As possibilidades do universo cripto são bastante diversas. Quando falamos de aspectos ligados ao mundo financeiro, muitas soluções acabam gerando interligação entre sistemas tradicionais e ferramentas novas que otimizam as transações.
Um dos casos em que isso acontece envolve os chamados Equity Tokens, representações digitais de Equity, partes correspondentes à propriedade de uma empresa.
Provavelmente, a maior vantagem dessa interligação com estruturas já existentes é o fato de que isso torna o uso mais palpável.
Afinal de contas, uma coisa é termos uma tecnologia com a intenção de resolver problemas que ainda nem temos. Outra, bem diferente, é quando as otimizações que ela traz deixam o tempo presente mais eficiente.
Existem outros tipos de token, sobre os quais discutiremos de maneira um pouco mais ampla em outro momento, mas, aqui falaremos com detalhe sobre os Equity Tokens.
Boa leitura!
Antes de tudo, do começo: o que é token?
Token é a transformação de um ativo físico – como a propriedade de um imóvel ou a posse de uma barra de ouro – em um ativo digital. Basicamente, tudo o que existe no mundo físico pode ser tokenizado. Quando isso acontece, a unidade de medida passa a ser bem mais objetiva.
Por sinal, o processo de tokenização lembra um pouco a história das moedas fiduciárias.
Antes de existir as moedas, todas as pessoas faziam transações com base no excedente de suas produções, aquilo que tinham para além de suas próprias necessidades.
Uma pessoa que tinha consigo soja além do que precisava e queria comprar milho podia encontrar outra ponta que tivesse o interesse inverso, isto é, que tinha milho sobrando e interesse em comprar soja.
Esse encontro específico demandava muito esforço e complicava qualquer tipo de transação. Tudo isso ficou muito mais fácil a partir do incremento da moeda, que colocava em uma “linguagem padronizada” as trocas entre diferentes partes.
Com a moeda, não se fala mais em trocar quantidades específicas, mas sim em trocar moeda por essas quantidades. A conta é feita não mais em sacas de milho ou soja, mas em moeda.
Ou seja, a moeda tornou-se o meio de troca mais efetivo, sendo igualmente uma unidade de conta que é capaz de precificar qualquer ativo em uma economia.
A tokenização é quase como uma etapa moderna desse processo, porque busca colocar ativos que tenham critérios subjetivos em “conversação” de mesmo nível.
Em bom português, ao tokenizar, você consegue acompanhar a variação de valores de um ativo muito mais diretamente, bastando verificar a variação da cotação de cada token.
O que é Equity?
Equity é uma parte correspondente à propriedade da empresa. Na eventual liquidação de todos os ativos, você receberia uma parte proporcional correspondente à sua fatia dentro da companhia. Logo, o conjunto de todas as partes de Equity que estiverem com as pessoas totaliza a propriedade da empresa como um todo.
O exemplo mais direto que pode ser dado a respeito de Equity são as ações, que representam a menor parte de uma empresa que pode ser comprada ou vendida nas Bolsas de Valores.
Por conseguinte, são essas as pessoas que têm a propriedade, isto é, são as donas da empresa na prática e tomam as decisões de negócios nas votações, considerando as ações ordinárias.
A identificação dessas partes pode ser aberta, como ocorre em empresas que estão listadas em bolsa e você consegue saber de alguma maneira quem detêm cada parte.
Outra opção é a identificação fechada, como acontece em empresas de sociedade anônima, mas de capital fechado.
Em termos do balanço de uma empresa, a parte relacionada ao Equity pode ser encontrada da seguinte maneira: pegue todos os ativos e deduza todos os passivos.
O que você encontrará representa o patrimônio líquido, que se refere ao capital que está nas mãos (ou sob poder de) pessoas que têm a propriedade daquela empresa.
Essa propriedade garante benefícios específicos, como o direito prioritário a dividendos e/ou a deliberação sobre tomadas de decisão de gestão, certo?
E Equity Token, é o que então?
Equity Token é o encontro entre o conceito de Equity (parcela de propriedade de um negócio) e a tokenização (transformando esse ativo já existente em digital). Aliás, as novidades trazidas pelo universo cripto têm associação com estruturas já existentes, principalmente quando falamos do aspecto financeiro, como no caso das DeFi.
Qual a diferença entre Equity Token e ações?
No Equity Token, o registro ocorre na rede de blockchain, o que traz ainda mais segurança e reduz possibilidades de erro ou alteração com má intenção. Já ao comprar ações, você adquire um papel (hoje digital), que fica guardado na bolsa de valores em que o ativo está sendo negociado.
Nas bolsas, existem políticas muito mais rigorosas de mercado para garantir que falhas e adulterações não aconteçam. Isso também torna as ações muito mais seguras do que eram décadas atrás. Ainda assim, o diferencial que existe com os Equity Tokens é a automação de processos que acaba com a possibilidade desse tipo de interferência humana.
Esses tokens se dividem em dois tipos: os diluíveis e os não diluíveis.
No primeiro caso, o aumento do número de tokens (com novas emissões) acaba por reduzir o “poder” de cada token. E, no segundo, cada token é como se fosse literalmente uma ação (e a propriedade permanece igual, mesmo com novas emissões.
Tipos de Equity Token
Existem 3 tipos principais de Equity Token — uma vez que o ativo pode ser dividido em classes.
As ações ordinárias, por exemplo, dividem os direitos de voto e lucro proporcionalmente aos número de tokens liberados.
Na prática, funciona assim: caso a empresa disponibilize para compra 200 Equity Tokens, o detentor de cada um passa a ter direito a 2,5% dos lucros e tem um voto de peso 2,5 nos conselhos e decisões estratégicas.
Já os Equity Tokens de classes A ou B têm condições específicas de voto e porcentagem nos lucros dos negócios. Veja abaixo como cada um deles opera:
- Equity Tokens Classe A: poder de voto mais expressivo (por exemplo, 10 votos por token) e porcentagem de lucro mais elevada;
- Equity Tokens Classe B: poder de voto reduzido (5 votos por token, seguindo a lógica do exemplo acima) e porcentagem de lucro igualmente restringida.
Oferta de Equity Tokens
Os Equity Tokens podem ser oferecidos publicamente para os investidores (em uma Oferta Pública Inicial ou IPO, como citamos nos próximos tópicos deste artigo). Siga conosco!
Qual a diferença entre Equity Token e Security Token?
Assim como o Equity Token, o Security Token é outra modalidade de token corporativo, que opera como um ativo de título convencional. A diferença é que os Security Tokens representam produtos de investimentos na blockchain que não dão ações da empresa aos detentores, apenas permitem que obtenham lucro a partir delas.
São securities (ativos negociáveis) disponibilizados em formato criptográfico adquiridos por investidores. Estes ativos geram os dividendos, lucros e juros para seus detentores.
Vantagens dos Equity Tokens
Sobre as vantagens dos Equity Tokens, além de todas as que já contamos, ainda temos o fato de que, tendo um token desse tipo em sua carteira, você passa a ter:
- autoridade na empresa;
- poder de voto em conselhos e decisões corporativas de alto nível gerencial;
- segurança sobre os ativos;
- direito sobre as distribuições de lucros e de recompra;
- dividendos automatizados.
Tudo isso torna a relação de propriedade ainda mais direta e simples de ser executada.
Como o Equity Token facilita as ofertas públicas de ações?
Os Equity Tokens representam uma evolução do conceito de propriedade, unindo a tecnologia ao já conhecido conceito trazido pelas ações. Além disso, existe uma vantagem tão específica que valeu a pena abrir um trecho do artigo só para ela: há maior facilidade de se colocar uma oferta desses ativos do que realizar um IPO.
Como já te contamos aqui no blog, quando uma criptomoeda tem seu lançamento oficial no mercado, temos o chamado ICO. Quando falamos do caso específico de Equity Tokens, a ideia é parecida, mas a nomenclatura muda: Security Token Offering (STO).
A partir desse lançamento inicial de Equity Tokens, o que podemos verificar é que, tal qual em um IPO ou ICO, as pessoas passam a ter acesso a esses tokens. Entretanto, o caminho que vai desde o montar de um STO até ele em si é diferente, bem mais barato e simplificado do que no caso de um IPO.
Isso acontece porque as estruturas de regulação são bastante diferentes e as exigências também. É consideravelmente mais simples conseguir acesso tecnológico para uma rede blockchain de validações do que cumprir todas as etapas que um IPO passa até sua concretização.
Sim, essa dificuldade do caminho de um IPO tem relação direta com o aumento das medidas de segurança colocadas ao longo do tempo para evitar fraudes e eventos do tipo nos mercados acionários.
E, dado que já existem outros meios de distribuição de propriedade mais rápidos, baratos e otimizados, essas oportunidades passam a chamar a atenção de quem pretende levantar capital.
A diferença entre Equity Token e Equity Crowdfunding
É super importante pontuar que, além do STO, existe uma estrutura anterior chamada Equity Crowdfunding, que é quando existe um levantamento de capital específico em um determinado período de tempo e não tem relação de mercado secundário.
De maneira bastante direta: um Equity Token adquirido em um STO pode ser revendido a outras pessoas enquanto estiver no mercado, porém, em um Equity Crowdfunding, a participação é definida apenas enquanto ele durar.
Como as possibilidades são mais amplas e móveis (pois não têm prazo determinado), nos Equity Tokens, eles acabam sendo mais utilizados hoje em dia que a prática de Equity Crowdfunding – embora os dois existam até hoje.
De qualquer forma, do ponto de vista de regulação, os dois são considerados ativos mobiliários e estão sujeitos a regras específicas antes do lançamento público. Como isso é muito novo, até a regulação está em construção para que esse mercado se desenvolva e cresça nos próximos anos.
Tokenização: uma revolução, mas todo cuidado é pouco!
Já te contamos como é mais fácil promover a distribuição de propriedade realizada por meio de Equity Tokens do que por outros meios, certo?
De fato, isso tem o potencial de fazer com que muitos negócios consigam levantar capital de maneira mais rápida, dinâmica e automatizada. Contudo, isso não significa que você pode descuidar ou deixar de analisar cautelosamente os ativos que está adquirindo.
Trata-se do mesmo conselho existente para qualquer tipo de investimento: saber seu perfil é o primeiro passo.
O segundo é entender melhor no que você pretende colocar seu dinheiro.
A tecnologia é um fator facilitador para que os negócios distribuam sua propriedade, mas não faz mágica sobre a gestão executada.
Escolha bem sua carteira de ativos!
Saber bem o que você está colocando em sua carteira é essencial, independentemente do ativo que você esteja querendo adquirir, não se esqueça disso.
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