criptos passaram a ganhar um número cada vez maior de adeptos, tornando-se uma opção viável e bem vantajosa.

Por meio das criptos, o fluxo de pagamentos pode ser realizado de forma descentralizada, não necessitando da presença de uma autoridade monetária controladora e mesmo de agentes intermediadores. O controle é feito pelas pessoas que utilizam as criptomoedas, funcionando com base em um consenso geral, com o compartilhamento de responsabilidades.

Atualmente as principais criptos do mercado são: Bitcoin (BTC), Ether (ETH), Ripple (XRP), Litecoin (LTC), Binance Coin (BNB).

Afinal, o que é o mercado financeiro?

O mercado financeiro não é uma entidade, é na verdade um ambiente bastante diverso, cheio de camadas, com diferentes agentes e segmentos. Esse ambiente atrai pessoas que querem fazer negociações envolvendo dinheiro, procurando emprestar e tomar emprestado, para “dar match”.

Todo o processo que envolve as mais diferentes negociações é realizado por meio de instituições, que atuam garantindo o funcionamento e a segurança das operações, formando o SFN. É claro que, na medida em que novas tecnologias surgem, a exemplo das criptos, a atuação dessas instituições acaba sofrendo modificações.

Além disso, para saber o que é “mercado financeiro”, mais fácil é entender as suas subdivisões, que compreendem o mercado monetário, de crédito, de capitais e cambial.

Para saber mais sobre o mercado financeiro e o mundo das criptomoedas, continue acompanhando a categoria de Finanças do blog da Bitso.

Milena Marques, tem 37 anos, fez MBA em Investimentos & Riscos pela FGV, atua no mercado financeiro há mais de 15 anos, tendo trabalhado em um grande banco de investimento e na Bolsa de Valores, e tem paixão por auxiliar em planejamentos financeiros e processos operacionais. Na Bitso, lidera a área de Operações Latam, sempre buscando eficiência e segurança nos processos. Além disso, é uma das responsáveis pelo Grupo de Mulheres atuando na representatividade desse grupo na indústria tecnológica / financeira.