Você já ouviu falar ou leu o termo “moeda fiduciária”? Apesar de a expressão ser raramente usada no dia a dia, esse tipo de moeda faz parte da rotina de todos nós desde sempre.
O seu salário é pago em moeda fiduciária, as compras de comida e roupas também, o cinema do fim de semana e até os rolês com os amigos. Sim! Moeda fiduciária é a moeda tradicional de um país, como o real e o dólar, emitida e controlada por seu governo.
Explicando de uma maneira mais técnica, moeda fiduciária é todo título, moeda ou documento sem valor intrínseco e que não tem lastro (garantia) em metais preciosos.
Alguns exemplos em circulação desse tipo de moeda são as cédulas de papel, as moedas de aço, cheques, notas promissórias e títulos. Ou seja, tudo o que tem valor financeiro de acordo com o “dinheiro” oficial usado por um lugar.
“El Salvador adotou o Bitcoin como moeda oficial do país. Isso a torna uma moeda fiduciária?” Na verdade, não! Apesar de os dois conceitos terem alguns pontos em comum — como o fato de não serem respaldadas em um commodity físico —, as criptomoedas têm origem e funcionamento bem característicos.
Por exemplo, as criptos não são controladas por nenhum governo, o que as torna um ativo descentralizado. Sua atribuição de valor também é diferente, atrelada a questões como oferta e demanda.
O fato é que, se você quer montar a sua carteira de moedas digitais, precisa de moedas fiduciárias para começar. Por isso, continue a leitura deste artigo e entenda melhor como funciona esse ativo financeiro, suas vantagens, desvantagens e relação com as criptomoedas.
O que é a moeda fiduciária?
Moeda fiduciária é todo “dinheiro” emitido e controlado por um governo e seu banco central.
Entre as principais características desse tipo de moeda estão:
- elas não são pareadas a commodities, a exemplo do ouro, da prata ou de outros metais preciosos;
- o seu valor é atribuído de forma implícita, tendo como base a definição do governo que a originou e a valorização que pessoas e entidades dão a esse ativo financeiro;
- sua aceitação é obrigatória no seu país de origem;
- elas não podem ser recompradas pelo seu emissor, nem trocadas entre si com a intenção de gerar mais valor;
- existem no meio físico e também no digital.
Quando esse tipo de moeda surgiu?
A moeda fiduciária também pode ser chamada de moeda fiat — e não, nada tem a ver com a empresa fabricante de carros! O termo vem do latim, e significa “faça-se”.
Apesar da origem do nome, a verdade sobre o seu surgimento se perde um pouco na história. Há atribuições da primeira moeda fiat do mundo ter sido emitida em papel entre os anos de 960 e 1279, durante a dinastia Song, na China.
Entretanto, também há registros do início da moeda fiduciária no ocidente em 1661, por um empresário da Estônia que tentou implementar o uso do dinheiro em papel na Europa Ocidental.
Por fim, existem apontamentos do surgimento das primeiras moedas fiduciárias nos Estados Unidos e no Canadá no começo do século XX, ocasião em que o dólar deixou de ter o seu lastro no ouro e ganhou valorização baseada na sua aceitação pela sociedade.
Como funciona a moeda fiduciária?
No que se refere ao valor, a moeda fiat funciona, basicamente, da seguinte forma: quanto mais ela é aceita como meio de pagamento, mais forte ela fica — tome como exemplo o dólar, que é aceito em diversos países além do seu de origem.
A moeda fiat também tem como base de funcionamento a sua utilidade, autoridade e confiança do governo, lembrando que ela é gerada e emitida pelo banco central do país originário.
Ao tornar sua aceitação obrigatória, e a sua não aceitação ilegal, o governo impõe o seu uso, definindo a moeda fiat como a unidade de riqueza, de reserva de valor e de meio de pagamento daquele lugar.
Quais são as vantagens e desvantagens da moeda fiat?
Assim como todo ativo financeiro, as moedas fiduciárias têm os seus pontos positivos e negativos.
Dentre as vantagens da moeda fiat que se destacam, estão:
- são em geral seguras, visto serem respaldadas por um governo;
- têm armazenamento e guarda simples;
- podem ser geradas novas unidades conforme a necessidade do emissor;
- têm aceitação no seu país de origem e, muitas delas, em outros lugares do mundo.
Quanto às desvantagens, as mais relevantes são:
- são passíveis de serem confiscadas;
- as transações realizadas com essas moedas podem ser revertidas;
- novas emissões podem gerar inflação para o país.
Comparativo com as vantagens e desvantagens das criptomoedas
Para que fiquem mais claros os pontos positivos e negativos das moedas fiat, vamos ver pontos importantes com as principais vantagens e desvantagens das criptomoedas para você fazer um comparativo.
Vantagens das criptomoedas
- são 100% digitais;
- facilmente auditáveis por qualquer pessoa;
- suas transações não são reversíveis;
- não podem ser falsificadas;
- em muitos casos, sua oferta é previamente determinada.
Desvantagens das criptomoedas
- ainda são pouco aceitas como meio de pagamento;
- a custódia (guarda) é de responsabilidade do seu detentor — por exemplo, a guarda das chaves privadas que dão acesso a elas, no caso de não se usar uma exchange;
- a validação das suas transações podem ser de alto custo.
O que são moedas lastreadas?
Nesse ecossistema financeiro, há mais um termo que você precisa conhecer, que são as moedas lastreadas.
As moedas lastreadas, como o próprio nome sugere, são aquelas que têm lastro, ou seja, garantia em algum bem durável, comumente metais preciosos.
Na prática, se um governo decide utilizar uma moeda lastreada, toda a emissão de cédulas e moedas de aço deve ser baseada no seu lastro. Ou seja, a geração de novos “dinheiros” deve ser proporcional à quantidade de lastro que possui para garantir o seu valor.
Vale apontar que a prática de guardar lastro para moedas já foi usada por países, mas praticamente desapareceu hoje: dólares, reais, libras… Nenhum deles é lastreado mais!
Quais as principais diferenças entre moedas fiduciárias e criptomoedas, e quando se relacionam?
Agora sim, com todas essas informações em mente, vamos destacar as principais diferenças e pontos comuns entre moedas fiduciárias e as criptos.
- Valor:
- moedas fiduciárias: atribuído por seu órgão governamental, pessoas que a utilizam e entidades, considerando também sua autoridade e confiança
- criptomoedas: baseado em questões externas, como oferta/demanda e acontecimentos do mercado
- Emissão:
- moedas fiduciárias: emitidas pelo banco central do país de origem
- criptomoedas: geradas em uma rede blockchain, a maioria por processos de mineração
- Controle e validação:
- moedas fiduciárias: feitos pelo governo e por seu banco central (são centralizadas)
- criptomoedas: realizados por sua comunidade (são descentralizadas)
- Poder de compra:
- moedas fiduciárias: obrigatoriamente aceitas em seu país de origem e algumas em outras regiões do mundo
- criptomoedas: ainda há limitação quanto ao seu uso como meio de pagamento em setor tidos como tradicionais
Um ponto no qual criptomoedas e moedas fiat se relacionam que precisa ser destacado é a definição de valor das stablecoins, que são moedas digitais cujo preço tem lastro em outro ativo, como uma moeda fiduciária.
Isso quer dizer que sua valorização está atrelada à moeda oficial de algum país, sendo a mais comum e utilizada o dólar — TrueUSD e a DAI são dois exemplos de criptos que têm valor equiparado a uma moeda desse tipo.
Pronto, está se sentindo craque sobre moedas em geral agora? Conte para a gente!