Bitcoin é o ouro digital? E o que isso tem a ver com o preço do Bitcoin? 

Imagem de baú com barras de ouro.

Por centenas de anos o ouro foi considerado a moeda suprema, aquela aceita em todos os locais do mundo; a mãe de todas as demais e o melhor instrumento para poupança de longo prazo, pois não perdia valor ao longo do tempo. 

Com o passar dos anos isso deixou de ser uma verdade absoluta e outras moedas e metais aparecem como solução para serem a nova referência de valor, e agora o Bitcoin aparece como essa nova possibilidade, um possível ouro digital, mas não só isso, a tecnologia por trás do Bitcoin pode revolucionar inclusive o próprio ouro físico, como é a blockchain.

Quer entender um pouco mais sobre a relação entre Bitcoin e ouro? Vamos lá!

A dominância do ouro 

Antes de entrarmos no mundo digital é importante voltar alguns passos atrás para o anacrônico mundo analógico, antes mesmo da invenção do telégrafo e do telefone. 

O dinheiro surgiu como um facilitador de trocas. Já falamos em outros textos que sem ele não seria possível a vida moderna que as economias de mercado nos proporcionaram. 

Tá tudo meio confuso? Calma, vamos ver um bom exemplo! 

A dificuldade de se fazer trocas 

Imagina se eu tivesse uma vaca e quisesse comprar um telefone celular, por exemplo. Teria que encontrar alguma pessoa que tivesse um celular e estivesse disposta a trocar o mesmo pela minha vaca. Parece uma certa loucura o argumento, mas imagine isso para absolutamente todos os bens. 

A cada vez que eu quisesse consumir algo teria que achar alguém disposto a trocar algo que eu tenho por exatamente aquele objeto do meu desejo. Seria um enorme processo de matching, imagine isso para todas as trocas que fazemos diariamente. Complicado, não?

A solução é simples: o dinheiro

Logo, sem a invenção do dinheiro todas as demais talvez não fossem possíveis. Afinal de contas, ninguém que desenvolve um novo produto se preocupa se ele poderá ser trocado por um objeto que o inventor queira, e sim ser trocado pura e simplesmente por dinheiro. Há quem diga que o dinheiro foi uma das maiores invenções da história da humanidade e permitiu grandes avanços tecnológicos. 

Ao longo dos séculos o dinheiro assumiu diferentes formas, uma verdadeira metamorfose ambulante, até mesmo o sal foi usado como moeda no antigo Império Romano, inclusive é daí que vem a palavra salário, uma vez que os soldados do império eram pagos em sal

Depois os metais preciosos passaram a ocupar esse papel central, principalmente o ouro e a prata. Mas antes dos metais é preciso dar mais um passo atrás, sim, mais um…

O que é um bom dinheiro?

O bom dinheiro tem que ter três características: precisa ser um meio de troca amplamente aceito pela sociedade, unidade de conta, isto é, é possível calcular e dividir valores com essa moeda e por último ser reserva de valor, ou seja, é possível poupar capital nessa moeda. 

Trazendo para o mundo real, é o dinheiro que está na sua carteira e você tem confiança de que conseguirá usá-lo a qualquer momento para comprar ou que ele simplesmente parado não perderá o valor. 

O que havia antes do papel moeda?

Agora sim podemos falar do ouro, que foi escolhido como um bom meio de troca e reserva de valor pelo fato de que era possível criar moedas de ouro e que as mesmas não perdiam valor e podiam ser trocadas por bens quase que ao redor do mundo todo, independente do país. Foi a primeira moeda verdadeiramente global. E o ouro tinha todas as qualidades da boa moeda, que listamos acima. 

Além disso, ele era relativamente raro, não existiam técnicas avançadas de mineração de ouro, logo existia uma escassez do minério o que mantinha o valor elevado protegido. 

Com a invenção dos Estados modernos e a emissão de papel moeda, o ouro passou a circular menos e o dinheiro como conhecemos hoje surgiu, funcionando como uma espécie de recibo sobre o ouro depositado em um banco. A moeda inglesa tem o nome de libra, pois ela correspondia a uma libra do metal que estava depositado no banco. 

Assim ninguém precisava ficar carregando ouro por aí, prático não? Bastava ir ao banco com a cédula de libra e trocar a mesma pela tal libra de ouro. 

E o ouro perdurou até pouco tempos atrás como a principal moeda do mundo

Até o começo dos anos 1970 o ouro era a principal referência monetária do mundo, não diretamente, mas indiretamente. Após a segunda guerra mundial, foi criado o acordo de Bretton Woods, onde ficou determinado que o dólar teria o seu valor fixo em relação ao ouro e as demais moedas tinham suas taxas de câmbio fixas em relação ao dólar, então de uma forma ou outra todas as moedas do mundo tinham um lastro em ouro. 

Isso acabou quando os Estados Unidos decidiram pôr fim ao lastro em ouro e passaram a emitir mais dólares do que o correspondente em metal, colocando um ponto final nas moedas lastreadas em ouro e começando a era da moeda fiduciária que vivemos hoje. 

As moedas fiduciárias dominam hoje, mas até quando?

Hoje vivemos em um mundo onde as moedas fiduciárias, aquelas que não tem um metal precioso de lastro, mas que tem seus valores garantidos por Bancos Centrais e Estados Nações. 

É papel do Estado garantir que a moeda mantenha seu valor, caso ele falhe, a moeda deixará de ter a confiança daqueles que a utilizam e a mesma será abandonada, como é o caso da Argentina, onde a principal reserva de valor não é o peso e sim o dólar americano e até mesmo algumas criptos, como o Bitcoin. 

Depois das moedas fiduciárias, o que virá?

Até 2010 não existia nenhuma discussão mais profunda do que poderia vir a substituir as moedas fiduciárias, até a invenção do Bitcoin. 

O Bitcoin é uma criptomoeda que tem suas transações registradas em uma blockchain, onde existe a informação de todas as demais transações já feitas, o que garante a autenticidade de cada pedacinho de Bitcoin. 

Além disso existe uma quantidade finita de bitcoins que a cada halving cai pela metade a velocidade de mineração, ou seja, existe uma oferta cada vez menor de Bitcoins ao longo do tempo, o que garante a escassez, assim como o ouro. 

Apesar do bitcoin ainda não ter todas as características de uma moeda, como por exemplo reserva de valor, dada a sua volatilidade, é impossível não lembrar das semelhanças com o ouro e com isso, a possibilidade de ser um novo ouro, agora digital. 

Ufa, finalmente voltamos ao ponto do texto! 

A tecnologia do ouro digital

Se o Bitcoin vai se tornar uma versão digital do ouro, ainda é cedo para dizer. 

Tudo dependerá se a criptomoeda vai conseguir ter as boas características de uma moeda convencional, um fato que ainda não foi 100% comprovado e que apenas o tempo irá dizer. Mas a tecnologia por trás das criptomoedas tem potencial para transformar o mundo das moedas convencionais e até mesmo do ouro, sim, o ouro ouro, aquele amarelinho. 

Dada a tecnologia da blockchain que mantém um registro exato de um Bitcoin, desde a sua mineração e de todas as suas transações, fica fácil ver que aquele bitcoin é verdadeiro e teve sua veracidade comprovada por todos os demais blocos da rede de blockchain. 

Ou seja, é um atestado de que aquele bitcoin foi criado de forma correta dentro da rede. Como as criptomoedas são criadas e mantidas de forma descentralizada é de extrema importância que exista um mecanismo capaz de comprovar que a moeda é de fato verdadeira. 

O blockchain conhece o mundo real… 

Se o blockchain permite que um Bitcoin tenha a sua autenticidade comprovada, em teoria a tecnologia poderia ser implementada para qualquer outra coisa ou moeda que precise ter a sua origem provada. 

Logo, por que não no ouro? 

E ainda melhor, por que não no ouro que tenha a origem legalizada e não seja de garimpos ilegais? Com o crescimento da preocupação mundial acerca do meio ambiente e da conservação das florestas, soluções criativas usando tecnologias novas estão sendo gestadas. 

E o ouro digital pode até virar lei… 

É exatamente isso que uma Deputada Federal – Joenia Wapichana (REDE/RR), protocolou um Projeto de Lei, PL 2159/2022, no qual pede que todo o ouro minerado e extraído no Brasil possua um sistema de rastreamento com blockchain. Caso o projeto venha a virar lei, ele poderá evitar que o ouro, que em sua grande maioria é hoje mineração na Amazônia, tenha um controle de origem robusto e inviolável.

Logo uma tecnologia do “ouro digital” poderá ajudar o ouro tradicional a ser consumido com maior responsabilidade social e ambiental. 

Existem diversas notícias na mídia acerca da mineração ilegal que acontece em plena floresta amazônica e que avança sobre terras indigenas e polui de forma permamente os rios com metais pesados que são usados para separar as impurezas do ouro. E na maioria das vezes o consumidor final de produtos com ouro em sua composição sequer imaginam que estão consumindo ouro que vem desse tipo de extração ilegal. 

Após o registro em blockchain, o ouro poderá seguir para os usuais mercados e ser usado por exemplo na confecção de uma jóia, onde o consumidor que comprará um anel, por exemplo, poderá atestar que está comprando um produto que teve a sua matéria prima extraída de forma legal e ambientalmente responsável

Além da consciência do consumidor, países poderão aprovar leis obrigando que os fabricantes de produtos que utilizem ouro, comprovem que estão comprando o ouro extraído de forma legal e poderão fazer isso usando os registros feitos na blockchain. 

Não só o ouro, isso poderá ser feito para qualquer outro produto físico

Além do uso no ouro, o blockchain também pode ser usado em produtos agrícolas, outros minérios e na produção de madeira. Com isso, seria possível também comprovar que esses produtos foram produzidos de forma sustentável e sem agredir o meio ambiente. 

Se os registros forem feitos em blockchains ninguém poderá violar esses registros ou sequer tentar falsificar um registro. Com isso, a tecnologia criada para uma moeda digital poderá ser usada para bens físicos e ajudar a manter a floresta em pé e a impedir práticas criminosas que lesem o meio ambiente. 

O mundo real e o mundo digital 

Caso a blockchain venha a ser adotada como na questão de mineração, ela poderá se tornar uma conhecida da vida cotidiana de todos nós e assim mostrar para as pessoas que a principal tecnologia que viabiliza a existência das criptomoedas também pode ser usada para aplicações práticas do nosso dia a dia. 

Criando assim uma maior confiança do uso de blockchain em moedas digitais e ajudando a desmistificar esse universo para os demais cidadãos. Não deixe de ler sobre esse e muitos outros assuntos do mundo cripto aqui no Blog da Bitso!

O Time Bitso é formado por especialistas em criptomoedas, garantindo informações seguras e precisas sobre o mundo cripto.