Blockchain em DeFi: tudo ou nada a ver?

Imagem de tokens em um circulo e sem correntes.

O universo cripto é cheio de conceitos e termos bastante peculiares. Blockchain, NFT, Tokens, DeFi são palavras que volta e meia aparecem nos conteúdos que falam sobre criptomoedas e suas possibilidades presentes e futuras.

Se blockchain é o presente, configurando como a base do sistema transacional das moedas digitais, muitos apontam que o DeFi é o futuro, uma remodelagem dos serviços financeiros, agora operando de forma totalmente descentralizada. 

Mas será mesmo que existe essa distância temporal entre esses dois termos? Ou esses dois conceitos tão importantes para o mundo dos criptoativos já coexistem no mesmo espaço de tempo?

Antes de discutir essa questão, vamos apresentar em detalhes os dois conceitos para você não ficar com nenhuma dúvida, beleza? Vamos lá!

O que é Blockchain?

Um blockchain é um banco de dados descentralizado que é compartilhado entre nós (cada nó é um computador em específico) de uma rede de computadores. Como um banco de dados, um blockchain armazena informações eletronicamente. Blockchains que antes eram uma palavra obscura para especialistas de computação se tornaram super conhecidos por seu papel crucial de ser a espinha dorsal do sistema de várias criptomoedas, como o Bitcoin. 

Como não existe um sistema financeiro ou autoridade central como um Banco Central para manter um registro seguro e de transações, o Blockchain faz exatamente isso, um registro inviolável e descentralizado (cada nó da rede tem toda a informação) de todas as transações.

A grande inovação da blockchain é que ela garante a fidelidade e segurança de um registro de dados e gera confiança sem a necessidade de um terceiro confiável ou que uma autoridade central diga que tais dados são legítimos. 

Como a Blockchain funciona?

O objetivo do blockchain é permitir que informações digitais sejam gravadas e distribuídas por toda a rede, mas não editadas. Dessa forma, um blockchain é a base para livros contábeis imutáveis ​​ou registros de transações que não podem ser alterados, excluídos ou destruídos. É por isso que as blockchains também são conhecidas como uma tecnologia de contabilidade descentralizada. 

Ressaltando: ninguém, absolutamente ninguém pode alterar o código e incluir por exemplo, uma transação ‘fantasma’. 

Proposto pela primeira vez como um projeto de pesquisa em 1991, o conceito de blockchain veio bem antes de sua primeira aplicação em larga escala, que foi a criação do Bitcoin, em 2009. Nos anos seguintes, o uso de blockchains explodiu através da criação de várias criptomoedas, aplicações financeiras descentralizadas (DeFi), tokens não fungíveis (NFTs) e contratos inteligentes (smart contracts). Falaremos mais de cada um deles mais a frente.

Vamos ver na prática como esse tal de blockchain funciona…

Imagine que uma empresa possui um datacenter com 10.000 computadores que são usados ​​para manter um banco de dados contendo todas as informações da conta de seus clientes. Todos esses computadores estão sob o mesmo teto e a empresa em questão tem controle total de cada um desses computadores e de todas as informações contidas neles. 

Note que apenas o fato de todas as máquinas estarem juntas fisicamente já gera um enorme risco para o funcionamento desse sistema! O que acontece se a eletricidade naquele local acabar? E se a conexão com a Internet for cortada? E se o prédio pegar fogo? Em qualquer caso, os dados são perdidos ou corrompidos.

O que um blockchain faz é permitir que os dados contidos nesse banco de dados sejam distribuídos entre vários nós de rede em vários locais. Isso não apenas cria redundância, mas também mantém a fidelidade dos dados armazenados nele – se alguém tentar alterar um registro em uma instância do banco de dados, os outros nós não serão alterados e, portanto, impedirão que alguém o faça. Se um usuário alterar o registro de transações do Bitcoin, todos os outros nós fariam referências cruzadas entre si e identificariam facilmente o nó com as informações incorretas. Este sistema ajuda a estabelecer uma ordem exata e transparente dos eventos. Dessa forma, nenhum nó único dentro da rede pode alterar sozinho as informações contidas nela.

Por causa disso, as informações e o histórico (como das transações de uma criptomoeda) são irreversíveis. Esse registro pode ser uma lista de transações (como os feitos com o Bitcoin, por exemplo), mas também é possível que um blockchain mantenha uma variedade de outras informações, como contratos, identificações governamentais ou inventário de produtos de uma empresa.

Você já percebeu que o blockchain pode ser usado para diversas aplicações, logo os desenvolvedores miraram o mercado financeiro que depende de um conjunto de dados salvos de transações, contratos e valores. E começaram a criar aplicações financeiras que dependem unicamente da estrutura proposta por sistemas de Blockchain. 

E foi daí que surgiu o DeFi. 

Como funcionam as finanças descentralizadas (a famosa DeFi) no Blockchain?

DeFi é a abreviação em inglês de finanças descentralizadas. É um termo genérico para a parte do universo cripto que é voltada para a construção de um novo sistema financeiro 100% na internet, usando blockchains para substituir intermediários financeiros tradicionais como bancos, corretoras e financeiras. 

Lembra do poder do blockchain de poder registrar de forma segura e imutável uma quantidade enorme de informações? Então, no DeFi ele é usado para construir de forma 100% digital um ecossistema financeiro, completamente descentralizado.

Mas antes de mergulharmos nesse universo – sim, universo, são tantas as possibilidades – vamos analisar o nosso atual mundo financeiro. 

Basicamente o sistema financeiro serve para reduzir uma coisa que os economistas chamam de assimetria de informação, isto é, se alguém que você não conhece lhe pede dinheiro emprestado você não faz a menor ideia se essa pessoa terá a capacidade de lhe pagar de volta. Você não sabe o quanto ela ganha, o que ela faz e o quanto de dinheiro ela tem. Existe um monte de informação que apenas a pessoa que quer o empréstimo tem e nem sempre ela está disposta a compartilhar de forma transparente. 

Mas se você depositar seu dinheiro em uma aplicação financeira em um banco tradicional, ele pode virar o capital que o banco emprestou para essa mesma pessoa do exemplo acima comprar um carro. No final, o seu dinheiro foi emprestado para a pessoa, mas quem arcou com o custo de adquirir e verificar as informações e com risco de crédito daquela pessoa foi o banco; você teve zero de trabalho. 

Com essa possibilidade de redução de assimetria de informações, o sistema financeiro tradicional criou a possibilidade de poupadores transferirem de forma bem mais simples seus recursos para quem os necessita para comprar algo, investir em um negócio e etc. Criando um enorme mecanismo que move o sistema econômico global. 

Além disso, o banco que emprestou o dinheiro é responsável por registrar toda a transação, criar o contrato de empréstimo, pagar os juros do dinheiro que você depositou na aplicação, controlar se a pessoa está pagando o empréstimo corretamente e toda a enorme burocracia que isso envolve. E caso exista um calote o banco é quem arca com isso e não você que aplicou o dinheiro. Tudo isso acontece dentro dos sistemas do próprio banco, tudo de forma proprietária e bem cara. Servidores, funcionários, contratos, cartórios, carimbos, etc… tudo isso sabemos que tem um custo enorme. Mas apesar do custo é um sistema que gera muito mais benefícios para a economia do que custos. 

E que até agora não tinha um rival à altura. 

A revolução trazida pelo DeFi 

E se eu te falasse que com o blockchain é possível fazer tudo isso sem precisar ter uma estrutura gigante de funcionários, servidores e agências bancárias? E o melhor, de forma 100% descentralizada, sem depender de uma única instituição financeira ou de um órgão regulador central.  

O DeFi é a criação de vários sistemas que se assemelham ao sistema financeiro tradicional, eles trazem serviços financeiros como empréstimos, derivativos e aplicações financeiras diversas ao mundo das criptomoedas. O DeFi está para as criptomoedas assim como os bancos tradicionais estão para o nosso dinheiro do dia a dia. 

Basicamente, a comunidade cripto está construindo sua própria versão do sistema financeiro – uma que é amplamente descentralizada e lida exclusivamente com criptomoedas, com versões criptos de muitos dos produtos oferecidos por empresas financeiras tradicionais e sem muita burocracia e regras rígidas que governam o mercado. 

No DeFi, esses intermediários são substituídos por software. Em vez de fazer transações por meio de bancos e bolsas de valores, as pessoas negociam diretamente umas com as outras, com contratos inteligentes (os smart contracts)  baseados em blockchain fazendo o trabalho de fazer mercados, liquidar negócios e garantir que todo o processo seja justo e confiável.

O quão grande já é o DeFi ?

Valor total de DeFi em transações ou T.V.L (total value locked). – uma maneira de medir o valor das criptomoedas mantidas em projetos DeFi – atualmente é de cerca de US$ 77 bilhões, de acordo com a DeFi Pulse. 

Isso tornaria o DeFi algo como o 38º maior banco dos Estados Unidos em depósitos, se fosse um banco. Em 2020 o número era uma pequena fração, mostrando o quanto esse mercado incipiente já cresceu nos últimos meses.

Contudo, ainda é uma fração da capitalização de mercado do Bitcoin e de outras altcoins. De qualquer forma, isso pode indicar o potencial de crescimento dos ativos relacionados ao DeFi.

Vantagens e desvantagens

As vantagens mais evidentes estão na possibilidade de recriar o sistema financeiro tradicional de forma descentralizada, com custos muito menores e sem um órgão regulador central. Porém, a última vantagem é onde mora umas das maiores desvantagens. 

É exatamente a regulação que torna o sistema financeiro sólido e muitas das vezes protege aqueles que o usam de práticas predatórias, fraudes e até mesmo da falência das instituições financeiras. 

Olha só um exemplo: o caso das moedas estáveis, ou stablecoins, cujo valor está atrelado ao valor de uma moeda apoiada pelo governo, como o dólar americano.

Stablecoins são uma parte crítica dos mercados DeFi, porque se você é um investidor de criptomoedas, você não quer estar constantemente trocando tokens por dólares e depois por reais, ou mantendo todos os seus ativos em criptomoedas cujos valores podem flutuar bastante. Você quer uma criptomoeda que se comporte como uma moeda ‘chata’ e estável, que você pode usar sem precisar interagir com o sistema financeiro tradicional. 

Bem, os reguladores do sistema financeiro americano argumentaram que, apesar do nome, as stablecoins não são tão estáveis. E isso decorre do fato de que os emissores de stablecoin não são legalmente obrigados a apoiar suas moedas individualmente com ativos seguros e semelhantes a dinheiro, uma forma de lastro. Os investidores que compram stablecoins podem razoavelmente supor que cada USDCoin ou Tether (as duas mais populares atreladas ao dólar americano) vale US$1 e que eles poderão resgatar suas moedas estáveis por dólares físicos sempre que quiserem. 

Contudo, não há nada na lei, no momento, que exija que os emissores de stablecoins garantam o lastro de suas moedas. E se eles não tiverem reservas suficientes para cobrir as stablecoins que estão emitindo, tudo pode entrar em colapso se os investidores decidirem sacar seu dinheiro de uma só vez, uma espécie de cripto corrida bancária.

Reguladores e políticos estão cada vez mais preocupados com o crescimento da DeFi. Michael Hsu, o controlador interino da moeda dos EUA, disse em um discurso em uma conferência de blockchain em setembro que muitos produtos DeFi o lembravam dos swaps de inadimplência de crédito e outros derivativos complexos que eram populares em Wall Street nos anos que antecederam a crise de 2008. crise financeira.

No fim das contas, quanto mais transparentes são os projetos DeFi, maior é a tendência que eles ganhem mais adeptos e conquistem mais escala dentro do universo cripto. 

Apesar dos problemas, existe um pote de ouro (digital) ao final do arco-íris… 

Como toda nova tecnologia, diversas regras e adaptações ainda irão ocorrer e nem sempre o novo destrói o antigo. Na realidade, normalmente acontece uma fusão do que funciona em ambos os mundos, bancos e demais firmas do tradicional sistema financeiro estão olhando para as tecnologias do DeFi e vendo como elas podem ser integradas nas operações usuais do sistema financeiro. 

Como o DeFi substitui intermediários humanos e mecanismos de confiança por blockchains públicos e software de código aberto, é mais barato (menos taxas), mais eficiente (tempos de transação mais rápidos) e mais transparente (menos oportunidades de corrupção) do que o sistema financeiro tradicional, isso colocará pressão para que o sistema tradicional se adapte e se torne mais barato e eficiente para os usuários. 

O DeFi se tornará mais seguro e robusto ao longo do tempo, à medida que mais pessoas o usarem e alguns dos primeiros problemas forem resolvidos. 

Existe uma longa estrada pela frente, mas as possibilidades são ilimitadas e bastante promissoras. 

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