Inverno Cripto é um período no qual os preços das criptomoedas caem abruptamente, gerando perdas significativas nos montantes aplicados.
Bitcoin caindo 60% em três meses. Ethereum com redução de 70% nesse mesmo período. Já pensou? Isso de fato aconteceu entre abril e junho de 2022, e também em outros momentos ao longo da história das criptomoedas.
São nesses momentos que as estratégias são repensadas e muita gente acaba saindo do mercado cripto pela alta volatilidade dos preços que, vale ressaltar, é bastante comum nas moedas digitais.
Em uma comparação com o sistema financeiro tradicional, Inverno Cripto é o momento de baixa das ações, talvez como um bear market. Já comparando com a natureza, em uma metáfora possível, é aquele período em que as folhas caem e as estruturas das árvores ficam bastante expostas – sendo possível separar mais claramente o que tem sustentabilidade do que apenas flutuava com o vento.
Como saber que um inverno cripto se aproxima?
Existem basicamente dois os riscos que sinalizam a chegada em breve de um inverno cripto. Em primeiro lugar, são problemas relacionados a projetos de maneira direta, como por exemplo alguma deficiência crônica de origem tecnológica que impacta outros projetos com base parecida.
Como segunda possibilidade, condições externas ao universo cripto mas que acabam o afetando diretamente, por exemplo a alteração na liquidez financeira global. É o tal de risco de mercado, ao qual todos os ativos financeiros estão sujeitos.
Problemas em um projeto impactam todo o mercado
Sobre a primeira das possibilidades, o que pode acontecer por exemplo é o caso de uma stablecoin ruir – como aconteceu com TerraUSD e sua moeda digital relacionada, a Luna. Pense no efeito em cascata que um projeto tido como estável e que segue alguma moeda fiduciária oferece a todo o mercado – primeiramente às demais stablecoins e depois aos projetos como um todo – caso rapidamente desapareça.
Independente de qual a razão naquele acontecimento, primeiramente vemos projetos parecidos sofrerem ao menos algum abalo e, logo em seguida, toda a classe de ativos começar a ser questionada. Em um mercado que nunca dorme, esse pânico geralmente costuma resultar em quedas fortes durante curtos períodos de tempo.
Situação parecida acontece com o mercado financeiro tradicional. Pense por exemplo no período em que a pandemia começou em 2020, as atividades foram reduzidas fortemente da noite para o dia e commodities como o petróleo viram seus preços desabarem.
Qual o efeito disso? Primeiramente uma queda na cotação de ações de empresas de commodities e, prolongando-se o efeito, uma queda dos mercados de ações como um todo.
Liquidez financeira global faz diferença
Lembra do que falamos logo ao início da analogia com a natureza de “verificar quais folhas caíram dos troncos e quais apenas flutuavam com o vento”? Então, em todos os mercados financeiros, dos mais tradicionais ao das criptomoedas, o que acontece é que esse vento é a quantidade de dinheiro disponível na economia global – ou, como costuma ser chamada, liquidez.
Não é tarefa fácil nem rápida identificar o tamanho exato dessa liquidez no planeta, mas existem grandes indicativos de quando essa enorme quantidade de dinheiro circulando irá aumentar ou vai reduzir. É justamente o olhar sobre essas tendências que mais faz diferença para entender o que pode vir a seguir.
Desde a crise de 2008, em diversas ocasiões em que o mundo passou por quaisquer chacoalhões, a liquidez financeira global aumentava para suportar esses choques. Porém, a situação que acontece mais recentemente no pós pandemia (de 2022 em diante) é inversa: há tanto “dinheiro na praça” que essa liquidez começou a ser “enxugada” dos mercados.
O resultado desse enxugamento é bastante direto: todos os negócios ou classes de ativo que tem perfil mais arriscado ou que há um certo nível de incerteza a respeito de quais serão seus caminhos futuros passam a ver suas cotações caírem fortemente. Isso acontece desde empresas inovadoras de tecnologia até os mais diversos projetos de criptomoedas existentes.
Por que um inverno cripto acontece?
Uma analogia bastante interessante para explicar como um inverno cripto acontece é a da torre de taças que recebe espumante em uma festa. Pense na seguinte situação: você chega a um evento e se depara com uma torre de taças de cristal em formato piramidal de 15 metros de altura.
Considere ainda a divisão que iremos te apresentar a seguir para entender o efeito da quantidade de espumante que cai sobre elas.
Os primeiros cinco metros da base seriam os ativos mais arriscados da economia, aqueles que têm enorme potencial mas que ainda pairam algumas incertezas (riscos). Do sexto ao décimo metro de taças encontramos os ativos econômicos que entregam resultados mais constantes, são mais conhecidos, mas ainda sim apresentam certo nível de oscilação de preços. E nos últimos cinco metros do topo estão ativos chamados ‘livres de risco’, como títulos públicos, CDBs de bancos grandes e saldos remunerados em contas correntes.
Agora imagine duas situações diferentes: em um primeiro caso a quantidade de espumante que cai sobre as taças do topo é infinita e, no segundo, a pessoa que organiza a festa avisa que a bebida está acabando e logo deve parar de ser despejada.
Sendo uma quantidade infinita, essa bebida alcançará as três partes da torre de taças sem problemas. Porém, sabendo que a torneira está secando, as pessoas logo correm para beber as taças da base e nas alturas mais próximas (que logo não receberão mais o líquido), provavelmente em pânico pensando em como isso afetará a festa logo em seguida.
A economia global é essa festa e a torre de taças de espumante são as classes de ativos, dos mais seguros aos mais arriscados. Inverno cripto – seguindo essa analogia das taças – é a situação em que, por estarem na base (junto dos ativos mais arriscados), as criptomoedas sofrem com essas movimentações mais rápidas das pessoas – que, na prática, trazem as cotações fortemente para baixo.
É possível evitar um inverno cripto?
Tudo vai depender diretamente de como você encara o universo das criptomoedas. Sendo você uma pessoa que acredita nos potenciais de longo prazo dos projetos (HODLer), verá essas quedas como grandes oportunidades de ter ainda mais tokens em sua carteira.
Porém, focando apenas nas cotações dos projetos, diante de um inverno cripto talvez você sinta um enorme desestímulo de continuar participando dessa revolução que acontece nessa classe de ativos.
Levando em conta que os riscos podem vir de grandes tendências econômicas externas ao mercado das criptos, evitar perdas pode ser muito difícil, mas facilita muito a situação se você pesquisar com mais afinco sobre os projetos que decide ter em sua carteira. Ou, em bom português: se você não comprou porque “viu por aí que era boa ideia” mas sim porque pesquisou aquele projeto e achou adequado, as chances são bem menores de passar por grandes apuros durante um inverno cripto.
O que fazer durante um inverno cripto?
Durante esses períodos existe um misto de desânimo geral junto com uma redução nas atividades de desenvolvimento de novos projetos ou até mesmo de inovações dos já existentes. Caso você seja uma pessoa que se interessa bastante no mercado como um todo e vê potencial real em determinados projetos, é hora de entender mais sobre cada um deles.
Se por um lado as cotações desabando parecem ser um momento de enorme desestímulo a continuar nessa jornada, por outro temos algo bastante positivo: a redução de pessoas que chegaram no mercado por pura empolgação desaparecem e quem resta na sala são as pessoas realmente interessadas por aqueles projetos.
A troca de informações realizada em um momento como esses pode ser muito mais agregadora e permitir que se conheça com muitos mais detalhes projetos específicos, funções inovadoras e desenvolvimentos de toda natureza que acabavam ofuscados pelas variações das cotações simplesmente.
Inverno cripto pode ser um tempo de mudança de estratégia neste mercado
A expressão “botar a bola no chão” é bastante explicativa sobre o efeito mais prático que um inverno cripto tem sobre as pessoas que participam do universo das criptomoedas de alguma maneira. A ótica financeira pode chamar muita atenção e atrair muitas pessoas, mas são realmente as utilidades, melhorias e inovações desse setor que mais têm o poder de mudar as coisas no futuro.
Caso você tenha se interessado por essa classe de ativos apenas pela valorização de cotações de diversos projetos, pode em um inverno cripto ou aproveitar para entender melhor sobre as inovações que ele traz ou procurar outros itens para olhar mais de perto buscando valorizações futuras.
Pode ser também um período para reavaliar estratégias, repensar sua forma de atuação nesse mercado ou até expandir suas aplicações em outros ativos. Todos os dias o universo cripto se renova com projetos diferentes que visam trazer novas soluções. O inverno cripto pode, nesse sentido, ajudar a ampliar os horizontes promovendo novos ativos no seu rol de projetos que considere interessantes.
Para além de reflexões sobre como você chegou a este universo, não se esqueça de conferir os conteúdos aqui no Blog da Bitso!