Comecemos pelo princípio: liquidez é a capacidade de transformar uma aplicação financeira em dinheiro para ser utilizado. Os impactos de como escolher investimentos de acordo com sua liquidez significam calmaria ou problemas para sua vida financeira.
A ideia neste artigo é apresentar a você possibilidades que vão além da liquidez diária, que são aqueles que te possibilitam viver de maneira mais tranquila quando o assunto é dinheiro, já que te ajudam em situações no curto prazo que podem ser inesperadas ou mesmo corriqueiras e frequentes, mas de curto prazo.
Importante desde já um ponto aqui vamos frisar sobre o conceito de liquidez em si, não o tipo de investimento, combinado?
O que é liquidez em um investimento?
Liquidez, quando falamos em investimentos, significa o tempo que demora entre o momento em que você executa uma ordem de resgate de uma aplicação financeira e a hora em que esse dinheiro fica disponível na sua conta, seja em uma instituição bancária ou em uma corretora.
É importante entender mais sobre o que é liquidez em um investimento antes de tomar a decisão de investir em algo porque é através dessa informação que você fica sabendo por quanto tempo seu dinheiro ficará “congelado” em uma aplicação antes que você possa usá-lo de novo.
Quando olhamos o custo do dinheiro no tempo, existem dois aspectos que precisamos considerar: os juros e a inflação. Quando você está investindo, o que importa é o rendimento real, ou seja, a diferença entre os juros recebidos por aquela aplicação e a inflação do período. Sendo essa diferença positiva, você está ganhando dinheiro – e, se for negativa, o seu patrimônio está perdendo valor ao longo do tempo.
Olhando para meios de investir que não sejam para suprir necessidades imediatas como as da reserva de emergências ou do dia a dia mas sim olhem para um horizonte maior de tempo, as possibilidades vão se ampliando. Vamos apresentar a você muitos aspectos para pensar que complementarão isso!
Quais são os tipos de liquidez nos investimentos?
São basicamente dois os tipos de liquidez nos investimentos: diária e não imediata. Dentro do segundo tipo, temos aquela com prazo de tempo conhecido e estabelecido logo ao início e também aquela que depende do funcionamento do mercado de que se está falando.
Investimentos de liquidez diária são mais facilmente encontrados: você possivelmente tem uma conta corrente com acesso a poupança, seu banco ou corretora te oferece CDBs e Tesouro Direto talvez não seja algo desconhecido.
Levando em conta que a liquidez é não imediata, você pode ter aqueles que conhece o período quando faz a aplicação, como por exemplo um fundo de investimentos que só permita o resgate em 60 dias, ou ainda um CDB de um banco cujo prazo de vencimento é de 1 ano, portanto é um investimento com baixa liquidez e você só vai ver esse dinheiro depois desse tempo.
As opções disponíveis dentro do mercado financeiro são ainda mais amplas quando consideramos a liquidez não imediata porque é do interesse das instituições financeiras que você deixe com elas seu dinheiro o maior espaço de tempo possível, dado que isso amplia as possibilidades delas de investirem e fazerem dinheiro a partir da sua aplicação.
Essas possibilidades de fazer dinheiro são o spread bancário no caso dos bancos e a disponibilidade para aplicar em projetos internos de uma empresa (já que emitir ações é uma maneira de captar dinheiro no mercado).
Liquidez e custo de oportunidade
No fim das contas, como é mais favorável ter essa disponibilidade de dinheiro por mais tempo, todo tipo de instituição financeira busca meios de te incentivar a manter seus recursos aplicados por mais tempo. O que é importante lembrar é que, com o dinheiro tendo um custo no tempo, quanto menor for a liquidez, mais você deve esperar como remuneração ao fim do período.
Um CDB de liquidez diária dificilmente te pagará muito mais que 100% do CDI, mas fica complicado colocar dinheiro em um título de dívida privada (debênture) de uma rodovia concessionada que vai te devolver o dinheiro corrigido daqui há 10 anos caso o retorno não seja alto o suficiente para compensar esse “congelamento” do dinheiro por tanto tempo.
Essa análise que envolve buscar retornos maiores conforme for maior o tempo que você não pode movimentar seu dinheiro com ele aplicado é o que se chama de custo de oportunidade, que é quando você compara uma alocação de recurso ao que poderia ter de rendimento em outro lugar.
Um exemplo prático ajuda a ilustrar. Suponha que você tenha um dinheiro que pode ficar reservado em algum lugar por cinco anos e as opções sejam colocar em um título do Tesouro Direto ou abrir uma padaria. O título do Tesouro te mostra desde o começo qual rendimento você terá (seja ele prefixado, a Selic ou a inflação mais alguma taxa). O rendimento da padaria poderá variar muito no período.
Não é uma conta óbvia de se fazer e variará sempre de acordo com suas possibilidades (pode ser por exemplo que a padaria seja em um ponto tão movimentado que o retorno seja rápido e alto), mas vale sempre a pena de ser feita, principalmente quando o dinheiro for ficar “parado” em algum lugar por um tempo razoável.
Encaixando a liquidez em suas necessidades financeiras
Todas as vezes que você estiver nas proximidades de fazer um investimento, pense na resposta para a seguinte pergunta: quanto tempo vou ficar sem ver meu dinheiro até que ele traga retornos disso que estou fazendo agora?
Lembre-se sempre que a resposta que você vai ter não é trivial. Se por um lado temos a renda fixa em que os retornos são combinados ao início, temos na imensa maioria dos casos retornos variáveis e com oscilação razoável. Tendo além dessas oscilações um período em que você não pode acessar os recursos, o risco de tomar a decisão de investimento fica ainda maior.
Antes mesmo de dizer “esse aqui é o investimento certo para mim”, saber sobre seu perfil e diagnosticar sua situação financeira no período são ações fundamentais.
A respeito de seu perfil, vale procurar fazer alguns testes de perfil de investimento. Costumam ser três esses perfis: conservador, moderado e arrojado, em ordem crescente de apetite para risco. Quanto mais interessado em risco for seu perfil, mais opções de liquidez não imediata aparecerão.
Já o diagnóstico da situação financeira demanda entender outros aspectos. Dentre diferentes maneiras possíveis, vamos apresentar a seguir a técnica dos degraus da situação financeira.
Os degraus da situação financeira
Vamos partir do pressuposto que você não tenha dívidas e ainda consiga juntar dinheiro. Como saber qual a situação em que você se encontra? E é possível melhorar isso? Sim e sim.
Para os exemplos que usaremos a seguir, considere uma estrutura de gastos mensais de R$4.000,00. Pense também em três tipos de ocupação: servidor público, funcionário da iniciativa privada e empreendedor – e que a chance de cada um de ficar sem receber dinheiro por algum período é crescente do primeiro ao terceiro.
O primeiro degrau é a reserva de emergências. Aqui a preocupação é suprir necessidades não esperadas. A liquidez desses investimentos deve ser imediata (ou bastante curta). Quem presta serviços públicos deve buscar um colchão de reservas financeiras equivalente a três meses de despesas, o empregado privado seis meses e o empreendedor doze meses.
Tendo passado por esse degrau, vale pensar nos investimentos mais próximos. No caso desses, a ideia não é se proteger de eventos de curto prazo, mas sim guardar para possíveis oportunidades futuras. Aqui a liquidez não precisa ser imediata, mas é boa ideia se for não muito longa – já que boas oportunidades podem não esperar tanto assim. Use a “regra de bolso” anterior em dobro: seis meses para o servidor público, doze para o funcionário privado e 24 para quem empreende.
Superou o segundo degrau? Possui recursos que te suprem em necessidades de curtíssimo prazo e também outros que podem te fazer aproveitar oportunidades inesperadas? Então é hora de abraçar investimentos de liquidez mais longa, simplesmente porque as oscilações nesse degrau não te prejudicam mais e nem te tiram o sono.
Após superar todos os degraus, muito provavelmente você chegará na liberdade financeira, que é quando os rendimentos dos seus investimentos pagam seu custo de vida – e aí é possível usar o tempo não mais para trabalhar e pagar contas, mas para fazer algo que te agrade mais e que talvez nem tenha relação com dinheiro. É hora de investir no que você nem tenha ideia de quando irá pegar, talvez até fique para os seus netos que você nem tenha ainda.
É possível encontrar outras definições de liberdade financeira, mas, lembra dos R$4.000,00 de custo mensal de vida? Alcançar essa liberdade significa que a sua carteira de investimentos consegue pagar tudo isso apenas com rendimentos.
Caminho longo, mas começar é preciso!
A maior importância de entender sobre liquidez está em não cair em armadilhas. Em um mundo de opções diversas e cada vez mais presentes em nossas vidas, a tentação de colocar dinheiro no “investimento bola da vez” e acabar prejudicando sua tranquilidade financeira é maior a cada dia.
Entender mais sobre os diferentes ativos, papéis e oportunidades é algo primordial antes mesmo de tomar alguma decisão de investimento e, é claro, também estar por dentro sobre qual seria seu perfil de investimento.
Não podemos descartar que você leu todo este artigo e pensou “eu jamais vou conseguir alcançar esse último degrau, é difícil demais”. Mas lembre-se sempre de uma sabedoria de Bruce Lee: a consistência de longo prazo supera a força de curto prazo.
Dê uma chance ao seu futuro financeiro. Pode demorar e ser difícil, mas o caminho vale a pena. Ah, e claro, não se esqueça de contar conosco aqui no Blog da Bitso com algumas ideias para te ajudar nessa missão!