Gestão financeira com criptomoedas: quais pontos valem a pena?

gestão financeira com criptomoedas

A gestão financeira com criptomoedas é uma tendência que precisa estar na mira dos CFOs, por mais distante que essa realidade possa parecer, neste momento, para a empresa.

Os motivos? Entre os mais relevantes estão a expectativa de que, em breve, as moedas digitais se tornarão um importante meio de pagamento a ser utilizado por mercados B2C, fornecedores e até mesmo por órgãos governamentais.

Segundo o relatório “A CFO’s quick guide to cryptocurrency”, da consultoria Gartner, até 2024, ao menos 20% das grandes empresas, ao redor do mundo, usarão moedas digitais como meio de pagamento, reserva de valor ou como garantia de transações financeiras.

Essa possibilidade tem elevadas chances de acontecer, ainda que 84% dos executivos entrevistados para o estudo tenham afirmado que manter criptos como o Bitcoin pode gerar risco financeiro para a companhia, decorrente da volatilidade característica dessas moedas digitais.

Mas então, por quais outras razões a gestão financeira com criptomoedas se tornou algo tão importante e que merece a atenção dos diretores financeiros? Siga a leitura deste artigo e confira essa resposta agora!

O que é gestão financeira com criptomoedas? Por que adotar?

A gestão financeira com criptomoedas consiste em um processo no qual essas moedas digitais passam a ser vistas e tratadas como um dos ativos monetários da empresa.

Além do levantamento da Gartner que acabamos de citar, um estudo da consultoria empresarial Deloitte também mencionou o aumento da quantidade de companhias, ao redor do mundo, que passaram a usar criptos e ativos relacionados com fins transacionais, operacionais e de investimento.

As principais razões para isso são, segundo a pesquisa, são:

  • as criptomoedas quebram barreiras demográficas, gerando novas oportunidades de negócios;
  • elas destacam a empresa dos concorrentes ao permitir a disponibilização de um meio de pagamento extremamente moderno para os clientes e parceiros de negócio;
  • as criptos abrem caminho para a companhia se preparar adequadamente para uso de tecnologias relacionadas, como a blockchain, e para a chegada das CBDCs, que são as moedas digitais emitidas por bancos centrais, a exemplo do Real Digital que será lançado em breve no Brasil em breve;
  • o uso da criptografia, estimulado pela utilização mais ativa das criptomoedas, viabiliza operações financeiras que não são possíveis de serem feitas com moedas fiduciárias, a exemplo do acesso a pools de capitalização e liquidez de investimentos tokenizados;
  • a tecnologia por trás da criação das criptos fomenta transações financeiras muito mais transparentes e seguras, elevando o nível de credibilidade da companhia.

Dica! Não deixe de ler este artigo: “Tokenização: o que é e o que tem a ver com as criptomoedas?

Como usar criptomoedas na gestão financeira de uma empresa?

A gestão financeira com criptomoedas está passível do atendimento de algumas diretrizes, assim como acontece com outros ativos, mas nada que atrapalhe a sua implementação.

Por exemplo, um ponto que os CFOs precisam ter em mente é que as criptos podem ser usadas para composição do capital social da companhia, assim como tratadas iguais a outros ativos financeiros.

Essa resolução vem do Ofício Circulante SEI n° 4081/2022/ME, de 1° de dezembro de 2020, emitido pelo Ministério da Economia, o qual também prevê a dispensa de procedimentos específicos ou distintos dos já são utilizados para a integralização das criptos ao capital social de uma empresa.

E já que as moedas digitais são tratadas de forma igualitária aos demais ativos que um negócio pode ter, é certo que elas precisam ser declaradas à Receita Federal, concorda?

Isso está pautado na Instrução Normativa RFB n° 1.888, de 03 de maio de 2019, que dá diretrizes sobre a obrigatoriedade da prestação de informações relativas às operações realizadas com criptoativos a esse órgão fiscalizador.

Aqui, vale considerar que, na declaração do IR da sua empresa, as criptomoedas devem ser tratadas como ativos, por conta de tudo o que explicamos até agora. 

Entretanto, até o momento, não há regras específicas sobre como deve ser feita essa demonstração. Por conta disso, cabe aos responsáveis pela contabilidade da companhia interpretar as orientações existentes, a fim de prestar contas corretamente ao leão.

Ah! Temos um artigo aqui que vai ajudar você com esse assunto: “Como declarar criptomoedas no Imposto de Renda? Passo a passo para ficar em dia com a Receita Federal

Qual a função dos criptoativos na gestão financeira empresarial?

São várias as funções dos criptoativos na gestão financeira de uma empresa. Entre os mais relevantes estão:

  • se tornarem um novo ativo financeiro para a companhia;
  • serem disponibilizados como uma opção de pagamento;
  • se transformarem em uma nova forma de investimento e/ou alternativa de reserva de valor.

Somado a esses pontos, há todas as vantagens relacionadas ao uso das tecnologias que baseiam a criação e a movimentação das criptomoedas — no caso, estamos falando da criptografia de dados e da rede blockchain

Quanto a isso, podemos destacar questões como:

  • aumento do nível de segurança das operações financeiras;
  • mais transparência nas negociações monetárias, que podem ser facilmente auditadas a qualquer tempo;
  • redução de custos operacionais, por não haver necessidade de intermediários nas transações monetárias.

Quais são os desafios do blockchain na gestão financeira?

Mas ainda que bastante promissor, ainda há alguns desafios e dificuldades do blockchain na gestão financeira dos negócios que precisam ser superados. O principal deles é a falta de conhecimento de muitos CFOs sobre o funcionamento dessa rede.

Por exemplo, o fato de ser uma rede descentralizada e, por conta disso, não pertencer a nenhum órgão ou entidade específico, levanta muitas dúvidas se ela é realmente segura, visto que há cópias em computadores espalhados por todo o mundo.

Porém, é justamente essa característica que a torna tão segura, já que, em um possível ataque hacker, é preciso acessar todas essas cópias, o que é praticamente impossível.

Além disso, é necessário quebrar a criptografia de todos os blocos que carregam as informações e formam a rede. Outra atividade improvável de ser realizada.

Por outro lado, existem diversas soluções que podem deixar esse conceito mais fácil de ser compreendido, como o uso de blockchain em sistemas corporativos, como os ERPs.

Se você quer saber mais como essa tecnologia funciona, leia os outros artigos do blog da Bitso sobre esse assunto, por exemplo:

Milena Marques, tem 37 anos, fez MBA em Investimentos & Riscos pela FGV, atua no mercado financeiro há mais de 15 anos, tendo trabalhado em um grande banco de investimento e na Bolsa de Valores, e tem paixão por auxiliar em planejamentos financeiros e processos operacionais. Na Bitso, lidera a área de Operações Latam, sempre buscando eficiência e segurança nos processos. Além disso, é uma das responsáveis pelo Grupo de Mulheres atuando na representatividade desse grupo na indústria tecnológica / financeira.