Hedge Cambial é uma proteção adquirida por alguém que sabe que a oscilação de preços entre moedas pode afetar o seu patrimônio ou os seus negócios. Isso porque a taxa de câmbio é um indicador que pode trazer muita dor de cabeça para quem compra ou vende para fora do Brasil ou mesmo quem tem investimentos cotados em apenas uma moeda fiduciária.
Em um mundo cada vez mais integrado, no qual pessoas se movimentam entre países e em que as empresas são internacionais, a oscilação da cotação entre moedas provoca um impacto direto sobre a riqueza de uma pessoa ou de um país.
Neste artigo, vamos falar um pouco mais sobre o que é hedge cambial, os tipos e ferramentas para calcular um hedge cambial, vantagens e desvantagens e muito mais. Então continue lendo esse artigo para aprender mais sobre o assunto. Vamos lá!
O que é hedge cambial?
Hedge cambial é uma ferramenta existente no mercado financeiro para proteger algum bem ou direito da oscilação entre moedas. Fazer um hedge pode tanto proteger patrimônio, como por exemplo uma carteira de investimentos, quanto proteger empresas ou negócios, quando estes compram e vendem com outros países.
Apesar de hoje em dia já existirem operações bastante complexas envolvendo hedge, o surgimento deste tipo de operação foi bastante específico e simples de entender.
Em meio às colheitas de grãos e outros alimentos, os produtores agrícolas em meados do século XIX temiam a oscilação de preços, pois isso poderia significar uma grande perda financeira no momento de vender a sua mercadoria.
Por isso, surgiram ali no agro contratos de hedge que permitiam a trava do preço na hora da venda — transação esta que ocorria no mercado de balcão na Bolsa de Chicago. Caso o preço da sua produção caísse de forma significativa, o agricultor ainda assim conseguiria vender pelo valor combinado meses antes.
Foi uma verdadeira revolução no campo. Aos poucos, essa possibilidade de ‘seguro’ contra grandes oscilações de preço foi disseminada no mercado financeiro.
O que é hedge em criptomoedas?
A lógica do hedge se mantém a mesma quando o assunto são as criptomoedas. O objetivo segue sendo a mitigação dos riscos de perdas e a moderação da exposição do investidor à volatilidade do mercado cripto.
A operação faz sentido, sobretudo, se o objetivo é manter os investimentos na moeda digital no longo prazo. Vamos usar o exemplo do Bitcoin, a maior e mais popular criptomoeda do mercado, para te ajudar a visualizar algumas situações.
Suponhamos que você tenha uma quantidade investida em Bitcoin, e que seu objetivo seja manter os investimentos pelos próximos anos.
Nesse período, é natural que o mercado oscile e que a moeda perca valor em relação ao preço de compra. Para se proteger de perdas decorrentes dessa movimentação, você pode fazer um hedge e compensar as perdas, ou ao menos minimizar as chances de prejuízo.
Na prática: como funciona o hedge cambial?
A lógica por trás de uma operação de hedge cambial é que o ganho em uma ponta é balanceado pela perda em outra ponta.
Isso significa que, se alguém está esperando que o dólar se valorize, pode comprar um contrato futuro no qual adquire o dólar pelo preço que está vigorando atualmente. Se isso se confirmar, reembolsará a diferença. Na outra ponta, está uma pessoa que pensa o inverso, ou seja, que o dólar vai se desvalorizar nesse mesmo período.
Um ponto é fundamental e não deve ser esquecido: quem faz um hedge cambial está interessado em não sofrer com oscilações da taxa de câmbio. Esse objetivo é diferente do tradicional mundo dos investimentos de renda fixa e variável, nos quais o desejo dos investidores é aumentar o seu patrimônio ao longo do tempo.
Como fazer hedge cambial com criptomoedas?
Mais uma vez, a lógica da operação no mercado cripto acompanha a do mercado de investimentos convencional.
O primeiro passo para executar um hedge com criptomoedas é observar o mercado e constatar a existência da tendência à volatilidade.
A partir daí, você executa o hedge e, de forma resumida, coloca uma posição que funciona na direção oposta da operação principal. Basicamente, ao executar a operação, você procura obter algum lucro do comércio secundário quando o comércio principal começa a oscilar.
Antes de seguir em frente, separe alguns minutos para aprender um pouco mais sobre a volatilidade das criptomoedas e como manter seus investimentos em um mercado em constante oscilação:
3 vantagens do hedge cambial
Cada vez mais pessoas optam por fazer hedge e, assim, não ter surpresas em caso de valorização ou desvalorização da moeda nacional perante o dólar. E esse aumento do interesse acontece em razão das vantagens desse tipo de estratégia. As 3 principais são:
1- Evitar perdas com a oscilação da taxa de câmbio
Desde empresas que tenham dívida cotada em dólar até um estudante que planeja fazer um curso fora do país de origem, o uso do hedge previne surpresas e perdas financeiras em caso de desvalorização da moeda nacional em comparação com o dólar (ou outra moeda forte, como euro ou libra, por exemplo).
2- Maior previsibilidade
Como a oscilação da taxa de câmbio deixa de ser um fator de risco, fazer um hedge gera maior previsibilidade para quem opta por esse caminho. E isso gera ganhos do ponto de vista financeiro, de planejamento (pessoal ou empresarial) e, no final, gera mais tranquilidade para focar no que se sabe fazer.
3- Diversificação no portfólio de ativos
Para quem fica de olho na rentabilidade da carteira, ter ativos cotados em dólar é uma ótima forma de diversificação e, por que não, de hedge. Um portfólio de investimentos que rendeu 10% ao ano em uma moeda que se desvalorizou 15% em relação ao dólar na verdade caiu de valor do ponto de vista global. É aquela história: quanto mais sua moeda desvaloriza, mais pobre em relação ao mundo você fica.
3 desvantagens do hedge cambial
Mas como nem tudo tem apenas pontos positivos, há alguns pontos de atenção na realização do hedge cambial. A seguir, apresentamos os 3 principais.
1- Custo da Operação
Seja qual for o tipo de hedge realizado, sempre há custos para fazê-lo. No fim, essa despesa pode ser equiparada ao valor pago para obter um seguro, como o residencial ou de um imóvel. Caso a taxa de câmbio vá para um patamar muito diferente do esperado, você recebe um valor ‘compensatório’, semelhante ao que ocorre no pagamento do sinistro de um seguro, portanto.
2- Potencial redução na rentabilidade da carteira ou da transação
Nos exemplos fornecidos, a moeda nacional está se desvalorizando em relação ao dólar, e, para esses casos, um hedge previne perdas financeiras. Mas o caso inverso – a valorização da moeda local – faz com que o hedge se torne um peso negativo no resultado final.
Em situações assim, se essa pessoa não tivesse feito o hedge, poderia ter ganhado mais dinheiro no final. Mas isso tem muito mais a ver com o perfil de risco de cada um, sendo indicado o hedge caso a pessoa não queira ou não tenha instrumentos para avaliar a cotação futura das moedas.
3- Menor Liquidez dos Contratos de Balcão
Como a grande maioria das operações de hedge ocorrem no mercado de balcão, a possibilidade de venda posterior de um negócio firmado não é tão simples. Em outras palavras, a liquidez de um contrato de hedge é pequena, e isso pode se tornar uma dor de cabeça no caso de precisar transformar esse ativo em dinheiro rapidamente.
Como calcular o hedge cambial?
Para entender como calcular o hedge cambial, um exemplo simples vai mostrar o caminho.
Imagine o caso de um grande exportador que vende grãos de soja. Ele usa como referência o preço em dólar, tendo em vista que a soja é uma commodity agrícola conhecida no mundo todo. O produtor terá um custo aproximado de R$500 mil para produzir nos seus hectares (as despesas são locais, portanto, em reais) e vai vender sua produção daqui 3 meses.
Vamos supor que o agricultor espera ganhar US$100 mil na venda, e que a taxa de câmbio esteja em R$5,30. Nesse caso, o ganho esperado nesta safra é de R$30 mil, considerando a receita estimada em R$530 mil. Caso a taxa de câmbio recue para baixo de R$5, ele pode até amargar um prejuízo no negócio!
E é aí que entra o benefício trazido pelos instrumentos de hedge. Esse produtor pode comprar um contrato futuro que permita que ele venda dólares por R$5,30 (preço atual). Caso o valor ultrapasse R$5,30, o produtor ganha dinheiro na venda dos grãos, mas perde na operação de hedge.
Se cair para baixo de R$5,00 (o seu antigo maior medo), haverá uma perda financeira quando entregar a mercadoria ao comprador, mas ele ainda ganha um dinheirinho considerável porque pode pegar os US$100 mil recebidos e vender por R$5,30 no contrato de hedge.
Agora que você conhece os benefícios e os pontos de atenção da operação de hedge cambial, é hora de entender de que maneiras a movimentação de proteção dos investimentos funciona.
3 tipos de hedge cambial
Hoje em dia, existem algumas maneiras de fazer hedge cambial. Para te ajudar a entender as possibilidades, apresentamos 3 delas na sequência.
1- Contrato Futuro
Um contrato financeiro no qual está delimitado um preço para a compra futura de uma certa quantidade de moeda. Importadores, produtores rurais e grandes empresas utilizam os contratos futuros com frequência para reduzir o risco cambial.
2- Fundo Cambial
Um fundo de investimento que compra ativos lastreados ao dólar ou euro. Caso uma dessas moedas se valorize, quem investiu ganha uma graninha. Pessoas físicas costumam usar os fundos cambiais para se proteger de desvalorizações da moeda local e, assim, manterem o seu planejamento para algum objetivo, como viajar ou estudar fora.
Stablecoins
As stablecoins – como o Tether, por exemplo – são tokens pareados ao dólar ou outra moeda fiduciária ou commodity. Uma das suas vantagens do hedge cambial com criptomoedas é que esse lastro permite uma proteção à carteira, que, no final das contas, não deixa de ser um tipo de hedge. É uma alternativa às formas tradicionais de fazer hedge, como fundo cambial ou mesmo da compra da moeda física.
Estratégias para fazer hedge cambial
Existem algumas estratégias que podem ser executadas para fazer hedge cambial com mais segurança e informação.
A primeira é de um importador que quer fixar o valor de venda dos produtos que traz do exterior. Nesse caso, um contrato futuro que fixa a cotação do dólar próxima à data que ele irá realizar o pagamento pelo carregamento de produtos é uma ótima alternativa para reduzir o risco da operação.
Outro exemplo é de um estudante brasileiro que vai fazer intercâmbio. Haverá todo um esforço para economizar dinheiro antes de embarcar para esse sonho, mas não basta juntar em reais. Caso haja uma grande desvalorização na taxa de câmbio, o planejamento pode ir por água abaixo, pois todo o dinheiro guardado vai comprar menos dólares e isso pode comprometer o que se planejou fazer no outro país. Por isso, ter uma parte dessas reservas em um fundo cambial ou ter stablecoins na carteira são ótimas opções de reduzir esse risco.
Por fim, possuir ativos lastreados em dólar ou euro é uma ótima forma de diversificar a carteira e uma opção de hedge mesmo para quem tem pouca grana para aplicar no momento. Se antes investir fora do país parecia uma coisa distante e para quem tinha muito dinheiro, hoje já é muito mais acessível, seguro e desburocratizado.
No fim, vale a pena fazer Hedge?
O Hedge gera um custo, mas, por outro lado, dá mais segurança contra oscilações na taxa de câmbio. A resposta para a pergunta deste último tópico passa, portanto, pelo perfil de risco e pela forma como cada pessoa vê cenários econômicos e políticos.
Assim, se a percepção de risco é muito alta e isso pode provocar impactos na cotação da moeda contra o dólar, a montagem de uma estratégia usando hedge pode ser uma ótima pedida. O instrumento utilizado ou o montante aplicado depende de cada situação, mas não afeta o resultado final: o de servir como um seguro contra oscilações da taxa de câmbio.
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