Procurar onde investir em uma crise pode ser uma atitude considerada, no mínimo, arriscada para muitas pessoas. Porém, há exemplos do passado que indicam que aproveitar esses momentos para fazer aplicações pode ser um bom negócio, literalmente falando!
Dois deles são John Paulson, fundador da hedge Paulson & Co, e o assessor financeiro André Machado. Ambos se arriscaram durante a crise financeira de 2008 e se deram muito bem!
Caso você não saiba, essa crise que acabamos de citar teve como gatilho a bolha imobiliária dos Estados Unidos. Resumidamente, o que aconteceu foi seguinte:
- os bancos tiveram ideia de oferecer crédito imobiliário a juros baixos;
- as pessoas começaram a comprar imóveis mesmo sem comprovar se podiam pagar;
- a alta procura por esses bens fez com que os seus preços subissem;
- por consequência a um aumento dos calotes percebidos, os bancos aumentaram a taxa de juros dos empréstimos;
- quem financiou não conseguiu pagar, levando as instituições bancárias a ficarem sem dinheiro para as suas operações;
- isso afetou o mundo porque as bolsas de valores entraram em colapso, visto que os investidores começaram a resgatar suas aplicações, afetando diretamente e negativamente a liquidez do mercado.
Agora, voltando aos senhores Paulson e Machado, ambos viram oportunidades de faturar em meio a todo esse caos.
Segundo publicação da Forbes, o norte-americano John Paulson se tornou bilionário ao apostar contra as hipotecas subprime (de maior risco) durante esse período.
Já uma matéria da revista Exame destacou que o brasileiro André Machado investiu R$ 100 mil (um terço da sua reserva financeira da época) em mercado futuro de opções, uma aplicação vista como muito arriscada. Mas, ao final das suas transações, ele conseguiu R$ 350 mil.
No caso de Machado, ele precisou acompanhar bem de perto as oscilações das ações que havia comprado. O que requer uma dose extra de conhecimento sobre o assunto.
Se você (ainda) não tem toda essa experiência, mas quer saber onde investir com a crise e, quem sabe, se sair bem com esses dois investidores, confira cinco sugestões de aplicações que podem ser interessantes para períodos turbulentos.
O que você precisa saber antes de descobrir onde investir com a crise?
Antes de saber onde investir com a crise, é preciso que você entenda a influência de alguns fatores que tendem a impactar na escolha de produtos de investimentos apropriados para momentos assim.
Um deles é que, o fato de um país estar passando por uma crise econômica, não quer dizer que todos os seus setores estão sendo afetados. Com a pandemia causada pelo coronavírus, por exemplo, um segmento que sofreu menos impacto foi o agronegócio, segundo matéria do G1.
Isso quer dizer que quem tem ações de empresas dessa área seguem com a chance de ter retornos financeiros positivos, mesmo em épocas de incerteza.
A inflação também é uma grande preocupação, afinal, ela pode levar uma fatia significativa do nosso dinheiro. Porém, quando o assunto é investimento, é preciso considerar que, ainda que inflação alta seja sinônimo de economia ruim:
- se a taxa de rendimento da aplicação for baseada no IPCA, Índice de Preços no Consumidor, ou seja, um índice inflacionário, a tendência são lucratividades mais expressivas;
- se for pela Selic, Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, ela pode ser elevada pelo Banco Central como medida compensatória à inflação, aumentando os juros dos investimentos que seguem esse índice.
Ou seja, nem tudo costuma ser tão ruim quanto parece em um primeiro momento. É questão de análise e de acompanhar de perto os acontecimentos. Por isso, ter uma boa educação financeira é tão importante para escolher o melhor a fazer com o seu dinheiro.
Ok, mas onde investir com a crise?
Agora que você sabe de tudo isso, já podemos dizer onde investir com a crise! Em linhas gerais, o sugerido é considerar aplicações de renda fixa. Um dos motivos é que os investimentos desse grupo têm previsibilidade de juros, o que costuma trazer mais tranquilidade.
Porém, se o seu perfil de investidor é arrojado, ou mesmo moderado, e você se sente bem em arriscar mesmo durante períodos financeiros vistos como turbulentos, as aplicações de renda variável podem não ser tão ruins.
A questão, apenas, é que esses produtos requerem mais atenção, paciência e “sangue-frio”. Porém, a exemplo do que aconteceu com os investidores que citamos no início deste artigo, o retorno financeiro pode ser bem maior em comparação aos de renda fixa.
Considerando esses dois cenários, trouxemos cinco sugestões de onde investir com a crise, que são:
- CDBs
- LCI e LCA
- Debêntures
- Títulos Públicos
- Ações
CDBs
Os Certificados de Depósito Bancário, CDBs, funcionam como um empréstimo que você faz para o banco que, ao final do período, devolve o seu valor acrescido de juros.
A rentabilidade pode ser pré ou pós-fixada e tem como base o CDI, Certificado de Depósito Interbancário, que é um indicador econômico que tem valores bem semelhantes aos da Selic.
LCI e LCA
As Letras de Crédito Imobiliário (LCI), e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), tem funcionamento igual ao CDB. A diferença é que o dinheiro emprestado para a instituição financeira deve ser aplicado obrigatoriamente nos setores imobiliários ou do agronegócio.
Os juros a serem pagos também têm como base o CDI, e uma das vantagens que se destaca nesse produto de investimento é que ele é isento de cobranças do Imposto de Renda.
Debêntures
As debêntures também são uma forma de você emprestar dinheiro em troca de juros. No caso, elas são títulos de valores mobiliários emitidos por empresas, que podem pagar rentabilidade com percentuais pré ou pós-fixados, ou mesmo híbridos (a mescla das duas opções).
Ao contrário das duas sugestões anteriores, as debêntures não são protegidas pelo Fundo Garantidor de Crédito, FGC, que é uma espécie de “seguro” que paga até R$ 250 mil por CPF/CNPJ por instituição financeira.
Ou seja, se a empresa falir, você não tem qualquer garantia de receber o seu investimento, o que já não acontece com o CDB, LCA e LCI. Por isso, esse tipo de investimento requer uma análise mais aprofundada.
Títulos Públicos
Nos Títulos Públicos você empresta dinheiro para o governo. Com isso, as chances de não ter o seu investimento de volta são quase inexistentes.
Entre as opções desse produto de investimento estão:
- Tesouro prefixado: o percentual de juros a ser pago é apontado logo na compra do título;
- Tesouro IPCA (híbrido): o rendimento varia de acordo com a inflação mais uma taxa pré-estabelecida;
- Tesouro Selic (pós-fixado): tem essa taxa como medida para pagamento dos rendimentos.
Ações
E como dissemos a respeito de considerar setores que não são atingidos economicamente em períodos de crise, a compra de ações pode ser uma opção a ser considerada, especialmente por quem tem boa tolerância a riscos financeiros.
Consiste na aquisição de pequenas parcelas do capital social de uma empresa, o que posiciona você como “sócio”, dando o direito aos seus lucros (se houverem), de forma proporcional ao valor investido.
Aqui, cabe lembrar que não há qualquer garantia de retorno. Por isso, essa opção também precisa ser bastante analisada.
E não há outra forma de verificar alternativas como essas que citamos se não estudando mais sobre elas e conhecendo seus pontos positivos e negativos. Para alcançar isso, uma boa educação financeira é essencial.
Nossa dica quanto a isso é: siga acompanhando o blog da Bitso, confira diversos outros artigos sobre o assunto e fique por dentro de tudo!