Tokens de governança: distribuindo o poder de decisão

Imagem de urna recebendo um voto de papel.

Criptomoedas não servem apenas para transações financeiras, elas também podem envolver a tomada de decisões e o direito de voto das pessoas que as tiverem: tokens de governança são justamente esses projetos que descentralizam o poder entre diversas pessoas.

Quer entender o que são os tokens de governança e como isso auxilia as decisões dos grandes projetos de criptomoedas existentes? Então continue lendo este artigo!

O que é um token?

Token é a padronização de um ativo de meio digital. Se essa definição te pareceu muito direta, vamos explicar um pouco mais abertamente – e essa explicação tem a ver com como mudamos ao longo do tempo o que consideramos ser uma moeda.

A história da moeda e tudo que precede o token

As primeiras trocas entre as pessoas aconteciam com base em excedentes de produção: quem tinha algum item sobrando e queria outro, precisava procurar alguém que tivesse a inversa necessidade. Por exemplo: aquela pessoa que tinha produzido mais milho do que precisava consumir e queria arroz procurava quem havia produzido mais arroz e estava procurando milho. Isso criava muitas dificuldades.

Ao longo do tempo uma inovação surgiu: passou-se a ser considerado como meio para troca a posse de metais preciosos, como o ouro. Quem tinha o metal dourado poderia utilizá-lo para trocar por esses excedentes. Um certo avanço, mas ainda dependendo da oferta desses metais específicos.

O próximo item de evolução na história é algo que usamos diariamente: as moedas fiduciárias, o papel que é emitido por bancos centrais cujo valor depende do que está escrito neles e também do quanto se consegue trocar de bens e serviços por ele.

Chegamos então a essa figura: o token

Temos com a tokenização um passo adicional e recente nessa história: a partir desse mecanismo, são divididos ativos bastante diferentes e colocados todos em uma mesma relação. Independente de ser um prédio, um veículo ou até mesmo uma empresa, temos nos tokens a divisão daquele todo e, a partir da valorização ou desvalorização da cotação de um token, sabemos o comportamento de mercado daquele ativo.

Existem diferentes tipos de tokens, mas neste artigo nos concentramos no token de governança.

O que é governança?

Governança é um conceito que engloba todo um conjunto de práticas que são relacionadas com o ato de governar, de definir diretrizes para execução e acompanhamento de grandes tomadas de decisão. Geralmente está relacionado ao alto escalão público ou ao nível corporativo mais elevado, onde as decisões que mais impactam o todo são tomadas.

Levando em conta que o universo cripto traz como um de seus pilares a descentralização, como seria possível tornar essa tomada de decisão mais ampla? É justamente nesse ponto que entra a figura dos tokens de governança.

O que é um token de governança?

Agora que você já sabe o que é um token e o que é governança, talvez o conceito tenha se tornado quase intuitivo, mas vamos apresentá-lo mesmo assim: token de governança é aquele token em que, quem o tem, participa de maneira direta da tomada de decisões daquele projeto cripto que o emitiu.

Seu funcionamento tem como base as chamadas Organizações Autônomas Descentralizadas (também conhecidas pela sigla DAO), que são as responsáveis pela emissão desse tipo de token e também pela operacionalização dessa complexa rede pulverizada de decisões entre as pessoas que têm esses tokens.

Os três pilares de um token de governança são as seguintes características: ser confiável, ser transparente e ser descentralizado. Sem essa tríade fica difícil imaginar que realmente a missão de distribuir o poder entre as pessoas que tenham o token de fato aconteça de fato, não é mesmo?

Token de governança vs Equity token

Existe um tipo de token que lembra bastante o token de governança: o equity token. No caso deste, toda pessoa que tem uma unidade de token é como se tivesse uma ação da empresa, com a diferença de que esse token vale independente da moeda do país emissor.

Um exemplo para facilitar o funcionamento prático dos equity tokens: imagine que uma empresa tenha sede na Holanda mas tenha filiais no Brasil, nos Estados Unidos, no Canadá e no Equador. Cada um desses países tem uma moeda fiduciária diferente, então como equalizar o valor da empresa? 

Com a tokenização isso é possível: uma unidade de token da empresa unifica o valor em torno de si, e a negociação desses tokens independerá do país emissor ou de onde estiver localizada a negociação.

Pode existir então uma confusão com os tokens de governança, porque eles também significam certa diluição de propriedade. Porém, a diferença é que enquanto nos equity tokens existe apenas a divisão de propriedade, no caso dos tokens de governança dividem-se a propriedade e o conjunto de decisões – ou seja: tokens de governança vão um pouco além do que fazem os equity tokens ou mesmo as ações.

Dessa forma, resumidamente, temos que a ação é a distribuição de propriedade com emissão em um determinado local, equity token é essa distribuição feita de maneira global (não relacionada ao local sede) e token de governança é a pulverização do poder de decisões sobre projetos cripto. É possível afirmar que os três itens tenham essa linha de conexão.

Por que foram criados os tokens de governança?

Os tokens de governança cumprem um papel importante na grande missão de tudo que envolve a ampla gama de possibilidades do DeFi: o passo adicional de, além de permitir que as pessoas vivam um sistema independente e aberto de transações, também possam decidir sobre ele.

Pessoas que têm esse tipo de token, mais do que a possibilidade de simplesmente terem algum resultado com a variação da cotação daquelas unidades, passam a participar de maneira direta do meio mais amplo de descentralização de poder que já existiu até hoje.

A maior das utilidades do token de governança é justamente colocar em prática esse princípio de descentralização que tanto é apresentado como sendo uma grande novidade pelo universo cripto em termos de tomada de decisão. 

O que muito é dito sobre como as pessoas conseguem definir os rumos dos diferentes projetos é colocado em prática aqui. Ter um token de governança significa sair do papel de espectador e passar para a cadeira da direção nessa revolução que teve suas portas abertas pelo Bitcoin e hoje conta com milhares de projetos em operação.

Vantagens e riscos dos tokens de governança

Olhando pelo lado das vantagens, temos que os tokens de governança colocam em prática a ideia de distribuir o poder da tomada de decisão entre as pessoas e, através desse mecanismo descentralizado, permitem que o projeto como um todo caminhe na direção do que essas pessoas decidam em conjunto.

Em um mercado que valia quase zero em junho de 2011 e chegou a bater três trilhões de dólares em novembro de 2021, novidades que vão além dessas cifras que enchem os olhos podem acabar ficando de fora.

Mesmo que ainda sem a atenção devida, esses projetos que envolvem tokens de governança existem. Um desses casos é o token UNI, da UniSwap: as pessoas que tiverem o token UNI podem decidir sobre os rumos da UniSwap, que é uma exchange descentralizada (DEX).

Quais são as perspectivas para os tokens de governança?

As novidades do universo cripto são muito rápidas e, como sempre apresentamos, vão muito além das oscilações das cotações. Os diversos projetos que surgem acabam colocando na mesa novas soluções para velhas questões e, certamente, entre esses clássicos entraves está a necessidade de ampliar a representatividade de poder.

Tal qual vimos acontecer com projetos que vieram para complementar funções do Bitcoin como meios de pagamento (mais rápidos, mais dinâmicos, mais baratos), podemos aguardar novos tokens de governança que tornem estruturas de poder cada vez mais próximas das pessoas.

Porém, uma coisa não se pode esquecer: assim como em toda e qualquer ideia nesse universo cripto, apenas uma ideia vazia de descentralização não chega a lugar algum, é sempre preciso pensar em qual problemática um projeto resolve. A parte positiva é lembrar que não faltam problemas que possam ser efetivamente encaminhados justamente por meio da distribuição de poder.

Que a democratização do acesso à tomada de decisão siga adiante! E tomara que, nesse meio tempo, você não deixe de seguir acompanhando os conteúdos sobre tudo que se passa nessa revolução cripto aqui no Blog da Bitso!

O Time Bitso é formado por especialistas em criptomoedas, garantindo informações seguras e precisas sobre o mundo cripto.