Você já deve ter ouvido a seguinte expressão: nunca coloque todos os ovos na mesma cesta, certo?
A expressão é simples, mas tem uma mensagem poderosa: nunca concentre todos os seus esforços em um único lugar, seja lá quais forem, materiais ou não. O mesmo vale para o mundo dos investimentos e também das criptomoedas: concentrar é péssimo.
Neste artigo vamos falar da famosa diversificação em investimentos. O que é isso? O que é uma carteira diversificada? Ou melhor, o que é uma carteira bem diversificada? O que deve ter na carteira de acordo com o perfil de cada pessoa? O que é liquidez? Divisibilidade do investimento?
E como tudo isso se combina para se ter uma boa diversificação de investimentos. Então, vamos lá!
O que é uma carteira diversificada?
A diversificação é o fato de ter vários ativos diferentes e descorrelacionados entre si e de classes diferentes. Não ficou muito claro né? Vamos ver um bom e simples exemplo a seguir.
Imagine o caso de uma pessoa que tem uma carteira onde 50% são ações ligadas a consumo e os outros 50% são títulos de renda fixa pós fixados (daqueles que pagam mais juros quando a taxa básica de juro sobe).
Um belo dia os juros começam a subir. Nesse cenário, a renda fixa mais atrativa e os juros que serão pagos para quem aplicou também serão maiores, ótimo. Mas do outro lado da carteira o valor das ações começa a cair pois as empresas começam a ter menores lucros e a terem mais despesas no pagamento de suas dívidas, pois a taxa de juros está subindo.
Logo existe uma descorrelação entre os títulos de renda fixa que esse investidor tem com as ações, quando um cai o outro sobe, a inversão também é verdadeira. Quando os juros começam a cair novamente, as ações passam a ficar mais atrativas em relação à renda fixa e o ciclo se inverte.
Notou que essa pessoa fica mais protegida em diferentes cenários? Imagina se ela tivesse toda a carteira investida em ações! Seria um cenário bem mais volátil, com possibilidade de perda significativa do patrimônio.
Como montar uma carteira diversificada ?
A primeira coisa a saber é qual o seu perfil de investimento, isto é, o quanto de risco você está disposto a correr. Existem 3 perfis: 1. Conservador; 2. Moderado; e 3. Agressivo.
Cada um tem as suas particularidades, mas em resumo a alocação dos ativos em cada perfil tem relação com o retorno esperado e o risco assumido.
É muito importante esse processo do “conhece-te a ti mesmo”, afinal de contas só você sabe o quanto do seu capital você quer em risco e quais são seus objetivos com aquele investimento. Mas antes de falar do investimento em si, vamos ver alguns pontos que às vezes passam batidos na hora de montar uma boa carteira, realmente, diversificada.
A importância da liquidez
Uma vez entendido qual o seu perfil, podemos começar a montar a carteira propriamente dita. Além do risco que se topa correr é preciso levar outro importantíssimo fator em consideração: a liquidez. De forma bem simples a liquidez é uma medida do quão rápido você consegue transformar aquele investimento em dinheiro livre. Confuso? Vamos ver um exemplo prático:
Você comprou uma fazenda no valor de R$1 milhão, e decidiu investir nela. Depois de alguns anos você sabe que sua fazenda vale pelo menos R$2 milhões dado o preço que as demais propriedades nas proximidades da sua foram vendidas.
Porém, existe um imprevisto e você vai precisar vender a fazenda rapidamente. Porém, vender uma propriedade grande e complexa como uma fazenda não é tarefa simples. E logo nos primeiros dias dela anunciada aparece um sujeito disposto a pagar R$1,5 milhão, 25% a menos que os R$2 milhões que você esperava, mas precisando do dinheiro com urgência você aceita o negócio. Conclusão: a fazenda não é um investimento líquido. Além disso, existe todo um trâmite e taxas de cartório e afins que precisam ser resolvidas antes mesmo do dinheiro mudar de mãos.
O tal do prêmio de liquidez
E aqui já aprendemos mais um conceito, que é o prêmio de liquidez, ou seja, para vender rapidamente a fazenda o proprietário topou perder um dinheiro relevante, enquanto o comprador pagou mais barato, capturando assim esse prêmio.
Esse tipo de prêmio é bastante observado na diferença de preço entre ações de empresas semelhantes na bolsa de valores, porém uma é bem mais líquida (muitos compradores e vendedores todos os dias) e a outra nem tanto, logo a ação mais negociada em teoria deveria ser mais cara que a menos, refletindo assim a liquidez elevada. O exemplo acima exemplifica bem a importância de ter um ativo em um mercado líquido, com muitos compradores e vendedores.
A liquidez impacta no interesse de quem investe
Um investimento bastante líquido é um fundo de renda fixa DI, que só compra títulos da renda fixa do governo federal. São ativos que possuem abundante liquidez e podem ser vendidos em questões de minutos, se não forem segundos, por um preço bastante próximo do valor que eles deveriam valer naquele momento. Logo, existe um risco de liquidez muito pequeno. E as transações são liquidadas rapidamente, isto é, o dinheiro muda de mão de forma instantânea.
Então na hora de investir é preciso pensar o quanto da sua carteira você irá precisar de forma rápida, isto é, em alguns dias.
Além disso, o objetivo da sua carteira é muito importante, você está poupando para apenas quando se aposentar, para as próximas férias ou apenas para ter um dinheiro de curto prazo rendendo acima da poupança?
Todas essas perguntas são importantes e a resposta a cada uma delas definirão a liquidez de cada pedaço da sua carteira de investimentos.
A divisibilidade do investimento
Outra coisa importante é ter ativos financeiros ou não, que sejam divisíveis, isto é, que você possa vender apenas uma fração deles quando precisar do dinheiro. Para ilustrar voltaremos ao exemplo da nossa fazenda, se você precisasse de menos dinheiro, poderia apenas vender alguns hectares da fazenda, bastaria passar uma cerca separando a parte que você tem daquela que você gostaria de vender. Isto é, a fazenda é divisível.
Ao contrário de uma casa, que caso você precise de apenas uma fração do quanto a casa vale, você não pode vender apenas um banheiro, mas sim a casa toda, logo a casa não é divisível do ponto de vista de investimento.
Logo quando for investir em qualquer ativo que seja, ações, renda fixa e fundos sempre se certifique que se precisar vender apenas um pedaço você irá conseguir. Normalmente em ações isso é fácil pois as mesas são negociadas por quantidade e é possível vender apenas uma unidade, em renda fixa e fundos podem haver produtos onde é impossível a divisão e todo o valor investido naquele produto em específico precisar ser vendido, o que pode ser indesejável e até mesmo gerar o pagamento desnecessário de impostos.
Como criar uma carteira diversificada?
Agora que já entendemos dois conceitos básicos, porém de extrema importância na hora de investir, que são a liquidez e a divisibilidade, vamos para a montagem da nossa carteira de investimentos, que assim como uma boa pizza tem vários pedaços e pode ter diferentes sabores.
Ainda nas analogias do pizzaiolo, a boa pizza de investimentos tem normalmente dois sabores: Renda variável e renda fixa.
Como montar uma boa pizza, ops, digo carteira!
A primeira coisa é saber o seu perfil! Se é conservador então mais de 90% da sua pizza será de renda fixa e os demais serão renda variável. Não custa lembrar que o investidor de perfil conservador têm maior aversão ao risco – isto é, prefere investir seu dinheiro em produtos de baixo risco e onde ele não verá nenhuma grande variação no seu estoque de capital investido. No geral, podemos dizer que o investidor conservador busca receber ganhos com o menor risco possível, mesmo que para isso precise abrir mão de mais ganhos em potencial. Para o investidor conservador dormir tranquilo é primordial.
Se estamos falando de um investidor mais agressivo, mas que ainda sim tem certo temor ao risco, que é o perfil moderado, pelo menos 65% da carteira estará em renda fixa e os 30% restantes podem ser divididos em ativos de maior risco como ações e criptos. Fazendo com que ele busque um retorno esperado maior, mas ainda sim veja o total do seu capital investido variar menos que os índices de mercado, como o Ibovespa, por exemplo. Lembrando que esse perfil está disposto a assumir riscos maiores para ter uma rentabilidade também maior, mas, ao mesmo tempo, não abre mão de certa previsibilidade acerca dos seus retornos.
Se é um investidor agressivo e que não vai precisar de parte substancial do seu capital no curto prazo, então podemos ter uma carteira bem arrojada, onde a alocação em renda fixa fica entre 40% e 50% e os demais em ativos de maior volatilidade. Vale lembrar que a principal característica que investidores agressivos devem ter é inteligência emocional para lidar com possíveis perdas financeiras, além, claro, de economias ou fontes de renda para lidar com essas situações. Normalmente, se tornam investidores de perfil agressivo aqueles que já têm conhecimento do mercado financeiro e um patrimônio maior, exatamente por conta dessas possíveis perdas.
Quais os principais tipos de investimentos?
Os principais tipos são a renda fixa e a renda variável. Ambos são os pilares fundamentais dos produtos financeiros, e normalmente um produto financeiro ou ativo será classificado dentro de uma dessas categorias.
A diferença fundamental que existe é que a renda fixa é uma dívida, ou seja, você empresta dinheiro para uma empresa ou governo, enquanto a renda variável é um ativo ligado a uma ação ou até mesmo uma commodity física (um barril de petróleo).
No caso de uma ação, é um pedaço de uma empresa, então você tem uma parte dela. Em termos práticos, na renda fixa é possível saber o retorno que o investidor terá com aquele investimento num determinado momento no futuro. Na renda variável é impossível fazer esse tipo de predição.
Para além dessas diferenças com a renda fixa, vale também apresentarmos algumas das vantagens e desvantagens dos ativos de renda variável, para que você possa entender melhor sobre esse tipo de investimento de maneira mais ampla.
Vantagens e Desvantagens de cada categoria de investimento
Renda Fixa: previsibilidade, mas menor retorno no longo-prazo
Na renda fixa, apesar de o risco ser menor (na maioria das vezes), quem investe na classe de ativo tem algumas vantagens.
A previsibilidade talvez seja o maior ponto positivo, isto é, a pessoa que investe sabe o quanto terá ganho no final de um determinado período de tempo. Por exemplo, se ele compra um título do governo que paga 10% ao ano. Por 7 anos, ele sabe que terá o seu capital duplicado ao final desse período.
Essa previsibilidade é muito importante pois ajuda a pessoa a se planejar caso esteja fazendo um investimento no presente pensando num gasto futuro, como uma viagem, um carro ou até mesmo um imóvel.
Outra vantagem da renda fixa é que ela vai bem quando a renda variável vai mal e vice-versa, o que torna tão boa a combinação de ambos em uma boa carteira de investimentos diversificada.
Normalmente as ações vão mal em períodos onde a taxa de juros começa a subir – como acontece no cenário atual, no qual a Selic ultrapassa 10% – e a renda fixa vai bem, pois a remuneração dos títulos fica maior, afinal de contas eles pagam juros, mais juros, mais rendimentos para aquele que investe.
Porém se a taxa começar a cair o rendimento desse tipo de título também irá diminuir. E aqui começam as desvantagens da renda fixa.
A renda fixa é bastante sensível às variações das taxas de juros, logo quem investe nesse tipo de produto precisa ficar ligado nos movimentos do Banco Central e do mercado em geral. Além disso, em prazos mais longos, a renda variável apresenta oportunidades de maior rendimento.
Renda Variável: incerteza dos retornos, mas com oportunidades interessantes
Como existe uma variação grande nos preços dos ativos ao longo do tempo, é possível se aproveitar da variação positiva e ter retornos bastante acima daqueles encontrados em investimentos de menor risco, como a renda fixa por exemplo.
Existem oportunidades em mercados muito mais diversificados, investindo em empresas de diferentes setores ou produtos ligados a commodities no exterior, por exemplo.
No caso de algumas ações, dá até mesmo para receber uma renda pelo simples fato de ter a ação, via o pagamento de dividendos, que nada mais é quando a empresa distribui o lucro para os seus acionistas.
Um dos maiores exemplos que podemos dar sobre as vantagens da renda variável é a capacidade que ela tem de gerar muito valor para o investidor ao longo do tempo. Diferentemente da renda fixa, onde o rendimento futuro já é sabido de antemão ou facilmente calculado ao longo da vida do ativo, na renda variável é impossível saber disso.
As opções de renda variável tem maior complexidade e que exigem um certo conhecimento para que a pessoa que vai investir entenda corretamente os riscos que irá correr. Escolher uma boa ação pode requerer dezenas de horas de estudo, por exemplo.
Alguns desses investimentos podem causar prejuízos além do capital investido, isto é, fazer com que o investidor tenha que apertar ainda mais capital do que inicialmente para cobrir prejuízos, como alguns casos de operações com contratos futuros e derivativos. Essa é a maior desvantagem: a possível perda de patrimônio.
Então, importante frisar uma vez mais: o risco nesse tipo de investimento é elevado e isso na prática significa que oscilações fortes (ou até mesmo zerar o valor) são coisas que estão dentro das possibilidades. Estar ciente disso é muito importante antes de tomar qualquer decisão em relação a esse tipo de investimento.
Diversifique, estude e fique de olho no mercado!
Quando falamos de diversificação e perfis de investidor, é preciso sempre provocar a reflexão sobre quais seus objetivos em relação ao seu capital investido. Poupança hoje é consumo futuro, então saber para onde vai esse dinheiro e quando ele será usado são questões primordiais para serem respondidas para entender qual o perfil do investidor e quais os ativos que serão usados para compor a carteira.
Além disso, é super indicado estudar e aprender sobre os ativos que estão compondo a sua carteira de investimentos e acompanhar o mercado. Para onde estão indo os juros? Subindo, descendo? Saber responder essas perguntas lhe ajudarão e muito na hora de fazer uma carteira de investimentos diversificada e de acordo com o seu perfil.
Por isso insistimos tanto em disseminar conhecimento aqui no Blog da Bitso, para que você conheça todos os ativos financeiros, entenda como combiná-los, adicionando as criptomoedas dentro desse universo.
Investir e diversificar com conhecimento podem ser aliados poderosos para um futuro mais próspero! Conte com a Bitso nessa jornada.