Validar é o ato de confirmar que alguma coisa é verdadeira. Fazer isso via blockchain significa que informações incluídas em uma sequência de blocos de dados precisam de confirmação e, na prática, esse funcionamento acontece de maneira automatizada, com participação ativa da comunidade que participa da rede.
Possivelmente essa informação já é conhecida por você, principalmente se já tiver ouvido falar sobre blockchain. Mas, para além de saber que isso acontece, você sabe como é que acontece?
É exatamente sobre a validação no blockchain que iremos falar neste artigo.
O funcionamento de uma rede blockchain
Uma das mais notáveis ferramentas que abriram as portas do universo cripto foi a possibilidade de inserção de dados em uma rede blockchain. Com esse processo, as informações são todas registradas em blocos que vão sendo encadeados sequencialmente.
Esse sequenciamento de blocos não acontece de maneira desregulada e sem lógica: cada novo bloco conta, para além de todas as informações que carrega, com duas identificações muito importantes, que são seu hash e o hash anterior da cadeia.
Hash nada mais é que a identificação que aquele bloco tem na rede e, ter junto a identificação do hash anterior significa justamente que ele está seguindo uma sequência. A validação entra como peça chave justamente para confirmar essa sequência.
Caso alguém tente alterar algo, por exemplo tentando mudar uma informação que está num bloco anterior, quem fica responsável por validar transações percebe esse movimento e, assim, aquela informação não é alterada. Vem justamente desse aspecto a tão falada segurança de que os dados ficam “talhados na pedra” em uma rede blockchain.
Qual a importância da validação em uma rede blockchain?
A maior utilidade de uma rede blockchain é permitir que novas informações sejam adicionadas e registradas de maneira sequencial e sem a possibilidade de alteração do que foi colocado anteriormente, mantendo um histórico rastreável de tudo que já foi inserido ali. Temos na validação um item essencial para que esse processo aconteça.
Sem a validação, o que aconteceria em termos práticos é que uma informação adicionada em determinado momento poderia sofrer quaisquer alterações que, aos olhos de quem a consultar futuramente (por meio de algum DApp), não seria possível encontrar nenhum histórico e, no fim das contas, a informação seria dada como original.
Tá, mas como a validação funciona na prática?
Caso até então tudo tenha soado como grego, não se preocupe: três breves exemplos bastante conectados com o mundo real ajudam a explicar como a validação faz diferença sobre uma rede blockchain.
Vamos a eles!
Casamentos e divórcios
Imagine que você é chefe de um cartório civil e está automatizando todos os registros que ainda estão em meio físico. Assim sendo, você vai incluindo todos eles em uma rede blockchain de sua confiança. Todos os casamentos e divórcios realizados são incluídos em blocos informacionais, de forma cronológica.
Sem que essa rede tenha um sistema de validação, alguma pessoa com más intenções pode invadir esses dados e colocar alguma alteração, por exemplo excluindo algum dado sobre casamento em uma certa data ou mesmo tirando do ar um divórcio.
Pense no tamanho da implicação (inclusive judicial) que isso poderia trazer no caso de uma breve consulta aos dados.
Rastreamento de obras de arte
Agora imagine que você trabalha em uma galeria de arte que recebe quadros de artistas famosos do mundo inteiro.
Ao receber novas obras, você recebe junto uma lista que contém informações sobre a obra, o autor e também o histórico de pessoas que tiveram a propriedade daquela obra até que chegasse ali. Essas informações são tão importantes que você decide colocar esses registros em uma rede blockchain.
Caso não exista validação de transações nessa rede blockchain, o que pode acontecer é que alguma informação inverídica seja incluída e isso altere até o valor de mercado de uma determinada obra. As implicações sobre a confiança que as pessoas (e potenciais clientes) têm sobre a galeria podem ser fatais para o negócio caso um desencontro de informações aconteça e seja visualizado.
Controlando estoques
Por fim, agora imagine uma pessoa que é responsável pelos estoques de um hipermercado. Itens de toda natureza, em quantidades diferentes, alterando-se para mais e menos o tempo todo. Enquanto você lê essas linhas, caminhões chegam nas docas com mais produtos e clientes estão passando nos caixas produtos que serão pagos e levados embora.
Pensando em unir tudo isso em um só lugar e de modo confiável, você inclui tudo em uma rede blockchain.
Caso seja possível que dados sejam incluídos ou excluídos sem validação, basicamente todo aquele estoque que você acreditava estar em dia pode, na realidade, estar te passando uma informação totalmente equivocada e errônea. Talvez isso te custe até o emprego quando notarem tamanha diferença entre os dados e a realidade.
Quais são os meios de validação em blockchain?
Existem três meios pelos quais a validação ocorre dentro de uma rede blockchain. Note que em todos eles a palavra “prova” (proof) aparece: isso acontece porque todos, cada um à sua maneira, precisam provar algo para que a validação ocorra.
Proof of Work ou PoW
Utilizado pelo Bitcoin, a modalidade de validação Prova de Trabalho coloca uma tarefa pesada sobre a confecção dos blocos da rede, mas em contrapartida oferece fácil verificação das informações ali colocadas. Seus itens indispensáveis são o hash, que é o identificador do bloco e a função nonce, que é um número aleatoriamente escolhido para iniciar o processo de validação.
Como esse trabalho demanda um grande esforço da máquina computacional, temos que esses blocos não conseguem ser colocados na rede sem que exista o trabalho necessário para isso e, por esse motivo, uma parte com má intenção que desejar incluir alguma informação incorreta ou alterar outra incluída anteriormente não conseguirá fazer isso – justamente por por não receber validação das outras partes contidas na rede.
A recompensa atribuída aos pontos da rede que participam desses processos de validação são justamente as criptomoedas nativas daquela rede. Com isso, temos que esse processo de validação funciona com base na mineração de criptomoedas.
Ah! Vale a pena mencionar um ponto: há também o Proof of History, ou PoH, executado no projeto Solana e que é inspirado no Proof of Work. Pelo fato de ser um processo que apenas altera o momento de validação na rede e de ser usado apenas no Solana, optamos por apenas mencioná-lo e não separar em outro tipo de validação no blockchain.
Proof of Stake ou PoS
O grande projeto que se utiliza desse método de validação, que também é conhecido como Prova de Participação, é o Ethereum. Neste caso, tendo surgido com a ideia de aperfeiçoar o PoW, aqui a ideia não é a de colocar todos os nós (nodes, as partes responsáveis pela validação na rede) como iguais, mas permitir que exista alguma maneira de definir quem teria mais capacidade de validar transações.
Essa avaliação de capacidade pode passar por critérios como a idade daquele nó ou a quantidade de tokens que estão ali “travados” para que o processo possa acontecer.
Aqui entra em cena o nome desse método: a participação importa porque, quanto mais tokens a pessoa tiver, maior a chance de que seja selecionada aleatoriamente para participar de um processo de validação. Em termos gerais, quando falamos em PoS, estamos falando em uma definição de “qualificação” de cada nó e, quanto mais “qualificados” eles forem, mais participam ativamente das validações. Isso ajuda a economizar a energia gasta no processo de validação.
Temos como recompensa aos participantes por essa modalidade as chamadas taxas de recompensa. Desse modo, não se trata aqui de um processo de mineração, mas de remuneração com base em todas as operações de validação que aquele nó participar.
Proof of Authority ou PoA
Não sabemos há quanto tempo você circula pela internet, mas se lembra dos tempos dos fóruns de assuntos específicos vai entender rapidamente essa metodologia de validação. Lembra daquela figura que ficava responsável por definir as ordens do fórum, o que podia e o que não podia, sendo chamada de moderador?
Então: falar de PoA significa elencar a figura de moderadores que ficarão a cargo das validações.
Diferentemente do que acontece em PoS, aqui os nós que participam das validações são apontados por sua credibilidade e não de forma aleatória. Há uma figura de “mestre de cerimônias” que escolhe quem serão as partes que criarão e verificarão blocos e, a partir disso, essas partes receberão as recompensas pelos serviços que prestarem.
Validação é essencial, não se esqueça!
Dentre os diversos pontos que você precisa se atentar quando tiver interesse em saber quão robusta é uma rede blockchain, o meio como as validações ocorrem e se existe confiança que o processo é corretamente seguido certamente é um dos mais relevantes a ser observado. Sem adequada validação, uma rede blockchain pode ter sua utilidade reduzida a zero.
Validação existe basicamente para que não seja preciso simplesmente “confiar” na inserção de novas informações em uma rede blockchain. Independente de ser PoW, PoS ou PoA, essa figura é indispensável para que a rede seja útil, confiável e como consequência disso acabe atraindo cada vez mais pessoas para a utilizarem.
Para além de aspectos mais técnicos como esses que levantamos neste artigo, não se esqueça de verificar aqui no Blog da Bitso mais informações sobre o universo cripto!