Estamos em um período único na história da humanidade quando o assunto são transações financeiras, pois nunca foi tão simples comprar ou vender algo. Um acordo que, até uma ou duas décadas atrás, costumava levar meses para ser fechado, agora leva apenas algumas poucas horas (ou mesmo minutos). Estamos diante de uma enorme evolução do dinheiro e é disso que vamos falar aqui.
Fatores como distância, burocracia e mesmo a inflação, que constituíam fonte de dor de cabeça durante negociações, possuem cada vez menos importância. Em tempos de criptomoedas, você, mesmo residindo no Brasil, pode facilmente comprar um Tesla Model S ou fazer uma importante doação para a ONG Save the Children, tudo isso sem se preocupar com a cotação do real ou com a demora para confirmar o depósito.
Apesar de toda essa maior facilidade, as coisas nem sempre foram assim, mas muito, muito pelo contrário. O caminho para chegar até as criptomoedas, assim como em outras facilidades do mundo financeiro atual foi longo, uma verdadeira evolução, nascida de uma necessidade que se aprimorou com o passar do tempo.
A evolução do dinheiro, como tudo começou?
No início da civilização, muitos séculos antes de Cristo, já havia a necessidade de povos ou aldeias realizarem algum tipo de troca entre si. Isso possui grande ligação com a agricultura, que se estima ter surgido há 12 mil anos, durante o período Neolítico, atividade geradora de excedentes que poderiam ser trocados de maneira conveniente.
Essa é a base do escambo, uma troca de excedentes, quando aquilo que um tem de sobra pode ser trocado com a sobra de outras pessoas. Isso pode ser melhor observado a partir de um exemplo. Vamos imaginar que existem duas aldeias: a primeira, na última colheita, obteve excesso de arroz, enquanto que a segunda acabou colhendo uma quantidade excedente de feijão.
Logo, o que seria mais vantajoso: continuarem com seus excessos ou rolar troca entre essas aldeias? Após uma simples troca, também chamada de escambo, ambas as aldeias têm o que precisam.
A ideia do escambo pode ser suficiente para satisfazer a necessidade de economias simples, mas se torna praticamente inviável para economias mais complexas. No exemplo das aldeias, tudo é feito com base nos excedentes. Porém, isso é muito restritivo, pois nada garante que a outra aldeia esteja realmente interessada em feijão ou em arroz.
Devido a esse tipo de restrição, surge a necessidade de haver algum bem, objeto ou produto que possa ser de interesse geral, podendo sempre ser utilizado para trocas. Essa é a base para a utilização das moedas.
Surgem as moedas: quanta diferença pro escambo!
O uso de moedas não é nada novo, com registros de sua utilização desde o século VII aC por povos antigos na Lídia (atual Turquia). Essas moedas representavam valores e eram geralmente feitas de metal. Mas nem todos os povos antigos faziam o uso de metais forjados como moedas, com as trocas sendo realizadas a partir de bens de origem primária (commodities).
Sal, gado bovino, cacau e até mesmo açúcar já foram utilizados como moeda. E essa utilização não ficou apenas nas commodities, com até mesmo tecidos tendo sido usados para a realização de trocas. Porém, nenhum desses bens se mostrou viável como moedas, esbarrando na importante tríade de funções necessárias para qualquer moeda: meio de troca, reserva de valor e unidade de conta.
Como guardar reserva de valor no gado? Uma doença que porventura acabe afetando as cabeças de gado deixaria a “moeda doente” literalmente. E no caso do sal, como fazer unidade de conta? Levaria dias ou semanas para fazer simples operações com base em quantidades de sal.
Foi assim que as moedas metálicas acabaram preenchendo os requisitos de meio de troca, reserva de valor e unidade de conta. No início, essas moedas não possuíam padrão definido, sendo usadas com base no peso e no tipo de metal (ouro, prata, cobre). Posteriormente houve a padronização dessas moedas, que passaram a ter tamanho e valores definidos.
Papel moeda: mais um passo na evolução do dinheiro!
No entanto, nem mesmo as moedas metálicas acabaram sendo solução definitiva para as necessidades de trocas. A necessidade de se expandir a base monetária em conjunto com a limitação da quantidade dos metais, como ouro e prata, finitos e não renováveis na natureza, acabaram limitando a utilização das moedas metálicas como dinheiro. Assim, um outro tipo de moeda se populariza: o papel moeda.
O papel moeda, ou ao menos a sua ideia, surgiu na Idade Média com a atuação dos ourives. O ourives, profissional que conserta e vende artigos trabalhados em metais preciosos, costumava entregar um recibo como garantia para produtos negociados. Esse recibo, na prática, funcionava como uma espécie de papel moeda, geralmente lastreado (garantido) em ouro e prata.
Moedas digitais: um mundo novo, mais possibilidades!
Como é possível observar nos dias de hoje, a evolução do dinheiro não parou no papel moeda, passando para a moeda digital. Isso decorre das próprias limitações do papel moeda e do surgimento de novas necessidades, principalmente envolvendo a busca pela redução de questões burocráticas e também a busca por maior estabilidade.
Vejamos um exemplo prático, voltando para as aldeias. Supondo que haja apenas papel moeda nessas duas aldeias, como os cidadãos poderiam se precaver da inflação? Além disso, a realização de negócios entre os aldeões seria muito mais facilitada pelo uso em comum de uma moeda digital, a exemplo de alguma criptomoeda.
Desse modo, é possível observar que o dinheiro evoluiu, de commodities até uma moeda que pode ser vista pela tela do computador.
E como foi a evolução do dinheiro no Brasil?
Falando no caso específico do Brasil, a primeira forma de dinheiro a circular no território brasileiro foram mercadorias como: açúcar, algodão, cacau, fumo, pau-brasil e tecidos. As moedas metálicas chegaram posteriormente, já no período do Brasil Colônia, com a adoção da moeda portuguesa real.
Apesar de a moeda se chamar real, no plural, a sua pronúncia era réis. Pode não parecer, mas essa diferença é bastante útil, principalmente para não haver qualquer confusão entre o real na época da colônia e o real atual.
Mas um evento acabaria dando fim ao período colonial brasileiro, trazendo alterações até mesmo sobre o dinheiro utilizado na época. Essa mudança começou com a volta de Dom João VI e de parte da família real para Portugal, processo que envolveu o esvaziamento das reservas monetárias brasileiras.
Isso acarretou na emissão de papel moeda sem lastro metálico e, por consequência, gerou uma grande desvalorização do dinheiro.
Desvalorizações da moeda – já ouvimos essa história
Começava um novo período, que foi de 1822 a 1889: o Brasil Império, com os cofres vazios e uma crescente dívida pública. Em praticamente todo o período do império, a moeda passou por sucessivas desvalorizações, muito devido à política econômica voltada para a exportação de produtos agrícolas, passando a ser, na prática do dia a dia, negociada como mil réis.
As desvalorizações da moeda continuaram mesmo com a República Velha, período da história brasileira que começou em 1889 (após a Proclamação da República) e chegou ao fim com a Revolução de 1930. Essas desvalorizações se tornaram uma prática de política econômica largamente utilizada, sempre voltada para os interesses específicos de uma classe, a dos grandes cafeicultores, que detinham grande poder econômico e político nessa época.
O problema é que os interesses dos cafeicultores, uma prioridade durante todo o período da República Velha, nem sempre estavam alinhados com a política monetária que, de fato, deveria ser feita, o que resultou em graves e repetidas crises financeiras.
Com o declínio do poder dos cafeicultores, com a Crise de 1929, um novo período emerge no Brasil: a Era Vargas. Getúlio Vargas assumiu o poder em 1930, instaurando um regime autoritário, o chamado Estado Novo, que começa em 1937 e se estende até 1945. É durante esse período que novas mudanças e regras são adotadas sobre a moeda.
Brasil: especialista em mudar de moeda
No Estado Novo, mais especificamente no ano de 1942, os mil réis foram substituídos pela moeda cruzeiro: 1 cruzeiro equivalia a 1 mil réis. A adoção dessa nova moeda foi uma forma de conter a desvalorização, algo especialmente importante para esse período, voltado para a industrialização do Brasil.
Após o fim da Era Vargas, o Brasil passou por um pequeno período democrático, até chegar o ano de 1964. O Regime Militar começou em 1964, estendendo-se até 1985, período em que novas mudanças ocorreram com a moeda. Uma dessas mudanças ocorreu já em 1967, com a substituição do cruzeiro pelo cruzeiro novo.
A nova moeda, o cruzeiro novo, tinha como objetivo conter a desvalorização, cortando três zeros da moeda antiga: 1 cruzeiro novo valia 1000 cruzeiros. Mas o cruzeiro novo voltaria a se chamar apenas cruzeiro em 1970.
Com o fim do período militar começa a redemocratização, a partir de 1985: ao mesmo tempo em que o Brasil pavimenta as bases de restauração da sua democracia, acaba sendo necessário lidar com um processo de hiperinflação fora do controle. O receituário mais comum, pelo menos até o lançamento do real, foi o de congelar preços e cortar três zeros da moeda.
Nesse período, como tentativa para controlar a hiperinflação, tanto a condução do Banco Central do Brasil quanto a moeda a ser utilizada passaram por diferentes mudanças:
- cruzado – de fevereiro de 1986 a janeiro de 1989;
- cruzado novo – de janeiro de 1989 a março de 1990;
- cruzeiro (de novo) – de março de 1990 a julho de 1993;
- cruzeiro real – de agosto de 1993 a junho de 1994.
Finalmente, a partir de 1 de julho de 1994, temos o lançamento do real, que desde essa data continua sendo a moeda corrente do Brasil. O real foi adotado como moeda a partir do Plano Real, um plano de estabilização econômica que conteve a hiperinflação.
Porém, mesmo o real, uma moeda que vem apresentando relativa estabilidade ao longo das últimas décadas, já não é capaz de atender a todas as necessidades de trocas nos dias de hoje, abrindo caminho para outras formas de moedas, mais precisamente para as moedas digitais.
O real continua sendo a moeda oficial do Brasil, sendo a mais utilizada e aceita, mas já deixou de ser um monopólio total, possuindo “concorrentes”. É claro que ainda é praticamente impossível morar no Brasil e não utilizar o real como moeda, mas é cada vez mais comum a possibilidade de se usar opções, a partir da aceitação de criptos como forma de pagamento, algo inimaginável até poucos anos atrás.
Criptomoedas, o próximo passo da evolução do dinheiro
O caminho do dinheiro foi longo, tendo começado a partir do atendimento de uma simples necessidade que evoluiu, e muito, ao longo do tempo. No início, as commodities foram utilizadas como um tipo de moeda, algo que caiu em desuso com a adoção geral das moedas metálicas.
Como vimos, nem mesmo as moedas metálicas deram conta de satisfazer as novas necessidades de trocas, levando em conta a expansão da base monetária. Para esse novo cenário, o papel moeda se mostrava mais adaptado, pois se tratava de um recurso praticamente inesgotável e com pouco valor em si mesmo.
Talvez não tenha sido grande surpresa quando até mesmo o papel moeda se mostrou incapaz de sozinho ser responsável por toda a dinâmica das compras e vendas alcançada nos dias de hoje.
As formas de trocas passaram por uma grande evolução, com novas necessidades, dessa vez tendo grande ligação com o mundo digital. Para resolver esse problema, uma possibilidade que tem se mostrado sólida são as criptomoedas, como o Bitcoin e Ether.
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