Saiba o que é Custo de Oportunidade e por que isso importa!

Custo de Oportunidade scaled

Economia é a chamada ciência dos recursos escassos e, quando nos deparamos com recursos limitados precisamos fazer escolhas. O mais democrático dos recursos é o tempo: todos temos as mesmas 24h por dia. 

Então, pergunta-se: o que você estaria fazendo se não fosse lendo este artigo?

Toda vez que você faz uma escolha, deixa algo para trás, porque não dá para fazer tudo ao mesmo tempo e também porque, de novo, os recursos são limitados. Aquilo que você deixa de fazer é o que podemos chamar de custo de oportunidade.

Quando você fica consciente de que cada escolha implica em uma renúncia, toma melhores decisões. Então vamos entender mais sobre custo de oportunidade neste artigo!

O que é Custo de Oportunidade?

Custo de oportunidade é o quanto, em alguma medida, alguma coisa que você deixou de fazer vai te custar enquanto outra coisa é feita. 

Importante notar que falamos em “alguma medida”, porque nem sempre você consegue colocar um custo de oportunidade por exemplo em termos financeiros. Existem análises desse tipo em que você considera outras coisas mais subjetivas, como a preferência que tem por alguma coisa frente a outra.

Mas, para resumir a ideia, custo de oportunidade é o que você está perdendo de mais valioso enquanto está fazendo outra coisa – ou, ainda mais diretamente: é o custo da melhor alternativa que você tinha frente ao que você escolheu.

Custo de Oportunidade na economia

Um dos aspectos que a economia mais fica de olho sempre é a capacidade que temos de produzir, de gerar algum valor, qualquer que seja. Então, quando olhamos para o custo de oportunidade na economia, estamos sempre olhando qual a relação existente entre as escolhas que tomamos e como isso impacta no que conseguimos produzir.

Podemos observar como isso funciona na prática pensando por exemplo na escolha que quem acabou de completar o Ensino Médio tem: começar a trabalhar para já ter experiência profissional ou prestar vestibular para melhorar o nível da educacional antes disso?

Note que essa escolha não é simples e depende de um monte de fatores. Considerando que uma pessoa tenha a possibilidade de escolher entre uma e outra e um cenário em que apenas as duas possibilidades existem, podemos chamar uma de custo de oportunidade da outra.

Ou, para não ficar confuso: quem escolhe começar a trabalhar tem como custo de oportunidade deixar de fazer uma faculdade e quem escolhe ingressar no curso superior tem como custo de oportunidade deixar de ganhar dinheiro no seu caminho na vida profissional.

Custo de Oportunidade nos investimentos

Se por um lado falamos que custo de oportunidade nem sempre é algo que conseguimos medir porque pode estar associado a várias questões que dependem de gosto e preferências, quando falamos do custo de oportunidade nos investimentos a questão é muito mais direta, pois envolve decisões que estão relacionadas a dinheiro.

Antes mesmo de apresentarmos sobre isso, um lembrete importante: essa análise aqui leva em conta que a pessoa já conheça o seu perfil de investimento, por isso as escolhas serão sempre em relação aos investimentos mais adequados a essa pessoa – desde a renda fixa para os iniciantes, passando pelos de renda variável para quem tem maior apetite por risco e até mesmo aqueles de risco elevado, indicados a pessoas de perfil arrojado de investimento.

Outro ponto que cabe ser apontado é o fato de que conforme o perfil de risco se eleva, a análise vai ficando mais complicada de ser realizada, ainda que seja possível fazer. E o motivo é bastante simples: quanto mais conservadora for a pessoa, mais ela estará investindo em renda fixa (que tem um fluxo de pagamentos mais previsível) e quanto mais disposta a risco, mais estará interessada em investir em ativos que variam muito.

Em todo caso, o custo de oportunidade nos investimentos leva em consideração quando se comparam alternativas para um mesmo perfil, de modo a passar a direta mensagem: se você tomar a decisão de investir em ‘A’ deixará de ganhar tanto em dinheiro que poderia se tivesse investido em ‘B’.

3 Tipos de Custo de Oportunidade

Independente de onde você estiver analisando um custo de oportunidade, com chances elevadas estará olhando para um dos três seguintes cenários: subjetivo, objetivo ou esticado. Os três podem acabar se misturando, mas cada um deles apresenta uma característica específica que o diferencia dos demais.

Custo de Oportunidade Subjetivo

Casar ou comprar uma bicicleta? Fazer faculdade ou começar logo a trabalhar? Esse custo de oportunidade é aquele que depende essencialmente de uma coisa muito difícil mas que não podemos deixar de executar na vida quando é possível: a liberdade de escolher com foco nas nossas próprias preferências.

O aspecto mais direto desse aqui é o fato de que você pode até tentar medir por alguma régua, mas sempre cairá no bom e velho “tomei essa decisão porque prefiro assim” – e não necessariamente consegue provar isso com números. E não tem problema nenhum nisso, basta ter a consciência de que a escolha foi efetuada desse jeito.

Custo de Oportunidade Objetivo

Sendo uma pessoa de perfil conservador de investimento, é melhor pegar o CDB daquele banco pequeno e desconhecido ou comprar Tesouro Selic? Neste caso aqui a escolha começa a ficar mais direta, porque leva em conta números e dinheiro de maneira muito mais objetiva.

O diferencial aqui é que geralmente estará relacionado a decisões únicas ou pontuais de investimento, em análises que podem sim se repetir, mas terão como foco aquela decisão com dados daquele momento em específico.

Podem aparecer alguns aspectos subjetivos neste caso? Sim, mas a ideia aqui é que, mesmo diante de informações que você não conheça completamente, consiga chegar a alguma medida porque faz estimativas do que deva acontecer no futuro com aquelas duas alternativas.

Custo de Oportunidade Esticado

Esse é um misto dos dois tipos anteriores, podendo envolver medidas que dependem mais de preferências e menos de números diretos ou mesmo de aspectos totalmente relacionados a métricas objetivas. A diferença neste é que os impactos não só são mais alongados como as análises são sequenciadas.

Muito provavelmente você terá contato com esse tipo quando houver alguma relação contábil e/ou empresarial, e isso significa que aquela análise que estiver sendo feita não ficará apenas restrita àquele momento. 

A compra de uma máquina ou outra, a decisão de ir em uma direção de marketing ou outra, a ideia de continuar investindo em um projeto ou outro… Aqui as decisões são contínuas e, muito provavelmente, encadeadas ao longo do tempo, levando a resultados que, como o nome bem indica, não são pontuais como nos dois casos anteriores mesmo se usarem como “base de decisão” o que usam os outros dois tipos.

Como calcular o Custo de Oportunidade? Exemplos ajudam!

Para calcular o custo de oportunidade é preciso que você tenha em mãos alguns dados que vão dar base àquilo. Como bem já discutimos aqui, nem sempre isso é possível, mas vamos considerar dois exemplos em que isso funciona porque levam em conta que os dados estão disponíveis: um do mundo dos investimentos e outro do mundo empresarial.

Exemplo 1: no que vou investir?

Uma pessoa de perfil conservador de investimento está diante de uma decisão: tem R$10.000 e precisa escolher entre colocar esse dinheiro em um CDB do Banco ABYZ que está pagando 115% do CDI com vencimento em um ano ou em uma LCI desse mesmo banco que paga 102% do CDI, com vencimento para o mesmo prazo. Considerando que estamos falando do mesmo banco, o risco é muito parecido.

Como deve ser feita a comparação? Olhando o quanto esse investimento deve render nos dois casos. Para facilitar a conta, vamos considerar que o CDI seja de 12% ao ano para esse período de um ano. Com algumas contas você vai perceber que a análise não envolve apenas olhar a porcentagem em relação ao CDI. Vamos aos breves cálculos!

CDB: R$10.000,00 vezes 115% do CDI, menos o Imposto de Renda a ser pago ao fim da operação (para facilitar, vamos supor que seja de 20%). Isso significa que o rendimento será de 11,04% ao fim do período, porque 115% do CDI representa 13,8% e tirar 20% desse rendimento com Imposto de Renda significa que ele será 11,04%. Os R$10.000,00 aqui viram R$11.104,00 ao final de um ano.

LCI: R$10.000,00 vezes 102% do CDI (e não tem Imposto de Renda a pagar, esse investimento é isento disso). Nesse caso então teremos um rendimento de 12,24%, pois é isso que 102% do CDI representam. Ao final do período, os R$10.000,00 nesse caso viram R$11.224,00.

Nesse caso então, temos a seguinte situação: o custo de oportunidade de escolher o CDB é de R$11.224,00, que é o que se teria de resultado escolhendo a LCI; e o custo de oportunidade da LCI é R$11.104,00, que é o quanto se encontraria ao final do período caso a escolha tivesse sido o CDB. Repare que aqui os critérios foram bastante subjetivos e o resultado é numericamente comprovável, o que é bem diferente de quando se olha para aspectos em que as preferências pessoais podem mudar os valores.

Exemplo 2: onde a empresa deve colocar mais dinheiro?

Imagine que você acabou de entrar no departamento financeiro de uma empresa e esteja sendo cobrado por duas partes diferentes que costumam sempre dar conflito (e já tinham problemas antes mesmo da sua chegada): a área de produção/logística e a de marketing.

De um lado, produção e logística dizem que está ficando cada dia mais complicado produzir e entregar as coisas, porque os recursos suficientes para isso não chegam, estariam no limite. De outro, marketing sempre pontua que não adiantará nada produzir mais e entregar mais eficientemente se as pessoas não conhecerem a empresa e os produtos.

Os dois pontos são válidos e você tem um mesmo orçamento que, em sendo de R$1.000.000, só pode ser usado na proporção 80-20 entre as duas áreas. E aí, como proceder?

Como sempre te contamos aqui no Blog da Bitso, quem busca a melhor informação toma a melhor decisão, ainda mais em um ambiente dinâmico. Então adicione os seguintes dados: o marketing acabou de fechar as vendas com um grande cliente e elas devem aumentar muito nos próximos tempos.

Tudo bem que no mundo empresarial as situações podem mudar com novas informações o tempo todo e a qualquer momento, mas levando em conta essa importante informação, as possíveis decisões seriam as seguintes:

  • Colocar 80% no marketing para trazer mais clientes (porque ter um grande cliente é bom, mas é sempre válido diversificar as fontes de receita) e 20% na produção/logística para melhorar as entregas que já devem acontecer com esse cliente grande que fechou;
  • Colocar 80% na produção/logística para se preparar para esse cliente grande (porque pior do que não vender é vender e não entregar) e 20% no marketing para trazer novos clientes, podendo ser essa porção menor porque o grande cliente já deve servir de “propaganda automática” para outros potenciais clientes futuros.

Sim, aqui os critérios também são bastante objetivos e baseados em dados que você quando chamado a tomar decisões terá de explicar com detalhes. Mas a diferença é que essa decisão não será única e exclusivamente associada a esse momento, porque antes dela muitas outras foram tomadas e os impactos dela trarão resultados diversos no futuro.

O que você pode ver de maneira bem direta é que, existindo apenas essas duas possibilidades, uma acaba sendo custo de oportunidade da outra.

Trade Off vs Custo de Oportunidade

Esses são dois conceitos da economia muito parecidos. Mas há uma diferença entre os dois: o primeiro trata do aspecto de escolher entre duas possibilidades e o segundo fala do que você perde quando escolhe uma delas.

O exemplo mais clássico que ajuda a entender essa diferença é o da escolha que uma pessoa faz diante de um feriado prolongado. Vamos supor que em função desse feriado ser em uma terça, a pessoa tenha o sábado, o domingo, a segunda e a terça para fazer uma das duas seguintes coisas: adiantar projetos de um trabalho que faz além do próprio emprego ou ir à praia.

Tradeoff é a escolha entre um e outro: dado que você tem essas duas opções e o tempo é o mesmo, vai escolher adiantar o trabalho paralelo ou curtir alguns momentos de lazer na praia?

Já o custo de oportunidade é quando você observa o que abre mão quando toma algum dos dois caminhos: se você escolher adiantar o trabalho, estará perdendo momentos de lazer com pessoas queridas, mas se a opção for pela ida à praia, vai acumular o trabalho que poderia fazer naquele tempo.

As duas coisas podem ser muito parecidas, mas se diferenciam pelo fato de uma mostrar os dois itens de uma escolha e a outra apresentar o que você deixa de fazer enquanto estará fazendo aquilo que decidiu fazer.

Custo de Oportunidade: o peso das suas escolhas

Entender a ideia que está por trás do custo de oportunidade é uma importante ferramenta para nosso dia-a-dia. Reconhecer que temos escolhas para fazer e compreender que necessitamos realizar algumas renúncias nos força a pensarmos sobre os nossos próximos passos. Indiretamente, somos forçados a estabelecer comparações sobre quais escolhas podem ser favoráveis e passamos a refletir sobre vantagens e desvantagens de se escolher A e não B. 

Por isso é que entendemos que o custo de oportunidade é um conceito central para expandirmos nosso raciocínio econômico permitindo que nossas decisões sejam tomadas com base em fundamentos racionais e mais sólidos. 

Quando você não pensa com mais cuidado nas decisões que toma, pode acabar escolhendo o que te frustra ou no mínimo faz pensar “eu poderia ter ido pelo outro caminho”. Mas quando começa a exercitar isso de maneira mais racional (mesmo que ainda subjetiva), vai aprendendo a tomar decisões de forma mais ponderada e equilibrada o que aumenta a probabilidade de fazer escolhas de que não se arrependerá futuramente.

Então, ficamos combinados assim: não se esqueça de conferir os demais conteúdos aqui no Blog da Bitso para tomar melhores decisões e entender direitinho quais são os custos de oportunidade, inclusive na compra de criptomoedas, beleza?

O Time Bitso é formado por especialistas em criptomoedas, garantindo informações seguras e precisas sobre o mundo cripto.