Talvez você ainda não tenha se dado conta do enorme salto tecnológico ocorrido nos últimos anos. Tudo parece ter sido afetado de alguma forma, não restando “pedra sobre pedra” ou, para esse caso, “hardware sobre hardware“ e “digital sobre digital”!
A explicação é a seguinte, esse tal de hardware, que pode ser entendido como qualquer máquina necessária para a realização de uma determinada atividade, possui cada vez maior conexão com o mundo digital. A forma de assistir filmes, ouvir músicas, fazer compras e até mesmo de se relacionar com outras pessoas, por exemplo, mudou de maneira radical. É a tal da transformação digital.
É claro que, no meio de todas essas mudanças, nem mesmo os chamados Bancos Tradicionais conseguiram escapar. Prova disso é pensar em como era o atendimento bancário disponível há dez anos atrás e quais são os tipos de atendimento disponíveis nos dias de hoje. A diferença é grande e em boa medida motivada pelo surgimento de um novo protagonista no mercado: as Fintechs.
Por acaso você sabe o que é uma Fintech? E um Banco Tradicional, qual é a sua opinião sobre? A seguir vamos falar de cada um deles, de modo que, ao final desse texto, talvez você já possa escolher qual é a melhor opção para você.
Será que é Fintech ou Banco Tradicional? Vamos descobrir!
O que é Fintech?
Fin (Finance) + tech (tecnologia) = Fintech
Em tradução livre, Fintech significa tecnologia financeira. O termo, nascido no século 21, costuma ser usado para descrever novos tipos de tecnologia com o objetivo de melhorar o uso de serviços financeiros.
Nesse sentido, empresas startups – um conceito de modelos de negócios nascentes e inovadores – que procuram operar serviços financeiros por meio de soluções tecnológicas são consideradas como empresas Fintech.
Entre as principais melhorias nos serviços financeiros oferecidos por esse tipo de empresa, podemos destacar a automatização e a digitalização de processos, com a adoção de uma forma de atendimento centrada no cliente. Lembra da necessidade de ter que enfrentar longas filas em uma agência bancária? Através de novos serviços oferecidos pelas Fintechs esse tipo de necessidade fica no passado.
Cada vez mais as Fintechs abrangem um número maior de setores, como educação, banco de varejo e organizações sem fins lucrativos. Essa abrangência é resultado do foco dessas empresas em serviços orientados ao consumidor, com a adoção de um objetivo muito claro: oferecer maior acessibilidade e praticidade para as pessoas.
Não podemos esquecer que as Fintechs também incluem o desenvolvimento de criptomoedas e de outros aspectos do mundo cripto, como no universo dos jogos (gamecoins) e dos esportes (fan tokens).
O que é Banco Tradicional?
Diferente das Fintechs, começar a falar sobre o surgimento do Banco Tradicional exige uma viagem a um passado bem mais distante. Na cidade italiana de Gênova, no ano de 1406, surgiu o primeiro modelo de banco que, ao longo de muitos e muitos anos, ficaria conhecido como “Banco Tradicional”.
Com o passar dos anos e o surgimento de novas necessidades, essas instituições foram se tornando cada vez mais essenciais para o funcionamento da economia de praticamente todo país. A consequência disso foi o ganho de um enorme protagonismo dos Bancos Tradicionais em questões econômicas e políticas, sendo por muito tempo o único tipo de instituição licenciada para oferecer serviços financeiros.
Ao falar de Banco Tradicional, estamos falando de diversos tipos de bancos, como de investimento, corporativos e de varejo. O que todos esses bancos possuem em comum? Todos são regulamentados por um Banco Central. No caso do Brasil, essa regulamentação é realizada pelo BCB (Banco Central do Brasil).
No geral, apesar dos diferentes tipos, a principal função dos bancos é atuar como um intermediário entre as pessoas que querem emprestar dinheiro e as que querem pegar dinheiro emprestado. O dinheiro recebido (depositado) de quem está interessado em emprestar é utilizado para oferecer empréstimos a outros clientes – para os que querem pegar dinheiro emprestado. Nessa operação são cobrados juros.
Entre os serviços mais comuns de um banco estão o de realizar depósitos de capital em forma de poupança, o financiamento de imóveis, a transação de pagamentos, entre outros. Pela elevada importância desses serviços rotineiros, a atividade dos bancos é altamente regulada, principalmente no Brasil.
Tamanha regulação de certo modo protegeu o modelo de atuação dos bancos do salto tecnológico dos últimos anos. Sim, transformações ocorreram e ainda estão ocorrendo nos bancos, mas de maneira mais lenta em comparação com instituições de outros setores da economia.
Quais as diferenças entre eles?
Bancos e Fintechs atuam no fornecimento de serviços financeiros para os consumidores (pessoas físicas, empresas, governos, entre outros). Apesar dessa mesma área de atuação, as diferenças são bastante grandes.
As principais diferenças são:
- definição;
- objetivos;
- estruturas organizacionais;
- público-alvo.
A diferença começa pela definição. Fintech, como já vimos, é um termo usado para descrever novas tecnologias para serviços financeiros, visando a automação e melhora na qualidade desses serviços. A definição de banco já é diferente, referindo-se a instituições financeiras licenciadas para o recebimento de depósitos e concessão de empréstimos.
Se a definição já é diferente, os objetivos não deixariam de ser. Enquanto as Fintechs se concentram na experiência do cliente – atendimento automatizado e personalizado -, os bancos ainda possuem uma estrutura física muito evidente, com agências e pessoas fazendo atendimento presencial.
Isso tudo acaba refletindo na diferença das estruturas organizacionais. As Fintechs possuem uma estrutura organizacional com menor regulação, mais livre de barreiras burocráticas. No caso dos bancos, o que existe é uma estrutura organizacional mais rígida. E qual é a consequência disso? Fintechs mais abertas e sedentas por inovação, enquanto os bancos apresentam maior resistência a mudanças.
Essa diferença nas estruturas organizacionais resulta em público-alvos diferentes. As Fintechs são mais voltadas para pessoas com baixa classificação de crédito, principalmente os jovens, que via de regra, não possuem renda fixa mensal. Já o público-alvo dos bancos são as pessoas talvez um pouco mais velhas, que ainda não confiam totalmente nas fintechs, e preferem a segurança e a tradição das instituições financeiras,
Vantagens e desvantagens de cada um
A essa altura já temos em mente o que são as Fintechs e o que são os bancos. Isso é muito legal! Mas, ainda falta uma coisa bem importante, cadê as vantagens?!
Com base em tudo que já falamos, a grande vantagem das Fintechs está na inovação tecnológica. Fintechs respiram tecnologia, pois sem inovar, a ideia de Fintech não faria sentido. Afinal, como resolver velhos e persistentes problemas sem apresentar novas soluções? Inovação é a resposta.
As Fintechs tornaram possível resolver problemas de forma 100% digital. Sobre isso, nem é preciso perguntar, basta imaginar o ganho de eficiência em comprar, consultar saldos e realizar transferências apenas com o uso de um app. Atividades rotineiras que antes levavam muito tempo e exigiam deslocamento – sem falar nas filas e na dor de cabeça -, agora podem ser resolvidas sem sair de casa.
Outra grande vantagem está no oferecimento de taxas de juros mais baixas. A estrutura das Fintechs é mais enxuta e barata, fazendo com que essas startups financeiras possam ter condições de oferecer um leque de serviços, como empréstimos, a taxas mais competitivas.
No caso dos bancos, a vantagem está na segurança – ao menos em teoria. Os bancos possuem um alto nível de regulação, o que serve como uma forma de proteção para os clientes. A própria necessidade de ir até uma agência – que costuma resultar em uma série de inconveniências – permite uma relação mais próxima com o gerente, gerando uma relação mais pessoal, um sentimento de maior confiança.
A própria limitação no acesso à internet ainda pode ser vista como um tipo de vantagem dos bancos. Já que sem internet, situação de mais de 33 milhões de pessoas no Brasil, por exemplo, não é possível acessar apps.
Saber das vantagens é ótimo, mas saber das desvantagens é algo necessário.
Sobre isso, podemos pegar o ponto anterior, a questão do acesso a internet. As operações das Fintechs ocorrem quase que exclusivamente de forma online. A própria tecnologia, uma enorme vantagem já apresentada, também pode ser um pouco “desvantajosa”, pois pode assustar algumas pessoas, que ainda resistem ao uso de novas tecnologias nos serviços financeiros.
Quanto aos bancos, o chamado Banco Tradicional, a grande desvantagem se encontra na lentidão em relação à adoção de novas tecnologias. Falando em lentidão, nos bancos ainda é possível ver filas de espera enormes, excesso de burocracia e atendimento online ainda limitado e ineficiente. Sem falar na cobrança de maiores taxas para acessar serviços e em mensalidades de conta corrente custosas.
As fintechs vão substituir os bancos?
Como vimos, toda a ideia de Fintech gira em torno de tornar os serviços financeiros mais acessíveis, reduzindo problemas típicos de um Banco Tradicional, a partir do uso de tecnologia. A partir disso, poderíamos concluir que os bancos estão com os dias contados e que as Fintechs vão dominar completamente a oferta de serviços financeiros.
No entanto, entre os dois extremos, o da inovação das Fintechs e o da segurança dos Bancos Tradicionais, existe um caminho do meio que parece ser o caminho mais provável. É inegável que as Fintechs estão revolucionando os serviços financeiros, inclusive no Brasil, mas a existência dos bancos ainda é muito necessária para toda a economia – e deve continuar sendo por um bom tempo.
Basta dizer que os 5 maiores bancos detém aproximadamente 80% de todos os depósitos feitos no Brasil. As fintechs começaram com tudo, mas tem um longo caminho a percorrer para conquistar o bolso de fato do brasileiro.
Já comentamos a respeito de como os bancos possuem grandes regulações, com isso possuindo relação com a segurança. Pois bem, a substituição dos grandes bancos por outro modelo de negócio pode representar um grande risco à própria segurança das economias – a nível global – podendo gerar uma grande crise econômica – algo como a Crise de 2008.
Então, a tendência é que, ao invés das Fintechs substituírem os bancos, os bancos passem a se tornar mais parecidos com as Fintechs, procurando melhorar os seus serviços financeiros a partir da utilização de tecnologias inovadoras. No final das contas, vai existir uma coexistência dos dois modelos.
Por outro lado, as Fintechs, principalmente as que se destacarem, devem ficar cada vez maiores, algo que no futuro pode levar a uma necessidade de maior regulação por órgãos reguladores do sistema financeiro.
Seja como for, mesmo com as Fintechs não substituindo os bancos, uma coisa é certa, a inovação já chegou nos serviços financeiros, para resolver velhos problemas tradicionais.