Quando se fala em Compound, a história começa no ano de 2017, a partir da identificação de uma demanda, uma verdadeira necessidade presente no mercado de criptomoedas e que se aplicava principalmente ao caso do investidor médio: a impossibilidade de se conhecer o valor de uma criptomoeda no tempo.
Entendendo essa necessidade, Robert Leshner e Geoffrey Hayes fundaram a Compound Labs Inc., empresa responsável pelo lançamento e operação do Compound no mercado de ativos digitais. Assim, um novo e revolucionário produto passou a ser ofertado, consistindo em um protocolo Ethereum que estabelece mercados monetários com taxas de juros definidas por meio de algoritmos.
O que é Compound?
Para definir o que é Compound, em português simples e não num técnico “criptonês”, é importante dividir Compound em partes. Compound é, em primeira instância, um protocolo financeiro descentralizado (DeFi) que opera no blockchain Ethereum, procurando desenvolver um ecossistema de empréstimos e financiamentos a partir de créditos negociados entre as pessoas que usam a rede.
Mas, além disso, Compound também funciona como um verdadeiro mercado de ativos digitais, que recebe o nome de Compound Finance, em que se negocia o token COMP (a moeda de governança do Compound). O COMP não é a única criptomoeda a ser negociada dentro desse mercado, possibilitando a inserção e utilização de outros tipos de tokens.
Para ficar ainda mais claro, é possível, por meio de uma metáfora, enxergar o Compound Finance como sendo um sistema monetário tradicional, aquele velho conhecido de muitos, formado por bancos e financeiras de crédito.
Essa metáfora pode causar uma estranheza inicial na cabeça de quem está ingressando no mundo dos ativos digitais, pois qual seria o sentido de criar todo um novo mercado que funcione de maneira igual ao que já é tradicionalmente conhecido?
A resposta para essa questão está em uma importante e muitas vezes bem-vinda ausência de intermediários nas operações. No caso do Compound Finance, bem diferente do sistema tradicional, dispensa-se a atuação de intermediários financeiros, a exemplo dos bancos.
Isso representa uma enorme desburocratização, reduzindo custos, elevando a velocidade das operações e tornando as transações cada vez mais globais.
Para que serve COMP?
A comparação realizada entre Compound Finance e o sistema monetário tradicional é importante para compreender que praticamente todas as principais operações realizadas em bancos, como empréstimos e atração de liquidez, podem ser realizadas por meio da plataforma Compound, com o bônus de dispensar a atuação de qualquer intermediário.
No lugar dos bancos ou de qualquer outro intermediário, tem-se todo o potencial da automação e da segurança dos smart contracts.
Para continuar falando sobre a utilidade da plataforma Compound, é necessário falar com maior número de detalhes sobre o protocolo financeiro descentralizado (DeFi).
O DeFi consiste em um movimento voltado para o desenvolvimento de um sistema financeiro de código aberto, a partir do qual as operações pudessem ser realizadas dispensando qualquer necessidade de intermediários ou de autoridades centrais.
Retornando à questão do Compound, nele se realiza a criação de pools de liquidez, com a função de reunir pessoas dispostas a colocar suas criptos para render juros, por meio do empréstimo a outros indivíduos.
A partir dos grupos de liquidez, surgem outras pessoas que, em vez de emprestar, querem ter acesso a empréstimos. Assim, é possível observar a formação de toda uma infraestrutura financeira, cujas operações são realizadas de maneira descentralizada.
Como funciona Compound?
O funcionamento do Compound ocorre com base na conexão entre as pessoas que usam a rede, a partir de uma combinação de smart contracts executados em Ethereum, com incentivos pagos em criptomoedas.
Por meio desses contratos, não é possível que as criptomoedas mudem de dono até o momento em que as condições estabelecidas (os valores acordados) sejam atendidas, consistindo em um sofisticado mecanismo de segurança contra eventuais golpes e calotes.
De forma a simplificar o entendimento, pode-se considerar a existência de apenas dois tipos de pessoas nessa plataforma: credores e mutuários (tomadores).
Credores são quem quer emprestar, enviando os seus tokens para a obtenção de ganhos com juros. Enquanto que tomadores são as pessoas que querem pegar empréstimos, publicando garantias na forma de alguma criptomoeda. Importante observar que o valor dado como garantia sempre deve ser maior que o valor que se deseja pegar emprestado.
No exato momento em que o credor realiza um depósito, é entregue para ele, de maneira automática, uma nova criptomoeda chamada cToken, que representa o depósito realizado. Para cada cToken pode ser realizada a transferência ou negociação sem nenhuma restrição, de maneira livre, com o resgate sendo realizado somente pela criptomoeda inicialmente travada no protocolo.
Para incentivar e manter a realização de todo esse mecanismo, utiliza-se a criptomoeda COMP.
A ideia consiste numa interação, entre pessoa e plataforma Compound, em que a pessoa recebe tokens COMP adicionais como forma de pagamento. Esse pagamento com tokens COMP está atrelado à quantidade de cTokens mantidos em carteira, quantidade associada com o grau de liquidez desse ativo no mercado.
Qual o valor de COMP?
De acordo com o site DeFi Pulse, no ano de 2020 mais de US$500 milhões em ativos estavam bloqueados no protocolo compound.
Além disso, pelo mesmo site, é possível encontrar o ranking correspondente ao final do mês de novembro do ano de 2021 dos protocolos DeFi no qual via-se Compound entre os 5 primeiros. Detalhe: a lista conta com um total de 127 diferentes protocolos. Atualmente, Compound conta com um pouco mais de US$12 bilhões trancados, o que levou a essa quinta posição em capitalização de mercado.
A expressão “trancados” pode ser um tanto quanto técnica, mas se refere apenas à soma dos ativos depositados no protocolo.
Importante também é destacar o token COMP, que até o mês de julho de 2021, valia cerca de US$384. Em relação a esse token, o produto mais recente lançado foi o serviço Compound Treasury, que oferece juros de 4% a.a. para quem usa, como uma estratégia para atrair empresas que originalmente não são do setor de criptomoedas.
Compound, quais são as vantagens?
Para realizar qualquer tipo de análise de uma possível vantagem em algo, não importando o que seja, é necessário estabelecer antes algum parâmetro de comparação, dado que qualquer vantagem ocorre de maneira relativa a outra opção possível.
No caso do Compound, para analisar as suas vantagens, é necessário fazer uma comparação com outra plataforma de mercado, a exemplo do mercado monetário tradicional.
Desse modo, algumas das vantagens do Compound podem ser observadas na tabela abaixo (em comparação às desvantagens do sistema monetário tradicional).
Desvantagem mercado monetário tradicional | Vantagem Compound |
Controle centralizado, taxas e números de empréstimos afetados por intermediários e instituições. | Controle descentralizado, as taxas de empréstimos são determinadas por algoritmos, sem a ação de intermediários. |
Acesso limitado, com dificuldade de acesso a oportunidades de investimento de alto rendimento em dólares americanos ou em empréstimos competitivos. | Capacidade aberta na tomada de empréstimo ou na oferta de empréstimo de quaisquer ativos suportados a taxas competitivas que são determinadas por meio de algoritmos. |
Ineficiência em razão de taxas abaixo do ideal para empréstimos, devido a custos inflacionados. | Taxas de juros combinadas de maneira algébrica e otimizada. |
Não é possível reutilizar as posições fornecidas para outras oportunidades de investimento. | As ações tokenizadas (que são matérias primas no formato de tokens digitais com ligação a um valor de instrumento financeiro) por meio de cTokens. |
Compound, quais são as desvantagens?
Agora, analisando as desvantagens, de novo em relação ao mercado tradicional, elas têm uma grande associação com a característica predominante na plataforma Compound (assim como em qualquer outra plataforma DeFi): a descentralização.
A descentralização é responsável direta e indiretamente por diferentes vantagens nas operações na plataforma Compound, mas, como praticamente tudo no mundo, tem desvantagens também.
Afinal, os recursos são escassos, e as informações são assimétricas, requerendo um nível mais alto de atenção e conhecimento da pessoa, que precisa “saber exatamente o que está fazendo”. Um exemplo prático ocorre na não existência de custódia nas operações em Compound.
Mas o fato de não haver custódia não seria algo positivo? A resposta, ao menos aparentemente, é sim, pois isso significa que as criptomoedas emprestadas não ficam na plataforma, permanecendo na carteira de criptomoedas da pessoa.
O grande problema está na possibilidade de falha do algoritmo, possibilitando o hackeamento da operação de empréstimo, com a possibilidade do usuário perder todas as suas criptomoedas.
Lembrando que, em função da descentralização, não há como recorrer a algum órgão regulatório que possa fornecer garantias contra perdas. A maior garantia nesse caso é a compreensão do usuário acerca dos potenciais ganhos e riscos envolvidos em suas operações.
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