Saber o que é lastro financeiro é uma maneira de melhorar sua atuação e as tomadas de decisão nesse mercado, incluindo processos de compra e venda de criptomoedas.
Isso acontece porque o lastro financeiro é a garantia implícita de um ativo. Uma explicação ainda muito superficial? Sem problemas! Mostraremos o significado de uma forma mais simples!
O propósito é dar a uma moeda, título, ou qualquer outra ordem monetária, um valor real. Isso quer dizer que, na prática, ele concede a itens representativos uma base de valorização verdadeira.
No mercado financeiro, esse conceito funciona mais ou mesmo assim: imagine que você tem uma plantação de laranjas e pretende vender todas assim que possível. Já existem vários compradores interessados, mesmo que ainda não seja época de colheita.
Mesmo sem as frutas nas mãos, você as vende. Para oficializar isso, gera alguns papéis que indicam a cada pessoa que comprou quantas laranjas terá direito após a colheita. Esses papéis, por sua vez, passam a ser títulos, e as laranjas que ainda serão colhidas são os lastros.
Isso quer dizer que, mesmo que o título seja apenas representativo, ele tem um valor determinado e real, garantido pela fruta em questão. Afinal, se alguém quiser trocar esse papel pela fruta, é só ir lá no pomar e retirar as laranjas que lhe pertencem!
Interessante, não acha? Se ainda precisa de mais explicações sobre o que é lastro financeiro para entender melhor esse conceito, não se preocupe. Continue a leitura deste artigo e confira todos os detalhes sobre o tema, incluindo a relação com as criptomoedas!
O que é lastro financeiro?
O lastro financeiro consiste na garantia implícita de valor — ou seja, subentendida —, de um determinado ativo. No caso das moedas fiduciárias, por exemplo, o lastro é essencial para determinar o valor do dinheiro nativo de um país e, para essa definição, tem como base as riquezas da nação.
Isso também quer dizer que um governo só pode determinar a geração (impressão) de mais dinheiro para seu país se esse tiver uma garantia, que é a produção de riquezas compatível com a nova demanda.
Quando moedas são geradas sem essa certeza de retorno, elas perdem seu valor rapidamente. Essa condição, por sua vez, faz com que tudo o que foi impresso não gere o impacto positivo e esperado na economia do país, levando ao aumento da inflação.
Outra forma de entender o que é lastro financeiro é observando os sinônimos da primeira palavra que forma esse termo: embasamento, alicerce, base e fundamento.
Ainda, pode-se dizer que se trata do embasamento monetário de um item, bem ou ativo, que serve para definir seu valor financeiro e, com isso, balizar as transações monetárias.
Dica de ouro — e nem é lastro! Assista a este vídeo e confira se existe (ou não) lastro de Bitcoin!
Como surgiu o lastro financeiro?
Não basta saber o que significa lastro financeiro. Para esse entendimento ficar realmente completo, e bem mais interessante, é importante conhecer como esse conceito surgiu, concorda? Vamos lá!
O fortalecimento da ideia de dar uma garantia física a um ativo sem valor evidente, claro ou visível, intensificou-se no final da Idade Média. O motivo é que, naquele período, as negociações entre pessoas se tornaram mais intensas, sendo que o escambo, método até então utilizado, já não era mais tão eficiente.
Se, antes, as transações comerciais eram baseadas na troca de mercadorias, após um tempo, tornou-se necessário criar outros meios, a exemplo de títulos e moedas. E, para que esses tivessem algum valor monetário, foi preciso atrelá-los a algo já existente com valorização conhecida por todos.
A princípio, as moedas usadas nas negociações eram feitas com ouro ou prata. Por conta disso, eram lastreadas por elas mesmas. Entretanto, esse recurso foi se tornando pouco prático no dia a dia, surgindo então a ideia de substituí-los por alguma coisa que tivesse o mesmo valor e fosse mais funcional.
Eis que, assim, surge o lastro, dando a todos a certeza que um título, nota ou moeda valia proporcionalmente o mesmo que o ouro, a prata ou qualquer outro metal ou bem atribuído a eles.
Como no exemplo das laranjas que demos logo na abertura deste artigo, caso alguém quisesse trocar esse ‘dinheiro’ por ouro, isso era totalmente possível.
Aproveite e leia também: “Quais são as causas da inflação e suas consequências no mercado?“
Como funciona o lastro financeiro atualmente?
Atualmente, os países não lastreiam mais suas moedas com base em metais. Agora, as moedas fiduciárias têm suas garantias atreladas aos seus órgãos reguladores, que têm o poder de garantir o valor monetário do dinheiro de seus países, utilizando-se de leis, normas, políticas e reservas bancárias.
Somado a isso, é importante relembrarmos um ponto que citamos logo no início deste artigo: para um governo determinar a impressão de mais moeda, a garantia deve ser a produção de riquezas que essa nova emissão pode gerar para a nação.
Na prática, isso quer dizer que o próprio crescimento econômico do país será seu lastro.
Um país que emite desenfreadamente novas unidades de sua moeda e não mostra comprometimento com o crescimento ou mesmo com a redução dos gastos da máquina pública fatalmente terá – em um prazo curto de tempo – um problema grave de inflação.
Explicando de maneira mais simples, isso significa que, se um governo considerar que o país precisa de mais dinheiro em circulação, o resultado dessa estratégia deve ser compatível com o patrimônio total gerado para o local.
Do contrário, a moeda fiduciária perde sua força e valorização, prejudicando a economia por conta de um processo inflacionário.
Até aqui, o que significa lastro financeiro: check. Como ele surgiu: check. Como o conceito é aplicado hoje em dia: check. Finalmente, é hora de entender a importância do conceito no mercado, concorda?
Outra dica de leitura bem interessante para você: “Criptomoedas como proteção contra inflação: uma possibilidade real!“
Qual a importância do lastro financeiro?
O lastro é importante para definir o valor e o poder monetário de um país. Porém, ele também é essencial para a realização de títulos do mercado financeiro. Sem o lastro, é praticamente impossível garantir o valor de um ativo que está sendo negociado.
Por conta disso, a prática é aplicada em vários tipos de investimento, por exemplo:
- LCI, Letras de Crédito Imobiliário: elas têm como lastro as operações financeiras do setor de imóveis;
- LCA, Letras de Crédito do Agronegócio: são lastreadas nas operações financeiras desse segmento;
- Ações: o lastro é a empresa originária desse ativo.
E criptomoeda, tem lastro?
Em linhas gerais, não. Via de regra, as criptomoedas não têm lastro em decorrência de sua própria estrutura descentralizada e sem a intermediação de qualquer governo. Por conta dessas características, não há como uma entidade ou nação oferecer algo como garantia do seu valor.
Dessa forma, a precificação e a valorização das criptos tem como principal base a oferta e a demanda.
Mas, atenção! Existem as chamadas stablecoins, que são tokens e criptomoedas cujos valores são equiparados a uma moeda fiduciária, tal como o dólar.
Em alguns casos, as moedas estáveis têm, sim, um lastro como depósito de moedas fiduciárias em contas bancárias específicas ou, então, estão lastreadas em algum outro ativo que seja precificado na mesma quantidade de tokens emitidos.
Um bom exemplo é a Tether (USDT), lastreada em 1:1 ao dólar — ou seja, 1 unidade de USDT vale US$ 1.
E aí, gostou de descobrir o que é lastro financeiro? Quer saber mais sobre stablecoins, criptomoedas, mercado financeiro e temas afins? Então, aproveite que está aqui, no blog da Bitso, e confira outros artigos, tais como: