O que é o The Merge e como esse evento transforma a rede Ethereum

Imagem da Ethereum com moedas

Grandes mudanças costumam vir acompanhadas de empolgação, desespero ou pelo menos uma quantidade razoável de desinformação. Para te ajudar a entender melhor o The Merge, que é uma grande mudança que está acontecendo nesse momento com uma das mais relevantes redes de blockchain que existem (a Ethereum), estamos aqui com este artigo.

Entender os detalhes do evento The Merge vai te ajudar a ficar por dentro do que deve acontecer mais adiante com essa tão relevante rede, criptomoeda e ambiente que serve como base para diversos projetos do mundo cripto

Ah! Para saber mais sobre a posição oficial da Bitso em relação ao Merge da Ethereum, não deixe de conferir aqui mesmo no blog o statement oficial da empresa. Dito isso, vamos entender mais sobre o que é esse The Merge e qual o potencial dessa mudança na rede Ethereum.

Um breve histórico sobre o The Merge

Merge é uma palavra em inglês que pode ser traduzida como “fusão” e, no caso do universo cripto em que falamos agora, essa seria a união de duas redes dentro do Ethereum: a própria rede com a chamada Beacon Chain.

Beacon Chain é uma rede dentro do Ethereum lançada em dezembro de 2020 que tem como maior diferença o meio de validação de transações, saindo do Proof-of-Work (PoW) originalmente tido como meio da rede e indo ao Proof-of-Stake (PoS).

De maneira resumida, a diferença entre os dois meios de validação de transações é a seguinte: enquanto no PoW é necessário que a pessoa tenha um computador com bastante capacidade para disputar com outros computadores na corrida pela mineração da próxima unidade, com PoS as pessoas que tiverem mais unidades acabam tendo mais “poder de fogo” de validação.

O que é o The Merge?

The Merge é o evento em que a Beacon Chain passará por uma fusão com a rede Ethereum, fazendo com que o sistema de validação de transações do Ethereum passe de PoW para PoS.

Essa mudança está acontecendo nesse mês de setembro de 2022: teve início no dia 06 (com uma etapa que é chamada de Bellatrix) e, de acordo com o co-fundador da rede Ethereum Vitalik Buterin informou em seu Twitter, deve ser concluída entre os dias 13 e 15 desse mesmo mês.

Para quem utiliza Ether como criptomoeda não haverá nenhuma mudança, a não ser as cotações, que podem se alterar em função da demanda que a Ether (moeda nativa da rede Ethereum) terá. A diferença mesmo está em relação a pessoas que utilizam a parte de desenvolvimento e validação dessa rede: todos que desenvolvem projetos terão de atualizar o software para que ele consiga “rodar” após essa nova atualização.

Qual a importância prática do The Merge?

São basicamente duas as mudanças que acontecem para a rede Ethereum a partir dessa nova atualização: em primeiro lugar, o consumo energético para as transações que são efetuadas dentro da rede será reduzido e, em segundo lugar, como consequência da primeira mudança, as transações devem ficar mais eficientes e com taxas menores.

O reflexo disso pode ser bastante amplo para a cotação da criptomoeda Ether, mas algo desde já pode ser esperado: em se tratando de uma rede que já apresenta bastante utilização por parte das pessoas (em uma quantidade imensa de projetos), ficando mais fluida, com taxas menores e maior eficiência, é possível imaginar que gere um interesse ainda maior.

Para se ter uma ideia, existe uma expectativa de que, após essa alteração ter sido concluída e estarmos vivendo de fato uma nova rede Ethereum, a quantidade de transações por segundo passe dos atuais 20 para a faixa entre 1000 e 1500 e, a depender de algumas outras atualizações possibilitadas por essa mudança (de PoW para PoS), pode ser que esse número de transações chegue a 100 mil por segundo.

Em relação a esse número de transações por segundo, caso seja possível alcançar o número de cem mil, isso seria quase o dobro da capacidade que a empresa Visa informa processar nas transações do mercado financeiro tradicional, já que a empresa fala em 65 mil transações por segundo.

Qual o efeito ambiental do The Merge?

Essa nova atualização gerará um consumo 99,95% menor de energia para as transações que são realizadas utilizando a rede Ethereum. Sim, uma queda bastante significativa e que na prática permitirá que uma mesma capacidade aconteça na rede, mas com uma pegada ecológica muito menor.

Um dos aspectos mais criticados a respeito das transações com criptomoedas está justamente relacionado ao consumo de energia que elas envolvem – inclusive já até falamos sobre esse mito em outro artigo, especificamente sobre o Bitcoin.

Em termos práticos, após The Merge totalmente concluído e Ethereum rodando fielmente com a validação por PoS, a ideia de que a utilização dessa rede seja algo ecologicamente problemático cairá por terra rapidamente.

The Merge: a primeira grande mudança nas criptomoedas

Desde que o Bitcoin abriu as portas para a verdadeira revolução cripto em que vivemos, basicamente dois fenômenos acontecem com bastante frequência: o surgimento de novos projetos que estão dentro de redes conhecidas e também aqueles que aparecem derivados diretamente delas (esse segundo caso é conhecido como hard fork).

Existe um terceiro campo de possibilidades, que está relacionado ao surgimento de novos meios de processos mais específicos, como o de validação: no projeto Fantom, por exemplo, temos a inserção de uma novidade tecnológica que pode vir a substituir o blockchain mais adiante – vale conferir no artigo específico sobre ele sobre qual a proposta contida ali.

Porém, a grande novidade trazida por The Merge é que, com essa mudança, começa um questionamento sobre o próprio modelo de gestão sobre a  blockchain ou, mais diretamente, como um conjunto de ideias de descentralização em projetos cripto conseguem, sobre si mesmos, realizar grandes mudanças que impactem a todas as pessoas que utilizam de maneira geral.

Ao mesmo tempo que temos The Merge representando um potencial aumento considerável da utilização de Ethereum com base em maior eficiência da rede (e menos consumo energético), o processo também pode representar um entrave capaz de sinalizar para todo o resto do universo cripto que “nem toda grande mudança é possível”, caso algo dê errado no meio dessa junção das redes, fato que não parece provável dado os sucessos nos testes.

Os olhos de todas as pessoas que se atentam com o universo cripto estão virados para o sucesso de The Merge porque é justamente a partir desse evento que diversas possibilidades tecnológicas de mudança poderão ser estudadas e, mais adiante, colocadas em prática.

Com o The Merge Ethereum passará o Bitcoin?

É preciso separar as coisas antes de responder a essa pergunta. Em primeiro lugar, Bitcoin tem uma cotação mais de quinze vezes maior do que Ethereum e, quando falamos do valor de mercado (multiplicando a quantidade de moedas digitais e sua cotação respectiva), novamente temos Bitcoin com quase o dobro do valor da Ether.

Além disso, a característica principal de cada um dos dois projetos é bastante diferente: Bitcoin começou como alternativa ao sistema financeiro tradicional (pretendendo ser um meio de troca, uma moeda digital direta) e hoje é visto como sendo também um meio de reserva de valor, enquanto Ethereum é uma rede que abriga uma porção de projetos do universo cripto.

Levando tudo isso em consideração, o que se pode direcionar é que após The Merge concluído devemos ver um aumento considerável na utilização da rede Ethereum, mas, em se tratando de um projeto com objetivo bastante diferente do Bitcoin, não necessariamente é válida a comparação que sinalize que um projeto ficará maior do que o outro.

Em todo caso, vale observar que, se olharmos apenas para a cotação e o valor de mercado (e não para todo o conjunto de utilidades que cada um dos projetos tem), as possibilidades adicionais em termos de transações por segundo e eficiência geral da rede tendem a atrair a atenção para utilização de Ethereum e, ao longo do tempo, isso pode ser responsável por uma alta considerável da cotação.

The Merge: grande teste de maturidade do universo cripto

A maturidade de qualquer processo pode ser testada a partir do momento em que alguma grande mudança acontece. No atual cenário, no segundo semestre de 2022, as criptos passam por duas consideráveis: um inverno cripto motivado principalmente por uma enorme mudança no fluxo global de capitais (juros subindo e o dinheiro sendo enxugado) e, com início em setembro desse mesmo ano, o The Merge, que apresentamos neste artigo.

Eventos como esse poderão se repetir em outras redes mais adiante, principalmente se tudo ocorrer de maneira pacífica e “conforme o esperado” agora com The Merge. O que ficará de aprendizado – e, novamente, é por isso que esse evento importa tanto – é vermos em aspectos práticos a capacidade do universo cripto em realizar grandes mudanças e ainda assim seguir adiante cada vez mais fortalecido.

Não é exagerado afirmar que um evento dessa magnitude pode mudar a opinião de muitas pessoas ao redor do mundo sobre o universo cripto, seja para indicar que a robustez desse sistema pode apontar para uma utilização global muito mais ampliada no futuro ou ainda que a capacidade, apesar de revolucionária, é mais limitada do que se imaginava a princípio.

Muita atenção ao The Merge e do que dele pode sair. E, é claro, para se informar sobre diversos outros aspectos relevantes quando o assunto é o universo cripto, não deixe de conferir nossos outros conteúdos aqui no Blog da Bitso!

O Time Bitso é formado por especialistas em criptomoedas, garantindo informações seguras e precisas sobre o mundo cripto.