Empréstimo P2P: o que é, como fazer e quais as vantagens e desvantagens dos empréstimos descentralizados?

O que é empréstimo P2P

Você chegou até aqui provavelmente porque conheceu o universo das criptomoedas. E temos um palpite: algo a respeito da valorização delas, principalmente nos últimos anos, te chamou a atenção. Além de diversas possibilidades existentes com os diversos projetos de cripto, será que é possível obter renda passiva também? Neste artigo, você verá que sim.

Uma das diversas avenidas de possibilidades que esse monte de novidades trouxe é a das chamadas Finanças Descentralizadas ou DeFi, onde as transações podem ocorrer sem que exista uma instituição financeira intermediária, o que barateia o processo e permite mais flexibilidade em todo o sistema.

Como no mercado financeiro tradicional, além de tudo que esse mercado oferece, existem duas figuras comuns: as pessoas que estão procurando recursos de um lado e, do outro, as que têm recursos sobrando, dispostas a colocar essa sobra no sistema (em troca de algum retorno por isso). A união dessas duas pontas possibilita, por exemplo, empréstimos P2P.

Estando aqui num mundo em que essas operações acontecem de maneira descentralizada, sem uma figura controladora intermediando (como um banco), como um empréstimo acontece? É hora de saber um pouco mais. Vamos lá?

O que é empréstimo P2P?

O nome completo disso, sem abreviação, é Peer-to-Peer Lending, que em tradução direta significa “empréstimo direto entre duas partes”. Esse sistema não é tão recente: foi criado na Grã-Bretanha em 2005 e, logo no ano seguinte, já era visto em países como os Estados Unidos, a China e a Austrália.

Apesar de ser uma prática que já acontece há um certo tempo, teve a autorização para ocorrer no Brasil apenas após uma resolução do Banco Central em 2018, com um limite de R$15 mil reais – o que significa que as operações realizadas por meio desse tipo de empréstimo se encaixam em um crédito menor, quase sempre para pessoas físicas.

Esse limite estabelecido está entre transações feitas entre pessoas físicas. Existem plataformas que oferecem possibilidades em valores maiores, mas entre pessoas jurídicas também. Porém, nesses valores maiores, muda apenas o fato de que os juros são mais baixos, porque ainda haveria uma figura de intermediação, que seria a própria plataforma.

A grande novidade trazida por esse sistema é que, como indica a tradução literal, passa a ser possível que pessoas realizem operações de crédito entre si, saindo do modelo que exigiria uma instituição financeira fazendo isso. Empréstimo peer-to-peer é aquele em que você coloca para dentro do jogo o empréstimo direto entre partes.

O ganho nisso está basicamente em dois aspectos: primeiramente, na redução de custos (já que não é preciso manter uma enorme estrutura de serviços para que os empréstimos aconteçam); em segundo lugar, maior rapidez: se os empréstimos ocorrem entre duas partes, com termos transparentes, podem ser efetivados sem demora.

Existem plataformas que permitem que você realize esse tipo de operação dentro do sistema tradicional, mas existem limitações em virtude do valor máximo colocado pelo Banco Central quando ocorre entre pessoas físicas.

Empréstimo P2P no mundo de criptomoedas e DeFi

Um empréstimo P2P ainda exige que as pessoas envolvidas iniciem o processo. Porém, falando dos projetos de Finanças Descentralizadas ou DeFi desde 2020, é possível utilizar a estrutura de blockchain para realizar essas operações.

Projetos como o token Uniswap e a criptomoeda Aave trazem uma inovação interessante: em suas plataformas originais, eles permitem obter renda passiva com suas criptomoedas e pegar empréstimos com base nelas de maneira direta e automatizada.

Os diferentes projetos podem ter como base ideias diferentes, mas acabam sendo parecidos no aspecto de que buscam colocar as duas pontas de um empréstimo diante de algum mecanismo que automatize as operações sem intermediários, tanto para quem disponibiliza criptomoedas que tenha sobrando quanto para quem vai pegar empréstimos.

Outro aspecto, que inclusive tem relação direta com grande parte das novidades trazidas pelo universo cripto, é o fato de que esses empréstimos P2P acontecem via blockchain, o que significa que suas operações ficam todas registradas de maneira a permitir que tudo seja auditável e o mais transparente possível.

As transações dentro dessas plataformas acontecem com base nos chamados smart contracts, programas de computador que definem exatamente tudo que irá acontecer a cada nova parte movimentada – quem ganha o quê, quem recebe quanto se fizer tal coisa e assim por diante.

Liquidity Pools e a mágica dos empréstimos descentralizados

Tudo isso ocorre através da chamada liquidity pool (o que busca garantir liquidez). Esse mecanismo permite que apenas uma das duas pontas precise ter a “atitude inicial” do empréstimo.

Funciona mais ou menos assim: dentro dessas plataformas de crédito descentralizado, a pessoa que quer participar faz isso para contribuir para o aumento dessa liquidez (colocando suas criptomoedas ali) ou usando dessa liquidez (pegando emprestado).

Falamos que a “atitude inicial” do empréstimo é tomado por uma só parte porque, através desses potes de liquidez, as ferramentas descentralizadas de automação direcionam essa liquidez para cumprir o que a parte que entrou em contato está esperando: depositar ou pegar emprestado.

De maneira bastante direta: não é preciso ter, como no P2P tradicional, uma parte disposta a emprestar recursos aguardando uma outra que quer pegar emprestado para que tudo aconteça; basta que qualquer uma dessas partes entre em contato com a liquidity pool com seu “pedido”, e o mecanismo automatizado fará sua parte com aquelas criptomoedas que estão ali.

Para que você consiga um empréstimo dentro desse tipo de plataforma, basta se “conectar” a ela e verificar as condições, tanto para pegar os recursos quanto relativo aos custos e juros envolvidos. E quando você é o lado que está emprestando, vai contribuir para aquela liquidez e receberá um rendimento sobre isso: esse é o tal Yield Farming.

Vantagens do empréstimo P2P via DeFi

A gente te contou vantagens e desafios dos empréstimos P2P dentro das Finanças Descentralizadas, e sempre vale termos um momento para falar sobre isso de maneira mais direta e informativa. Vamos listar!

Em relação às vantagens, as principais são as seguintes:

  • Apenas uma parte inicia o processo: não é preciso ter as duas pontas para que o todo aconteça, só é preciso que exista o pool de liquidez, assim, tanto a parte que minera essa liquidez quanto quem quer usar pegando um empréstimo podem fazer isso de maneira direta;
  • Automatização do empréstimo e do recebimento de compensação por disponibilização da liquidez: é a plataforma de crédito descentralizada, por meio de empréstimos via blockchain, quem faz a conexão entre quem quer aumentar aquela liquidez e quem quer pegar empréstimo, não há uma figura adicional analisando manualmente isso tudo;
  • Obter renda passiva com criptomoedas: se ter em sua carteira já é interessante, permitir que elas mesmo “paradas” recebam rendimentos é um estímulo a mais para estar em contato com todas essas possibilidades do universo cripto;
  • Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades: em algumas das plataformas, as moedas nativas que remuneram, além de renderem mais recursos, também permitem que você faça parte da governança da plataforma, ajudando a decidir sobre seus rumos.

Desvantagens e riscos do empréstimo P2P via DeFi

Já sobre as desvantagens, temos as quatro seguintes como principais:

  • Necessidade de confiança na plataforma: enquanto o sistema financeiro tradicional tem  conjunto de regulações, normas e instituições que buscam garantir a segurança das operações, aqui se tem um pacto de confiança de que a plataforma que intermediará a liquidez será honesta e cumprirá sua parte;
  • Se faltar liquidez, acaba com tudo: a base de todo esse sistema é a disponibilidade de liquidez dentro dos pools; se essa liquidez desaparecer (por exemplo, com uma grande variação nas cotações, que pode acontecer), perdas significativas podem ocorrer;
  • Código inseguro: ainda que esses empréstimos tenham a segurança da blockchain, por terem como base smart contracts, há o risco de pessoas mal intencionadas conseguirem encontrar falhas naquele código e roubar os recursos;
  • Cofres trancados para sempre: nesse sistema, você precisa “bloquear” recursos nos chamados Vaults (em tradução literal, cofres). Caso alguma condição não seja realizada ou alguma mudança grande de valor aconteça, é possível que tudo que você depositou ali naquele cofre fique fechado, como se ele afundasse no mar.

Especificamente em relação a este último ponto, vale uma explicação mais detalhada. Bancos e instituições financeiras tradicionais possuem uma capacidade garantidora (de honrar seus compromissos) com base na imensa quantidade de dinheiro que circula por eles.

No caso de plataformas de P2P em DeFi, ainda há um caminho grande a percorrer – lembrando que muitas novidades são de 2020, portanto, bastante recentes – quando o assunto é a quantidade de recursos em disponibilidade, justamente esse pool de liquidez.

Isso, na prática, significa que a chance de você ter esse último problema (de perder recursos por uma oscilação muito grande dos valores) é consideravelmente maior em uma plataforma de crédito descentralizada do que em uma instituição bancária tradicional. Então, que fique claro: esse é um risco a ser considerado. Infelizmente, nem tudo são flores!

Informação é sempre a melhor amiga da boa decisão!

Você entrou aqui pensando em uma maneira de conseguir renda passiva com criptomoedas, possivelmente se encantou com tanta novidade que essas possibilidades permitem e talvez se assustou com os riscos que ela coloca na mesa. A gente entende.

Aqui na Bitso, temos a possibilidade do Bitso+ para rendimentos em stablecoins e Bitcoin, sem os riscos dessas plataformas de DeFi. Claro, nem mesmo aqui conseguimos proteger seus ativos da volatilidade, mas temos um ambiente que pode ser mais atraente para quem ainda não quer ir sem apoio de uma empresa como a nossa para essas plataformas P2P.

Continue se informando sempre, para tomar as melhores decisões para você e seus aportes. Dentro das missões no Blog da Bitso, queremos te informar melhor sobre os diversos projetos do universo das criptomoedas, apresentar as diversas possibilidades existentes envolvendo esses projetos e te deixar com todas as informações de que precisa para se decidir.

O Time Bitso é formado por especialistas em criptomoedas, garantindo informações seguras e precisas sobre o mundo cripto.