O que é especulação financeira e como funciona essa prática?

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Quando falamos de especuladores financeiros, provavelmente não existe nenhum outro personagem no universo das finanças que seja mais popular e, ao mesmo tempo, tão mal compreendido como eles. Todo mundo, mesmo as pessoas que estão bem distantes do mercado financeiro, já possui uma imagem formada a respeito da figura do especulador, mas sem entender o seu verdadeiro significado.

Na maior parte das vezes, especuladores financeiros são confundidos com monstros perversos sem coração ou com apostadores compulsivos, resultado de uma lenda criada dentro do mercado financeiro e espalhada pelos meios de comunicação, o que aconteceu ao longo dos anos. Mas, como veremos a seguir, esse tipo de confusão é no mínimo um equívoco ou fruto de falta de conhecimento.

Especulação não tem nada a ver com perversidade, e sim como uma oportunidade de ganhar, legalmente, um bom dinheiro no curto prazo. Do mesmo modo, ser especulador também não é o mesmo que ser apostador, pois se os especuladores assumem um risco estimado para ganhar um prêmio, os apostadores assumem riscos em troca da possibilidade aleatória de um prêmio – dependendo da sorte.

Quem são os especuladores?

Já vimos que os especuladores financeiros não são monstros e nem mesmo são apostadores. Então, quem são esses seres conhecidos apenas por especular?

Especulador é a pessoa ou empresa que investiga os movimentos do mercado financeiro, na busca de oportunidades de ganhos. No geral, especuladores são atraídos por oportunidades mais arriscadas, que prometem retornos mais altos, o que acaba contribuindo para identificar a especulação financeira como uma atividade ousada e perigosa.

Nessa busca por ganhos, existem diferentes tipos de especuladores que atuam em diferentes setores do mercado, especulando coisas diferentes e por meio de formas diversas.

Um especulador pode atuar “adivinhando” que o valor de títulos vai subir ou descer, negociando os valores mobiliários com base em sua especulação. Especuladores também podem ser pessoas que financiam a implementação de ideias de negócios (parecido com Shark Tank). Capitalistas de risco, empresas de private equity e fundos de hedge são alguns exemplos de tipos de especuladores.

Considerando os diferentes tipos de especuladores, podemos observar o tempo, como sendo um ponto em comum entre cada especulador financeiro. A especulação se baseia na rapidez, com foco na variação de preços no curto prazo – ou no máximo até o médio prazo – e envolvendo um maior nível de risco quando comparado com aplicações financeiras de longo prazo.

Quais são as características da especulação financeira?

A pressa é inimiga da perfeição, como diz um velho e bem conhecido ditado, mas as pessoas que especulam precisam fazer análises precisas e ao mesmo tempo muito rápidas. Esse é o preço a se pagar pela possibilidade de lucros elevados e no curto prazo.

Assim, quando falamos sobre as características da especulação financeira, geralmente se leva em conta os retornos e os riscos para tomar decisões, operações sendo focadas no curto prazo, além das oscilações presentes no mercado.

O retorno de uma especulação pode ser altíssimo! E é essa possibilidade que costuma chamar a atenção de um grande número de especuladores. Mas, retorno e risco quase sempre possuem uma ligação direta, com altos (baixos) retornos possuindo altos (baixos) riscos.

Independente do retorno e do risco, a especulação financeira trabalha com operações rápidas, na maior parte das vezes, terminando em um curto período de tempo. Essas operações podem durar por algumas horas, minutos ou até mesmo por poucos segundos. O tempo para as operações significa dinheiro, que pode ser rapidamente ganho ou perdido.

Sobre as oscilações de mercado, sem elas a especulação financeira nem mesmo existiria. Não havendo rápidas variações nos preços, os especuladores, sem oportunidades de altos ganhos, não teriam o quê especular.

Uma última característica importante desse mundo da especulação financeira é o fato de que ela oferece liquidez para os ativos. Isso acontece porque quem fica de olho nessas oportunidades de curto prazo movimenta mais os mercados, comprando e vendendo, do que quem opta por comprar e deixar na carteira por um bom tempo.

Como agem os especuladores?

A principal forma de agir dos especuladores é comprar em um período de baixa para poder vender na alta de preços. Em geral, isso acaba ganhando destaque em momentos de crise econômica, momentos marcados por grande instabilidade e oscilação de preços.

Uma grande oscilação de preços pode ser uma grande oportunidade de comprar uma ação, por exemplo, a um preço historicamente baixo, podendo vendê-la depois em um momento de enorme valorização. O segredo é “apostar”, ou melhor, estimar riscos e ganhos de maneira correta, avaliando os indicadores de mercado disponíveis.

Nessa parte, é possível que se faça alguma confusão entre o que são especuladores e apostadores. Vamos relembrar, na especulação a análise – que pode ser sobre Bitcoins, empresas, títulos, entre outros – é profunda e considera questões como nível de lucro possível e grau de risco envolvido. Já no caso dos apostadores, como já observado anteriormente, a sua possibilidade de ganho depende apenas da sorte.

Os especuladores procuram atuar em mercados de risco, a exemplo de bolsa de ações e de mercadorias, com a necessidade dessa atuação ser ativa. É que a especulação exige um acompanhamento quase permanente das variações no mercado. Para especuladores, é importante sempre destacar, a oportunidade de ganhos está nas rápidas variações de preços!

Vale apontar que existe uma diferença entre preço e valor: preço é o que você paga quando compra algo e valor é o conjunto de expectativas futuras. A pessoa que especula está constantemente procurando pela seguinte situação: encontrar preços que estejam abaixo do valor real (porque, dessa maneira, teria achado exatamente a oportunidade que procurava).

Ter disciplina para seguir uma estratégia é essencial na especulação financeira. Porém, isso só é possível com controle emocional, já que as operações na especulação costumam estar sujeitas a momentos de grande pressão e incerteza. A mesma variação que rende ganhos, também pode ser fonte de preocupação e razão para grande vigilância, tudo isso em um curto período de tempo.

Além disso, existem diferentes formas possíveis para se especular. Entre as mais populares, podemos lembrar de Day Trade, Swing Trade e ICO (Initial Coin Offering).

Day Trade são operações de curto e curtíssimo prazo, com as operações começando e finalizando no mesmo dia. No caso do Swing Trade, as operações são de médio prazo, podendo durar até mesmo por algumas semanas. Tanto Day Trade como Swing Trade podem ser feitos com criptomoedas, com base na compra e venda de criptos como Bitcoin, Ether e Litecoin.

Sobre a especulação por ICO, chamado de IPO (Initial Public Offering) de Criptomoedas, trata-se de um modo de financiar projetos de desenvolvimento de Criptos. Os especuladores recebem um novo ativo lançado no mercado, pagando por ele a partir de Bitcoin ou Ether.

Quais são as consequências negativas da especulação?

Como já comentamos no início do texto, ao longo dos anos se formou uma lenda negativa sobre a atuação dos especuladores. É claro que a figura de monstro criada sobre as pessoas que especulam não retrata a realidade, sendo só a consequência do desconhecimento a respeito do que é especulação financeira.

Sobre isso, é importante observar algumas das consequências positivas da especulação, como o de promover uma maior eficiência dos mercados, além de estimular a produção e o consumo na economia.

Realizada essa breve consideração, a especulação de fato pode causar consequências negativas, tanto individuais quanto para a economia como um todo. Não à toa, a especulação é associada a grandes crises econômicas na história, a exemplo da crise do subprime nos EUA em 2007-08.

Uma das grandes consequências negativas da especulação são as chamadas bolhas econômicas. Essas bolhas são causadas por um excesso de especulação no mercado, o que distorce os preços. Como consequência disso, um ativo pode sofrer uma valorização artificial no seu valor, valendo mais do que deveria.

Apesar de bastante contestado, até em função das consequências positivas já citadas, outra consequência negativa atribuída à especulação é a de que se trata de uma atividade econômica não produtiva. É como se os especuladores ganhassem dinheiro sem produzir diretamente bens ou realizar serviços úteis para a sociedade.

Como consequência negativa individual, podemos observar o risco de prejuízos na especulação. Especuladores podem ter grandes prejuízos em suas operações, principalmente pela incerteza quanto ao melhor momento – momento de maior valorização – de vender um ativo. Isso, inclusive, pode ter até efeitos psicológicos negativos sobre as pessoas que estão nessa atividade.

Porém, mais do que consequências negativas, a especulação pode acabar se tornando um crime. Como já comentado, especulação financeira não é crime, mas pode ser realizada de maneira fraudulenta. Essa possibilidade tem ligação com as bolhas econômicas, que podem ser “alimentadas” de propósito por pessoas que querem lucrar com a valorização irreal de algum ativo.

O grande problema se encontra na forma de se alimentar uma bolha econômica, que pode envolver fraudes em balanços contábeis e a manipulação de informações divulgadas para o público.

Especular é uma boa estratégia?

Especular pode ser tanto uma estratégia boa quanto uma estratégia ruim, a depender do perfil de quem está especulando. Por isso, antes de saber das possibilidades dessa estratégia, é mais importante entender o seu perfil em relação a aplicações financeiras.

Na especulação financeira, a possibilidade de elevados ganhos no curto prazo é um grande atrativo para muitas pessoas. Mas isso é um erro, que faz com que muitas pessoas não considerem pontos essenciais a respeito da especulação, resultando em enormes prejuízos.

Como falado ao longo do texto, a especulação exige uma análise mais aprofundada, pois se trata de operações de curto prazo e que, em comparação a aplicações de longo prazo, costumam possuir um risco mais elevado. As variações de preços no curto prazo permitem que os especuladores possam ter altos ganhos, ao mesmo tempo que isso exige uma atuação ativa e quase permanente nas operações.

Assim, a especulação não é uma estratégia indicada para todo mundo, principalmente no caso de pessoas que possuem pouca experiência no mercado financeiro ou que não possuem controle emocional. Especuladores precisam estar preparados para fortes emoções e para momentos de crise econômica!

Quando bem usada, a especulação pode gerar excelentes ganhos, sendo responsável por consequências positivas tanto para o indivíduo (especulador) quanto para a sociedade como um todo.

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